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Dhlakama vai ao centro de Moçambique explicar a exigência de um Governo de gestão

Guilherme Correia da Silva24 de novembro de 2014

Dhlakama chega esta terça-feira (25.11) à cidade da Beira, na província de Sofala. Segue depois para Manica e Tete.

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Foto: picture-alliance/dpa/Antonio Silva

Em Moçambique, o líder do maior partido da oposição, Afonso Dhlakama, começa esta terça-feira (25.11) uma viagem pelo centro do país. Dhlakama quer aproveitar a viagem para explicar aos populares por que razão está a exigir um "Governo de gestão", depois das eleições de 15 de outubro. A DW África entrevistou o porta-voz da RENAMO António Muchanga, sobre esta viagem.

DW África : Por que é que a RENAMO exige um "Governo de gestão"?

António Muchanga (AM): Porque a RENAMO é o partido que sofreu o roubo de votos e a RENAMO é o partido que ganhou as eleições. O presidente Dhlakama é o candidato que ganhou as eleições. Ou se entrega o governo ao presidente Dhlakama e ao partido RENAMO ou a um "Governo de gestão".

DW África: Mas que "Governo de gestão" seria este?

AM: Este Governo seria constituído por membros da RENAMO e da FRELIMO e teria a responsabilidade de organizar e reformar as instituições do Estado relevantes num processo eleitoral, para garantir que as eleições em Moçambique sejam ganhas por aqueles em que efetivamente as pessoas votaram e não por aqueles elementos que financiaram a adulteração dos editais e dos boletins de voto..

DW África: Mas seria possível um Governo deste género (de gestão) com partidos que defendem posições tão diferentes?

AM: É a norma do bem-estar social do povo moçambicano. Tendo em conta que esse povo está acima dos interesses dos partidos seria possível.

António Muchanga
António Muchanga porta-voz da RENAMOFoto: DW/Romeu da Silva

DW África: Tendo em conta que a FRELIMO já disse que rejeitava esta ideia, qual o motivo da insistência da RENAMO neste "Governo de gestão"?

AM: A FRELIMO ainda não disse que rejeita esta ideia. As pessoas que tentaram insinuar que a FRELIMO rejeita essa ideia não conhecem a posição da FRELIMO e, neste momento, estamos a negociar o "Governo de gestão" com o atual executivo. Porque as pessoas que cometeram as fraudes são pessoas que foram nomeadas pelo Governo e não pelo partido. Portanto não precisamos da resposta de um primeiro secretário do partido. Precisamos da resposta do Presidente da República em relação à questão.

DW África: À agência de notícias LUSA o porta-voz da FRELIMO, Damião José, tinha precisamente rejeitado esta ideia de "Governo de gestão" e agora diz-nos que não... não é assim?

AM: O porta-voz da FRELIMO sempre rejeitou tudo. Mesmo as negociações que agora culminaram com o acordo recém firmado que permitiu que o país regressasse à normalidade. O porta-voz da FRELIMO nunca apoiou uma tal ideia. Portanto, o porta-voz da FRELIMO pode ser uma carta fora do baralho.

DW África: Porquê fazer agora esta viagem pelo centro de Moçambique?

AM: Entendemos que é o momento oportuno. Esperámos primeiro para ver o que a Comissão Nacional de Eleições (CNE) ia fazer de acordo com as denúncias que foram feitas. A CNE na altura tínha-nos prometido analisar as irregularidades... mas pelos vistos não há nada que está a ser feito. Portanto, é tempo oportuno para que o presidente Dhlakama se faça ao terreno e converse com as pessoas.

DW África: De qualquer das formas, ainda se está à espera de uma decisão do Conselho Constitucional...

AM: Com ou sem decisão temos direito de comunicar com o nosso eleitorado e temos o direito de falar com o povo moçambicano. A lei moçambicana não proíbe os candidatos e os partidos de contatarem os seus membros e simpatizantes para lhes explicar as suas posições por causa do Conselho Constitucional.

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DW África: Por enquanto a viagem será a Sofala, Manica, Tete... Porquê ao centro do país? Será porque na parte sul do país a RENAMO não está a angariar muitos apoios relativamente a esta questão do "Governo de gestão"?

AM: O partido RENAMO começou a sua campanha eleitoral no centro do país, subiu para o norte e depois desceu para o sul e foi encerrá-la no norte. Para nós tudo é Moçambique e, na segunda fase, o presidente irá a Quelimane, Nampula, Cabo Delgado e Niassa. E, na última fase, vai fazer mais uma visita à região sul.

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