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Tribunal europeu condena Itália por deportar refugiados de volta à Líbia

23 de fevereiro de 2012

Corte considerou que governo italiano feriu direitos humanos e o sentenciou a pagar 15 mil euros a cada um dos 24 migrantes que, ainda em alto-mar, foram obrigados a voltar para a Líbia.

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Foto: AP

O Tribunal Europeu de Direitos Humanos condenou o governo da Itália a pagar 15 mil euros a cada um dos 24 migrantes da Somália e da Eritreia que fugiram da Líbia em maio de 2009, tentando alcançar a costa italiana.

A decisão da corte, divulgada nesta quinta-feira (23/02), considerou que o país europeu violou seus compromissos com os direitos humanos ao deportar o grupo de refugiados do meio do Mar Mediterrâneo, a 35 milhas náutica (65 quilômetros) da ilha italiana de Lampedusa, de volta para a Líbia.

Para o tribunal, os africanos correram risco de maus-tratos na Líbia, onde migrantes são sistematicamente detidos, e poderiam ter sido mandados de volta para seus países de origem (Somária e Eritriea), sob risco de detenção ou mesmo de tortura.

A Justiça, porém, só tem o contato de seis dos 10 beneficiados pela decisão. Ao retornarem para a Líbia à época, eles foram recebidos e registrados por uma ONG italiana chamada Conselho Italiano para Refugiados (CIR), que posteriormente os ajudou a abrir um processo contra Roma. Parte dos refugiados está na África, parte na Europa. Dois deles morreram.

Autoridades italianas argumentaram que a deportação dos migrantes africanos teve como base um acordo bilateral com a Líbia, então governada por Muammar Kadafi, a fim de coibir as frequentes tentativas dos migrantes de cruzar o Mediterrâneo e entrar ilegalmente na Itália. O acordo havia recebido várias críticas, inclusive dos Estados Unidos e da Igreja Católica, que o denunciaram como violação dos direitos de quem procura asilo.

A Corte considerou que as deportações violaram artigos da Convenção de Genebra e proibições de tratamento desumano e expulsão coletiva de estrangeiros ao sequer investigar se as pessoas eram elegíveis como asilantes.

Decisão bem recebida

Acordo com Líbia justificaria deportações, diz Itália
Acordo com Líbia justificaria deportações, diz ItáliaFoto: picture-alliance/dpa

O ministro italiano de Cooperação Internacional, Andrea Riccardi, disse que a decisão fará com que o país "pense e repense" suas políticas com relação à imigração.

Organizações de direitos humanos em várias partes do mundo mostraram-se satisfeitas com o julgamento. A Anistia Internacional considerou que a decisão fortalece a proteção de refugiados em alto-mar.

A Agência de Refugiados das Nações Unidas (UNHCR) considerou a sentença um "marco" sobre a responsabilização dos Estados. O órgão acredita que o tribunal deu uma importante contribuição à orientação das políticas públicas europeias destinadas a refugiados.

MSB/dpa/ap/afp
Revisão: Francis França