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A contribuição da Índia na luta contra o aquecimento global

25 de setembro de 2012

A Índia é uma das economias que mais crescem na Ásia e também uma das que mais contribuem na luta contra as mudanças climáticas, investindo em energia eólica e no uso de pequenos sistemas solares.

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Foto: CC/ Yodel Anecdotal

Em maio de 2009 o ciclone Aila varreu a região do delta do Ganges. Maremotos alagaram muitas ilhas e destruíram casas e plantações. 300 pessoas morreram, 200 mil foram forçados a deixar as suas casas. Tempestades não são incomuns no maior delta fluvial do mundo, mas esse ciclone surpreendeu a população, já que chegou num mês no qual isso não costuma acontecer.

Aila deixou claro por que o Delta do Ganges é um dos locais mais atingidos pelas mudanças climáticas na Ásia. Lá já é realidade o que em muitos países da Europa e América do Norte ainda é tema de conferências: eventos climáticos extremos, como tempestades, secas e inundações.

Especialistas calculam que as mudanças climáticas poderão ter consequências catastróficas para a Índia. Até o ano de 2080, as colheitas vão recuar mais de dois terços devido ao aquecimento global, calculou o economista norte-americano William Cline, do Instituto Peterson de Economia Internacional, em Washington. Nenhuma outra região do mundo está ameaçada de tantos danos, escreveu Cline no site do instituto.

Bangladesch nach dem Zyklon Aila Flash-Galerie
O ciclone Aila desalojou muitas pessoas na Índia e países vizinhosFoto: DW

A responsabilidade dos indianos pelo aquecimento global é mínima. O balanço climático do sétimo maior país do mundo, com uma população de mais de 1 bilhão de pessoas, é bom se comparado com o de EUA e China. O principal motivo é a pobreza do país. O ministro do Meio Ambiente, Jairam Ramesh, fez a seguinte comparação: "As nossas emissões de gases do efeito estufa são de sobrevivência. As emissões dos Estados Unidos são emissões de luxo".

País modelo para outros emergentes

Ainda assim, os indianos já reconheceram há muito tempo que também eles precisam ajudar na luta contra as mudanças climáticas caso não queiram ser vítimas delas. Eles são particularmente ativos no campo das energias renováveis, diz o ativista Martin Kaiser, especialista em política climática internacional do Greenpeace na Alemanha.

Segundo ele, a Índia percebeu cedo que esse é um mercado com grande potencial para a sua própria economia. "Isso é muito bom", comenta Kaiser. "Quando uma economia emergente investe nesse tipo de tecnologia e colabora para a sua difusão, isso é muito mais confiável do que se forem os grandes países industrializados querendo ganhar dinheiro com isso. Nesse sentido a Índia é um exemplo para outros países em desenvolvimento."

A Índia tem uma capacidade instalada de energia eólica de mais de 15 mil megawatts. Isso faz com que ela seja o quinto país que mais produz energia eólica. Especialistas estimam que, em 2030, cerca de 15% da energia indiana tenha origem no vento.

Windpark am Kap Comorin in Tamil Nadu
Indianos estão avançados no uso de energia eólicaFoto: GTZ / Jörg Böthling

O país também se esforça para evitar os erros dos países industrializados em relação ao consumo de energia pelas indústrias. Na Índia, grandes indústrias são obrigadas a contratar um gestor de energia, que tem por tarefa encontrar deficiências no uso de energia e ajudar a eliminá-las. O gestor de energia também faz um balanço energético da empresa aos órgãos de controle.

Milhões de pequenos sistemas solares

Também nas ilhas do delta dos Ganges, que fazem parte do complexo de manguezais conhecido como Sunderbans e que foram duramente atingidas pelo ciclone Aila, as pessoas fazem a sua parte para combater o aquecimento global: elas usam a energia solar.

A energia que eles consomem é gerada por pequenos sistemas solares, capazes de produzir energia suficiente para acender uma lâmpada e um aparelho de rádio e televisão.

Mas a quantidade faz a diferença: segundo a Geetanjali, empresa produtora do sistema, metade dos 4,5 milhões de moradores de Sunderbans possui um sistema desses. Isso é muito mais do que em grandes cidades da Europa ou dos Estados Unidos, onde as mudanças climáticas ainda não se fizeram sentir tão duramente como no Delta do Ganges.

Autor: Martin Schrader (ams)
Revisão: Alexandre Schossler