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Dilma rebate críticas a emergentes e "vende" Brasil a investidores em Davos

Augusto Valente24 de janeiro de 2014

Em discurso, presidente rechaça "tese apressada" de que economias em desenvolvimento estariam menos dinâmicas, classifica protestos de junho como parte da construção da democracia e diz que país está pronto para a Copa.

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Foto: Reuters

Em seu primeiro pronunciamento no Fórum Econômico Mundial, nesta sexta-feira (24/01) em Davos, Suíça, a presidente Dilma Rousseff apresentou aos investidores estrangeiros o quadro de um Brasil impecável, hoje e no futuro.

Começando por registrar que a turbulência econômica global já dura mais de cinco anos e é "a mais profunda e mais complexa desde 1929", ela enfatizou a importância de manter em vista "o horizonte de médio e longo prazo", apesar da natural urgência de "evitar o pior e retomar o caminho da prosperidade" na saída da crise.

Numa mostra da retórica que nortearia todo o seu pronunciamento, Dilma se apressou em desbancar a "apressada tese" segundo a qual as economias emergentes estarão menos dinâmicas depois da crise. Isso certamente não se aplica ao Brasil, assegurou, um dos países "com as maiores oportunidades para investimentos e perspectivas de expansão".

"Meu governo não reprimiu"

Além disso, ressaltou, o povo foi incluído no processo de crescimento econômico dos últimos anos, e essa transformação social é um trunfo: trata-se cada vez mais de um país da classe média, cuja proporção cresceu de 37% para 55% da população em uma década. No mesmo período lembrou, a renda per capita mediana aumentou 78%, e em três anos foram criados 4,5 milhões de novos empregos.

Num rápido flashback, Dilma evocou os protestos de rua de junho de 2013, em várias metrópoles do Brasil. Na época, a atuação das autoridades, da perplexidade e inação iniciais à repressão policial, colocou o Brasil sob duras críticas internacionais. No entanto, no discurso em Davos, Dilma afirmou:

Davos Schweiz 2014 WEF Weltwirtschaftsforum Inter Continental Hotel
Intercontinental Hotel, local da conferência em DavosFoto: Reuters

"O meu governo não reprimiu, pelo contrário. Ouviu e compreendeu a voz das ruas. Os manifestantes não pediram a vida do passado, a volta atrás: pediram, sim, o avanço para o futuro de mais direitos, mais participação e mais conquistas sociais."

As manifestações, segundo ela, seriam "parte indissociável do processo de construção da democracia e de mudança social", em que os "novos cidadãos brasileiros se conscientizam e exigem seus direitos".

"Democracia gera desejo de mais democracia; inclusão social provoca expectativa de mais inclusão social; qualidade de vida desperta anseio de mais qualidade de vida" e o importante é "transformar a energia das ruas em realizações para todos", enfatizou a política petista.

Convite aos investidores

Além de uma vitrine para a liderança política e econômica mundial, Davos é uma ocasião disputada de travar contatos internacionais e angariar investimentos. Por isso, ao mesmo em tempo que exaltou a prosperidade do Brasil sob sua presidência, Dilma aproveitou para acentuar as numerosas oportunidades de negócios ainda presentes num país em que "apenas 47% da população tem computador; 55%, uma máquina de lavar roupa automática; 17%, um freezer; e 8% uma TV de tela plana".

Entre os atuais atrativos da nação como positiva para investimentos, estariam a estabilidade do real – um "valor central" –, o endividamento público reduzido e um sistema financeiro sólido. Como encorajamento, a presidente enumerou os generosos programas de concessões e licitações para o setor privado, em ferrovias, aeroportos, portos, petróleo, gás e na energia elétrica e transportes urbanos.

Schweiz World Economic Forum 2014 Klaus Schwab
Economista alemão Klaus Schwab apresenta o Fórum Econômico MundialFoto: Reuters

Dilma também reafirmou os investimentos na educação – alvo de crítica durante os protestos de junho – como prioridade de Brasília. Segundo ela, entre 50% e 75% dos lucros do pré-sal e do pós-sal serão revertidos para o setor, de modo a transformar "a riqueza finita do petróleo em patrimônio perene, em educação".

Ao fim de sua apresentação no fórum, a chefe de Estado brasileira aproveitou para responder a mais um ponto de crítica, assegurando que o país está perfeitamente preparado tanto para a "Copa das Copas" –"mas são investimentos gerados pelas necessidades do país" – quanto para as Olimpíadas de 2016.

"O futebol é a forma mais importante de afirmação da paz e da luta contra preconceitos", afirmou. "Estamos de braços abertos para receber todos os visitantes, de norte a sul, de leste a oeste."

Embora lamentando que não houvesse mais tempo para a conversa que tradicionalmente arremata os pronunciamentos, o fundador do fórum, Klaus Schwab, agradeceu à presidente por devolver aos presentes "a confiança nos países emergentes".

Num inglês com pesado sotaque alemão, o economista de 75 anos desejou um grande ano para o Brasil, com tantos gols quanto possível, tanto na Copa quanto para o "time" governamental que assessora Dilma Rousseff.