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Eleições: FRELIMO dá nota positiva, MDM quer repetição e RENAMO quer negociações para saída do impasse

António Cascais23 de outubro de 2014

Enquanto o apuramento dos resultados prossegue, o nervosismo aumenta. Cada um dos três principais partidos reage à sua maneira. A população também começa a sair à rua, em tom de protesto contra supostas irregularidades.

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Wahlen in Mosambik
Foto: DW/A. Cascais

Em Moçambique, os resultados das eleições, continuam a ser divulgados. A Comissão Nacional de Eleições (CNE) concluiu esta quinta-feira (23.10) o apuramento em todas as 11 províncias, mas ainda não foram divulgados dados oficiais. A lei prevê que o resultado oficial, a nível nacional, seja apresentado - o mais tardar - 15 dias depois do dia das eleições, portanto no final do corrente mês de outubro.

População sai às ruas na província de Manica

Na cidade de Chimoio, capital da província de Manica, simpatizantes da RENAMO manifestaram-se, hoje à tarde (23.10), mostrando o seu agrado pela vitória tangencial de Afonso Dhlakama na província, mas também algum desagrado pelas irregularidades que terão beneficiado o candidato da FRELIMO, "aqui e acolá". Nesta província do interior o candidato da RENAMO, Afonso Dhlakama terá ficado à frente do candidato da FRELIMO, Filipe Nyusi. Dhlakama terá, nomeadamente, conquistado 48,33 por cento dos votos, Nyusi 47,91 por cento. E é essa vitória que os populares quiseram festejar. Ao mesmo tempo queriam manifestar-se contra alegados casos de favorecimento do candidato do partido no poder. Sem irregularidades a vitória da RENAMO, na cidade de Chimoio teria sido maior ainda, afirmam.

A polícia regular e a Força de Intervenção Rápida (FIR), acorreram ao local da manifestação, alegadamente para repôr a ordem. No entanto, não há registo de ocorrência de actos de grande violência. O comandante da Polícia na cidade de Chimoio afirmou que os seus homens tiveram que "repôr a ordem". A polícia apelou à população no sentido de se evitar a violência e destruição de bens e pessoas: "Isso estaremos a proibir uma vez para sempre!"

A situação está, pois, longe de estar calma, sobretudo no centro e no norte do país, agora que surgem cada vez mais resultados e também relatos de irregularidades.

Apuramento Provincial dá vitória à FRELIMO e ao candidato Nyusi

Stadt Chimoio
A cidade de Chimoio, capital da província de Manica, foi palco de manifestações de simpatizantes da RENAMOFoto: DW/Johannes Beck

Falando de resultados: segundo os dados hoje (23.10) divulgados, a Frelimo e o seu candidato presidencial, Filipe Nyusi, terão vencido as eleições gerais moçambicanas. Os últimos números disponíveis rezam que 57 por cento dos eleitores moçambicanos terão escolhido o candidato da FRELIMO como futuro presidente do país. O candidato da RENAMO, Afonso Dhlakama, terá conquistado 36 por cento dos votos, enquanto que o candidato do MDM recolheu 6 por cento.

Quanto à composição da futura Assembleia da República, a FRELIMO vai ter o maior grupo parlamentar: cerca de 140 assentos, o que corresponde a 57 por cento dos votos. A RENAMO terá 89 assentos, o que corresponde a 34 por cento dos votos. E o MDM terá apenas 19 assentos o que corresponde a 9 por cento dos votos.

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MDM: As eleições defraudaram os moçambicanos e devem ser repetidas

O porta-voz do Movimento Democrático de Moçambique, MDM, Sande Carmona, em conversa hoje à tarde (23.10) com a DW-África, voltou a afirmar que "estas eleições não refletem a vontade expressa pelo povo nas urnas, no dia 15 de outubro. Estas eleições apenas defraudaram mais uma vez as expetativas e o futuro do povo moçambicano."

Sande Carmona recorda que o partido MDM ainda está a estudar a melhor maneira de saír deste impasse. Por isso afirma a título pessoal: "Essas eleições por mim - Sande Carmona - deveriam ser anuladas. Devia-se formar um governo de transição em Moçambique para que não haja candidatos privilegiados."

Um olhar mais profundo para as diferentes províncias evidencia diferenças bastante grandes entre o norte, o centro e o sul do país: no sul, Nyusi ganhou com uma larga vantagem sobre os concorrrentes. No norte, mais precisamente em Nampula, o maior círculo eleitoral do país, Dhlakama ganhou as presidenciais, mas o partido RENAMO terá perdido nas parlamentares.

Os processos de contagem nas províncias do Centro e Norte do país, sobretudo em Sofala e na Zambézia, têm sido marcados por suspeitas de irregularidades, após a chefe de operações do STAE (Secretariado Técnico de Administração Eleitoral) na cidade da Beira ter sido detida por suspeita e falsificação de editais e de, na Zambézia, terem desaparecido dados dos apuramentos em pelo menos 13 mesas, correspondentes a 10,4 mil eleitores.

Jose Domingos Manuel MDM
Muitos militantes do MDM não acreditam nos números divulgados pela CNE. Por isso exigem a anulação das eleições. Na foto: José Domingos Manuel, dirigente do MDM, ao lado de um cartaz de Daviz SimangoFoto: DW/A. Cascais

RENAMO: Queremos negociar como saír desta crise de roubalheira

O porta-voz da RENAMO, António Muchanga, também falou, esta tarde com a DW-África e fez o seguinte comentário: "Os números que estão a ser divulgados são resultados da contagem vergonhosa que já denunciamos em conferência de imprensa. Em Cabo Delgado há distritos em que o número de votos supera o número de pessas inscritas. Em Gaza há distritos onde a votação é de 99 por cento. Eles fizeram enchimentos, ultrapassaram a medida, faltou-lhes inteligência!"

Para o porta-voz da RENAMO a solução agora é negociar com a FRELIMO. Só em conjunto se poderá sair do impasse: "Nós já nos disponibilizámos para um diálogo sério com o governo para discutirmos sobre o melhor caminho para a saída desta crise de roubalheiras."

Os resultados - recorde-se - ainda não são oficiais. Nas palavras do porta-voz da FRELIMO, Damião José, o partido no poder aguarda "serenamente" o anúncio oficial dos resultados.

António Muchanga
António Muchanga, porta-voz da RANAMO, quer negociar com a FRELIMOFoto: DW/Romeu da Silva

FRELIMO: Não vemos razão para contestar estas eleições

Como reage a FRELIMO ao facto dos dois maiores partidos da oposição terem exigido a repetição das eleições ou negociações sobre a saída do impasse? Damião José responde: "As posições desses dois partidos da oposição revelam falta de coerência, porque na altura em que o pacote eleitoral foi submetido à Assembleia da República, os três maiores partidos - a FRELIMO, a RENAMO e o MDM - aprovaram esse pacote eleitoral. E as eleições decorreram segundo os princípios democráticos constantes nesse pacote eleitoral."

Segundo o porta-voz, a FRELIMO não vê "nenhuma razão para contestação dos resultados que estão sendo anunciados pela Comissão Nacional de Eleições."

Wahlen Mosambik Filipe Nyusi auf einem Plakat
A FRELIMO diz que não há razão para pôr em causa todo o processo. Na foto: cartaz do candidato Filipe NyusiFoto: Getty Images/AFP/ Gianluigi Guercia
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