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Eleitores punem extrema direita na Ucrânia

Halyna Stadnyk (av)30 de outubro de 2014

Depois da vitória eleitoral dois anos atrás, poucos nacionalistas ocuparão assentos no novo Parlamento em Kiev. Segundo analistas, ucranianos perceberam que radicalismo não é uma política construtiva para o país.

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Líder do Svoboda, Oleg Tyagnibok: poucos motivos para sorrirFoto: Reuters

Para muitos é uma surpresa o partido ucraniano de extrema direita Svoboda (Liberdade) não ter alcançado o mínimo de 5% dos votos nas eleições de domingo (26/10), que lhes garantiria assentos no Parlamento. No último pleito legislativo, em 2012, a legenda teve mais de 10% dos votos. De 37 deputados, ela passa agora a contar com apenas seis, com mandatos diretos.

O fracasso do Svoboda se faz sentir em especial no oeste da Ucrânia – até então seu maior eleitorado. Em todas as províncias, os resultados foram baixos. Na região de Lviv, por exemplo, nenhum candidato dos nacionalistas conseguiu se eleger.

Crítica ao irracionalismo

Os moradores da cidade não escondem sua decepção com o partido. "Lamento ter votado antes nessa gente. No Parlamento, eles só gritavam e brigavam. Digo mais: eles não sabem fazer, e não aprenderam nada de novo", comenta o empresário Orest, em tom de indignação.

Para a maioria em Lviv, o Svoboda "passou vergonha". "Eles se comportaram sem nenhuma compostura. Isso só foi bom para as fotos da mídia russa. Sem falar no abismo entre as palavras e os atos deles", diz a pensionista Slava.

Dois anos atrás, ela também votou na extrema direita. "Mas muitas vezes eles eram agressivos. Nós precisamos de tolerância. Não se pode ser tão irracionalmente radical, ainda mais na questão do idioma", enfatiza a aposentada. A facção exigia que fosse anulada a lei que permite ao russo ter status de língua regional em certas áreas da Ucrânia.

Mudança de clima político

Segundo a cientista política Oksana Dashchakivska, há diversos motivos para o fiasco do Svoboda nas últimas eleições. Acima de tudo, a tendência entre o eleitorado passou de radical a moderada, também no oeste do país. E os nacionalistas tampouco se destacaram positivamente por sua atuação no Parlamento.

"Nos protestos da Maidan [Praça da Independência] em Kiev, o partido ficou mais na sombra", diz a especialista.

Ela lembra que, além disso, o partido não passou no teste de participar do poder. Em Kiev, só esteve por um tempo breve no Executivo, mas na cidade de Lviv integrou o governo durante mais tempo e "não fez nada por lá". Para os eleitores, conclui Dashchakivska, ficou claro que o radicalismo não é uma política construtiva.

O cientista político Gennadiy Shipunov estima que atualmente, de fato, apenas cerca de 5% dos ucranianos simpatizam com a ideologia nacionalista do Svoboda. Os resultados bem melhores na eleição legislativa de 2012 se deveram ao quadro político da época.

Com seu voto para os extremistas, muitos queriam castigar o autoritário regime do Partido das Regiões do então presidente Viktor Yanukovytch.

Escândalos em vez de confiança

O cientista político está também convencido de que o Svoboda não preencheu as expectativas de seus seguidores: "As pessoas querem ver resultados concretos, mas não houve." Elas igualmente esperavam maior honestidade por parte dos nacionalistas que, em vez disso, atraíram antes a atenção com escândalos.

Um deles foi o da deputada Iryna Farion, que tentou esconder seu passado comunista. A política Iryna Sech também prejudicou a legenda: depois de ser eleita governadora da região de Lviv, recusou-se a entregar o mandato de deputada, como exige a lei.

"Dois anos atrás, o partido ainda tinha a vantagem do voto de confiança do eleitorado. Porém depois de todos os escândalos, os eleitores lhes deram a nota 'insuficiente'", avalia Gennadiy Shipunov.