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1912: Expedição ao Polo Sul termina em tragédia

Jochen Kürten
Publicado 29 de março de 2016Última atualização 29 de março de 2021

Em 29 de março de 1912, o britânico Robert Falcon Scott escrevia as últimas palavras em seu diário: "O fim não deve demorar". Era o final trágico de uma expedição que deveria trazer glórias aos exploradores do Polo Sul.

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Foto em preto e branco de quatro homens em cenário gelado
A equipe de Scott na expedição ao Polo Sul em 1912Foto: kpa/picture-alliance

"Desde o dia 21, há ininterruptamente uma tempestade de oeste-sudoeste e sudoeste. No dia 20 ainda tínhamos combustível para preparar duas xícaras de chá para cada um e alimentos secos para dois dias. Todos os dias estávamos dispostos a marchar os 20 quilômetros até nossa base, mas diante da nossa tenda não se reconhece nada a não ser um turbilhão infernal de neve. Não acredito que possamos aguardar melhoras no tempo. Mas vamos aguentar até o fim. Estamos cada vez mais fracos e a morte não deve demorar. É uma lástima, mas não creio que ainda possa continuar escrevendo."

Foto em preto e branco de Robert Scott
Robert ScottFoto: dpa/picture alliance

Uma tragédia humana no continente gelado marcou o dia 29 de março de 1912. O autor desesperado dessas linhas, o britânico Robert Falcon Scott, morreu com dois companheiros de expedição numa pequena barraca, num deserto de gelo. Só uma frase ele ainda conseguiu rascunhar, com os dedos gelados, no diário que testemunhou seu destino:

"Pelo amor de Deus, cuidem de nossas famílias!"

Scott morreu quando retornava à base de sua expedição, dois meses depois de atingir o Polo Sul. Outra pequena tragédia já havia acontecido no dia 16 de janeiro. Ao chegar ao ponto mais meridional do planeta, a equipe – então ainda com cinco homens – tinha perdido a corrida para o norueguês Roald Amundsen (que atingira o Polo Sul em 14 de dezembro de 1911). A decepção ficou registrada no diário de Scott, no dia 18 de janeiro:

"De repente, vimos uma mancha negra! Não podia ser nada natural. Seguimos e vimos tratar-se de uma bandeira preta presa a um esqui. Próximo, um acampamento abandonado, com pegadas de pessoas e cães por todos os lados. Estava claro: os noruegueses chegaram na nossa frente. Amundsen chegou primeiro ao Polo! Depois de tudo que passamos, frio, fome, estamos enfrentando o choque por termos chegado muito tarde. Agora, temos medo de voltar!"

O fato de a equipe não conseguir retornar teve várias causas. A nevasca a poucos quilômetros da base foi apenas uma delas. A psicologia abalada por não terem sido os primeiros foi outro motivo. Mas, apesar do planejamento detalhado da expedição, Scott cometeu um erro logo no começo.

Enquanto Amundsen apostou em cães para puxar os trenós, Scott resolveu levar trenós motorizados e pôneis. Desacostumados ao clima, os cavalos logo tiveram que ser executados. Já os trenós não funcionaram no frio antártico.

Triste consolo para o grupo de Scott seria saber que, por causa da tragédia, entrou para a história. Hoje, pelas circunstâncias da morte, os britânicos têm mais carisma que o próprio pioneiro Amundsen.