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Egípcios aprovam nova Constituição por ampla maioria, diz governo

17 de janeiro de 2014

Referendo é tido como teste de popularidade para militares e pode abrir caminho para candidatura à presidência do general Abdel Fattah al-Sisi, atual homem forte do país. EUA se dizem preocupados com repressão política.

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Sisi durante votação: general prepara caminho à presidênciaFoto: picture-alliance/dpa

A nova Constituição do Egito foi aprovada por pelo menos 90% dos eleitores, de acordo com as projeções iniciais divulgadas na noite desta quinta-feira (16/01). O resultado oficial do referendo é esperado para este sábado.

A aprovação por ampla maioria deixa o caminho livre para a candidatura à presidência do atual homem forte do país, general Abdel Fattah al-Sisi, que acumula os cargos de ministro da Defesa e vice-primeiro-ministro. Ele havia afirmado pretender se candidatar, caso "o povo assim o queira". O pleito era considerado um teste para a popularidade do general.

O referendo é parte de um plano de transição esboçado pelo governo transitório, empossado pelos militares depois do golpe de Estado que destituiu o presidente Mohamed Morsi, em julho passado.

Em comunicado, o presidente interino, Adli Mansur, afirmou que o referendo prepara o caminho para eleições parlamentares e presidenciais e possibilita o retorno à normalidade política. Já os seguidores do presidente deposto, que haviam convocado um boicote ao referendo, voltaram a acusar a votação de ser uma farsa e prometeram mais protestos.

O resultado também parece refletir os anseios dos cidadãos pela recuperação da estabilidade depois de quase três anos de violentos distúrbios que paralisaram a economia e deixaram muitos na pobreza.

Ägyptens Verfassungsreferendum
Contagem de votos começa após fechamento das urnasFoto: Reuters

Mortes e prisões em protestos

Um funcionário do Ministério do Interior disse que a participação aparentemente superou 50%, na primeira votação no Egito desde a queda de Morsi. O governo considera importante que o comparecimento dessas eleições supere o do último referendo constitucional, durante a gestão de Morsi, em 2012, do qual 33% dos 53 milhões de eleitores registrados participaram.

Após a queda de Morsi, os militares agiram com toda a força contra os partidários do chefe de Estado deposto. Mais de mil pessoas foram mortas e milhares foram presas. As autoridades prenderam os líderes islâmicos do país e, nas últimas semanas, também encarceraram ativistas laicos, incluindo figuras proeminentes da revolta de 2011, contra o então presidente Hosni Mubarak.

Um estudante foi morto no Cairo nesta quinta-feira em protestos contra o referendo. Na terça-feira, nove pessoas foram mortas durante manifestações de apoio a Morsi. Em todo país, houve mais de 450 prisões por "perturbação de atividades eleitorais".

Morsi e outros líderes políticos da Irmandade Muçulmana estão sendo julgados, acusados de incitar a violência e de conspirar com grupos militantes estrangeiros.

EUA preocupados com prisões

O secretário de Estado dos EUA, John Kerry, disse na quarta-feira ter esperança em um processo claro e transparente, "que dê confiança ao povo do Egito". O Congresso dos EUA deve votar nesta sexta-feira a liberação do equivalente a cerca de 1,1 bilhão de euros de ajudas ao Egito atualmente congeladas.

Mas Washington condiciona a liberação dos recursos a uma "série de fatores", ressaltou a porta-voz do Departamento de Estado, Jen Psaki. Ela acrescentou que o governo de transição deve proteger, entre outros, os direitos de seus adversários políticos. Psaki disse que os Estados Unidos estão "profundamente preocupados" com os relatos de prisões politicamente motivadas de ativistas, manifestantes pacíficos e jornalistas.

O novo projeto de Constituição, embora baseado em grande parte no texto adotado em dezembro de 2012, que trazia a forte influência islâmica da Irmandade Muçulmana, foi reformulado por representantes do governo de transição e por personalidades públicas. Ele contém avanços nos direitos civis e das mulheres, mas também reforça a posição especial e a influência política dos militares egípcios.

MD/afp/rtr