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Começa a 2ª Guerra

Na madrugada deste dia, foram disparados os primeiros tiros de uma guerra que acabaria com a derrota da Alemanha nazista de Hitler pelas forças aliadas no ano de 1945. Nº 20 da série "Os Europeus".

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Hitler na Polônia em 1939Foto: picture-alliance / dpa

Depois do incêndio do Reichstag, em fins de fevereiro de 1933, os deputados passaram a se reunir nas instalações da casa de ópera Krolloper, em Berlim. Seis anos após a tomada de poder pelo NSDAP (Partido Nacional-Socialista Alemão dos Trabalhadores) e seu "Führer" Adolf Hitler (1898-1945), esses parlamentares só vinham aceitando, submissos, as leis definidas pelo governo, sem qualquer autonomia para decisões próprias.

Todos os deputados eram membros do NSDAP. E todos os outros partidos políticos estavam proibidos, seus líderes haviam sido assassinados, presos, exilados ou silenciados de alguma outra forma. Naquele 1° de setembro de 1939, reinava uma atmosfera de tranquilidade antes do início da sessão parlamentar.

Emissora Gleiwitz

Por volta das 10 horas da manhã, Hitler tomou a palavra, afirmando que o Exército polonês teria invadido o território alemão "com soldados comuns", abrindo fogo. "Desde 5h45", afirmava o líder nazista, a Alemanha estaria atirando de volta, "revidando bombas com bombas". Mal ele acabou de pronunciar estas palavras, os parlamentares pularam de suas cadeiras aos gritos de "Heil Hitler".

Mais tarde, o governo nazista iria forjar um ataque de franco-atiradores poloneses à emissora de rádio alemã em Gleiwitz, nas proximidades da fronteira polonesa, creditando a esse fato a suposta razão da guerra.

Kalenderblatt Heinrich Himmler und Reinhard Heydrich
Heinrich Himmler e Reinhard Heydrich: cúpula nazistaFoto: AP

No ataque, afirmavam os nazistas, teriam sido disseminadas palavras de ordem contra os alemães e um técnico teria sido assassinado. O ataque não passava de uma encenação, tendo sido executado sob o comando de Reinhard Heydrich (1904-1942), ao qual estava subordinado o Sicherheitsdienst (serviço secreto da SS).

Enquanto o entusiasmo entre os parlamentares era grande, a população se mantinha relativamente contida. Para muitos, as lembranças da Primeira Guerra Mundial ainda estavam muito recentes na memória para qualquer espécie de júbilo em relação à notícia de um ataque à Polônia.

Guerra relâmpago

De início, as preocupações não eram justificadas, uma vez que o Exército alemão derrotou a Polônia em pouco mais de seis semanas. Em 1940, chegaria a vez da ocupação da Dinamarca e Noruega. No dia 10 de maio de 1940, as tropas alemãs atacaram os então neutros Bélgica, Holanda e Luxemburgo e a seguir também a França.

Deutsche Wehrmacht in Prag Archivbild 1939
Forças Armadas alemãs em PragaFoto: picture-alliance/dpa

No dia 21 de junho de 1940, negociadores franceses assinaram um acordo de trégua. Exatamente seis semanas e três dias após seu início, a Blitzkrieg ("guerra relâmpago") terminava no oeste da Europa. Hitler era celebrado como o "maior comandante de todos os tempos". Sua popularidade atingiu o ápice.

No mesmo ano (1941) em que a conquista da Inglaterra ("a batalha aérea pela Inglaterra") fracassava, as tropas alemãs ocupavam toda a região dos Bálcãs e se posicionavam, junto com as forças italianas (parceiras de aliança), no norte da África.

Ataque à Rússia

O Exército alemão e seus aliados pareciam invencíveis. A mesma impressão tinha-se também por ocasião do início da guerra contra a União Soviética. No dia 22 de junho de 1941, teve início a Operação Barbarossa: até meados de 1942, as tropas alemãs avançaram ininterruptamente sobre a União Soviética. A tomada de Moscou parecia apenas uma questão de tempo.

O ataque aéreo do Japão – aliado da Alemanha na guerra – à base naval norte-americana em Pearl Harbor, no dia 7 de dezembro de 1941, mudaria, contudo, a situação de forma radical. Em função do ataque a Pearl Harbor, os EUA entraram na guerra contra a Alemanha. Dentro de poucos meses, toda a economia norte-americana se voltaria para a produção bélica.

Sowjetunion Deutschland Geschichte Schlacht um Stalingrad 1943 Gefangenschaft
Batalha de Stalingrado em 1943Foto: AP

Além deste fortalecimento dos Aliados, começaram as primeiras derrotas militares da Alemanha. Em fins de janeiro de 1943, a batalha de Stalingrado terminou com uma derrota fulminante das tropas alemãs sob o comando do general Friedrich Paulus (1890-1957). Essa derrota viria a marcar uma mudança de curso na Segunda Guerra Mundial.

A partir deste momento, as tropas soviéticas estavam encurralando a Alemanha pelo leste, enquanto as forças aliadas se aproximavam pelo oeste. Em abril de 1945, Berlim encontrava-se cercada por todos os lados, sendo bombardeada pelas forças adversárias. A capitulação alemã aconteceria no dia 9 de maio de 1945.

Consequências da guerra

A Segunda Guerra Mundial atingiu diretamente cerca de 100 milhões de pessoas; 50 milhões morreram nos campos de batalha entre a África e o norte da Noruega ou em consequência da perseguição racial nos campos de concentração nazistas.

Kinder im Konzentrationslager in Auschwitz, 60 Jahre Gedenktag
Crianças prisioneiras do campo de concentração de AuschwitzFoto: dpa

Outros 50 milhões sobreviveram à guerra na condição de órfãos, desabrigados, desterrados ou inválidos. As pessoas na Europa encontravam-se traumatizadas pelos seis anos de guerra, atônitas frente às ruínas em que haviam sido transformadas suas cidades e suas localidades. Ninguém sabia como sobreviver ao dia seguinte.

Pouco depois do fim das batalhas, o continente europeu foi dividido. O leste, sob o domínio da União Soviética; o oeste, dos EUA. As "linhas de demarcação" passavam pela Alemanha e por Berlim. A Guerra Fria, que se iniciaria pouco depois entre os países socialistas do Leste Europeu e os "Estados democráticos livres", do oeste, era delimitada pela linha de fronteira entre a República Democrática Alemã (RDA) e a República Federal da Alemanha (RFA).

No final de agosto de 1961, essa separação concretizou-se literalmente através da construção do Muro de Berlim e de cercas de arame farpado dividindo Berlim e o resto da Alemanha. Uma divisão que, naquele momento, parecia que seria eterna.

Autor: Matthias von Hellfeld

Revisão: Roselaine Wandscheer