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FPA - um movimento de protesto em Angola e no estrangeiro

12 de abril de 2011

Em Angola - e nas redes sociais da Internet um pouco por todo o mundo - surgiu um novo movimento de oposição ao governo de Luanda: o "FPA", sigla que significa "Futuro do Povo Angolano". De que se trata?

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Em Março deste ano um grupo de angolanos manifestou-se em Londres, protestando contra a alegada falta de liberdade na sua pátriaFoto: Huck

Os iniciadores do FPA dizem que são a "oposição angolana verdadeira" e declararam "tolerância zero" ao que classificam de "governo da mafia do Senhor José Eduardo dos Santos". Já participaram em várias ações de protesto contra o regime angolano.

Afirmam que foram eles que convocaram a manifestação de 7 de março, pela qual ninguém deu a cara, e já convocaram uma nova manifestação para 27 de maio de 2011, dia que assinala o 34º aniversário do massacre cometido em 1977 pelo MPLA de Agostinho Neto contra os elementos da denominada ala "nitista" - a oposição interna no MPLA, liderada por Nito Alves, assassinado, juntamente com dezenas de milhares de outros seus adeptos. O que está realmente por trás deste movimento envolto em algum secretismo?

Parlamentswahlen in Angola
A Unita afirma que é a maior força da oposição em Angola. Mas pelos vistos não é a únicaFoto: picture-alliance / dpa

FPA - não se sabe quem está por trás desta sigla

Os elementos do FPA insistem que não querem dar a cara. Temem ser presos. Para falar com eles é preciso ligar para diferentes números telefónicos, inclusivé no estrangeiro, onde se recebe supostos códigos secretos, através dos quais se chega, finalmente, ao suposto Presidente do FPA, supostamente de nome João Mário, de voz disfarçada, supostamente para não ser reconhecido e identificado pelos serviços de segurança: "O sistema de governação em Angola está nulo, está nulo; e então estamos a dar a conhecer o nosso programa à população angolana (…) e não só."

Porquê tanto secretismo? A constituição de Angola garante o direito à reunião, direito à manifestação, direito à formação de novos partidos políticos? "Para darmos a cara abertamente não é possível... sabendo que em Angola não existe uma política aberta, isso é real. Não é fácil(...) Em Angola o sistema não é aberto..." disse o ativista do FPA.

Rejeitam - por enquanto - concorrer a eleições, porque - dizem o sistema não está interessado num verdadeiro debate. Dizem querer um MPLA verdadeiro, revêem-se em Nito Alves (considerado marxista ou mesmo estalinista) e ao mesmo tempo dizem-se defensores duma social-democracia, inspirando-se no falecido histórico do PSD de Portugal, Francisco de Sá Carneiro.

Dizem ter uma estrutura montada a nível internacional, dispondo de representantes em Washington, Grã-Bretanha e inclusivé na Alemanha, mais precisamente na cidade de Frankfurt: "Temos a nossa estrutura montada..."

O FPA é mais conhecido entre os internautas

Em Angola, todos os jovens, sobretudo os utilizadores das redes sociais na internet, já ouviram falar do FPA. Muitos - no entanto dizem-se céticos. O rapper Dionísio Casimiro "Carbono" disse à nosso rádio que não confia no FPA, rematando que "a maior parte do pessoal do Facebook já os bloqueou."

Um analista político angolano, Pedro Santa Maria, por sua vez criticou o FPA, dizendo que são "os nossos tonton macoute", incendiários da democracia, comparando-os às milícias secretas que recorriam ao espiritismo voodoo e a métodos subversivos, ao serviço do ditador haitiano François Duvalier.

Autor: António Cascais
Revisão: Carlos Martins / António Rocha / Johannes Beck

FLASH-GALERIE Jandira Solange, 25 Jahre, Bewohnerin des Armenviertels Bairro da Cuca, Luanda in Angola
A maior riqueza de Angola é a sua juventude. E ela exige mais liberdadeFoto: DW
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