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DW-WORLD entrevista curador da exposição Guggenheim

Christine Harjes (mr)24 de julho de 2006

De Kandinsky a Serra, em uma única exposição: de 21 de julho a 7 de janeiro de 2007, o Kunsthalle de Bonn apresenta o acervo da Fundação Guggenheim. A DW-WORLD entrevistou Kay Heymer, um dos coordenadores do projeto.

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Kay Heymer, curador da exposição Guggenheim em BonnFoto: DW/Christine Harjes

Os esforços para levar a coleção da Fundação Guggenheim ao Kunst- und Ausstellungshalle, em Bonn, estenderam-se por mais de um ano. Quatro coordenadores – dois em Bonn e dois em Nova York – desenvolveram o projeto e planejaram sua implementação. Em entrevista à DW-WORLD, Kay Heymer fala do charme do Museu Guggenheim, da concepção da mostra e de suas obras favoritas.

DW-WORLD: O acervo da Fundação Guggenheim é um dos mais famosos do mundo. O que faz o museu ser tão bem-sucedido?

Kay Heymer: O Museu Guggenheim se diferencia por ter uma coleção muito pessoal. As personalidades que contribuíram para a formação do acervo eram pessoas bastante excêntricas, a exemplo da diretora e fundadora Hilla von Rebay, artista alemã engajada pela arte "não-objetiva". Mais tarde, o foco da fundação foi se ampliando e outras personalidades passaram a desempenhar papel importante: o diretor Tom Krens, o casal colecionador Thannhauser, posteriormente, a sobrinha de Solomon Guggenheim, a glamourosa Peggy, famosa por seu palazzo em Veneza e por seu engajamento pelo Surrealismo e o Expressionismo Abstrato norte-americano.

O caráter do acervo é bastante seletivo. Não se trata de uma coleção nos moldes do Museu de Arte Moderna de Nova York, em que a intenção é dar uma visão geral da arte no século 20. Guggenheim selecionava suas peças de forma muito mais subjetiva, concentrando-se em poucos artistas e em áreas específicas. Sendo assim, a fundação possui hoje 160 obras de Kandinsky e mais de 60 de Paul Klee.

O que mostra a exposição do Guggenheim, em Bonn?

Ausstellung The Guggenheim in Bonn
Solomon R. Guggenheim, pai da fundaçãoFoto: Solomon R. Guggenheim Foundation, New York

No projeto da exposição procuramos retratar a estrutura da Coleção Guggenheim e o que a destaca. Ou seja, temos salões onde o visitante aprende um pouco sobre a história da fundação – como o Salão Coleção Peggy Guggenheim, com obras surrealistas – e o Salão Pós-Impressionismo, repleto de pinturas doadas pelo casal Thannhauser. Por outro lado, montamos também salas monotemáticas, com obras de um determinado artista. Temos a Sala Picasso, duas salas com Kandinsky, uma com Robert Rauschenberg e outra com Richard Serra.

Por que Bonn foi escolhida para a exposição e não Berlim?

Bonn é menor do que Berlim, mas, em compensação, tem o pavilhão de exposições maior. O que interessava a Tom Krens em particular era quantos metros quadrados estariam à disposição. A exposição do Guggenheim ocupa uma área de oito mil metros quadrados, incluindo o andar térreo do Kunstmuseum Bonn [vizinho do Kunsthalle]. A Nationalgalerie de Berlim não tem tanto espaço a oferecer.

Como foram escolhidas as obras que seriam expostas?

Nós trabalhamos em conjunto com nossos colegas nova-iorquinos. Desenvolvemos uma seqüência para as salas, que têm uma arquitetura bastante simples e clara, e as preenchemos de acordo com nossa concepção. Nós nos aprofundamos em alguns artistas e nos preocupamos em combinar os aspectos de história e arte, a fim de construir um percurso cronológico através do acervo do Guggenheim.

Qual obra, na sua opinião, é de tirar o fôlego?

Guggenheim-Ausstellung in Bonn Richard Serra Strike
'Strike', de Richard SerraFoto: 2003 Richard Serra/Artists Rights Society, New York

No geral, dá para dizer que recebemos do Guggenheim um grande número de verdadeiras obras-primas. Gosto especialmente da sala com as obras de Richard Serra, onde se pode ver uma escultura de 1970, uma enorme placa de ferro, de sete metros de comprimento por dois metros e meio de altura. A obra pesa oito toneladas e tem o nome de Strike.

Qual experiência os visitantes devem levar para casa?

O ideal é o visitante sair do museu sabendo quão fascinante e viva é a arte do século 20 e início do 21, que ele não veja as obras só com os olhos, mas que sinta também com o corpo a forma artística de comunicar, porque a arte também pode ser uma experiência bastante sensorial.

Poderia citar um exemplo?

Labirinto, de Robert Morris, é uma obra de nove metros de diâmetro e quatro metros de altura. O visitante pode adentrá-la por meio de passagens estreitas e chegar ao centro do labirinto, mas vai precisar de pelo menos 20 minutos para percorrer todo o trajeto. A experiência deixa de ser visual e passa a ser também um desafio físico.

Guggenheim-Ausstellung in Bonn
'Labirinto', de Robert MorrisFoto: VG Bild-Kunst, Bonn 2006