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Dhlakama diz não ao regresso à guerra em Moçambique

Leonel Matias (Maputo)10 de abril de 2013

Em conferência de imprensa na Gorongosa, o líder da RENAMO deixou claro, no entanto, que não está satisfeito com a situação prevalecente no país e que é preciso que os problemas pendentes sejam resolvidos rapidamente.

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Rebeldes e polícias moçambicanos
Rebeldes e polícias moçambicanosFoto: Getty Images/AFP

O líder da Resistência Nacional de Moçambique (RENAMO), Afonso Dhlakama, afirmou esta quarta-feira (10.04) que nunca mais haverá guerra no país. O líder do maior partido da oposicionista moçambicana falava a jornalistas na Gorongosa, local onde se encontra acacantonado desde outubro último na sequência de divergencias com o Governo.

A Gorongosa serviu de base central ao antigo movimento rebelde RENAMO durante a guerra civil de 16 anos que terminou em 1992. Dhlakama garantiu que não vai voltar à guerra, mas advertiu o Governo que se sentir atacado, atacará.

Afonso Dhlakama, líder da RENAMO
Afonso Dhlakama, líder da RENAMOFoto: dpa

Ataques a alvos civis foram incidente

Dhlakama fez o seu primeiro pronunciamento público depois dos confrontos armados da semana passada entre a RENAMO e a polícia e os ataques a alvos civis que se saldaram em pelo menos oito mortos. "Foi-me solicitado para cessar com os ataques no rio Save e disse que não podia dar essas ordens quando militares do governo circulavam pela região em viatura com canhões com o intuito de nos matar", declarou o líder da RENAMO ao considerar que o ataque a alvos civis tinha sido um incidente e que esforços estavam em curso para evitar que situações do género se repetissem.

"É preciso que sejam dadas ordens aos militares e o Presidente [Armando Guebuza] prometeu-me que iria reunir-se com o ministro da Defesa e com o Chefe do Estado-Maior para lhes dar ordens nesse sentido. Do meu lado também dei essas ordens aos meus homens", acrescentou.

Segundo o líder da RENAMO, os problemas pendentes com o Governo estão relacionados com o não cumprimento pelo executivo de Maputo do Acordo Geral de Paz que assinou em 1992 em Roma com a Renamo pondo fim a 16 anos de guerra civil no país em 1992. "O acordo de Roma promovia a democracia real em Moçambique. Isso não existe, tal como nunca existiu a realização de eleições livres e transparentes", destacou Afonso Dhlakama no seu encontro com a imprensa.

RENAMO critica Maputo por não ter cumprido Acordo de Paz

Uma das vítimas dos confrontos em Muxungué, na província de Sofala
Uma das vítimas dos confrontos em Muxungué, na província de SofalaFoto: Fernando Veloso

Afonso Dhlakama disse que os incumprimentos do Acordo Geral de Paz por parte do governo não se ficaram por aqui. "Combinamos formar um exército apartidário: 15 mil homens da RENAMO e 15 mil homens da FRELIMO [Frente de Libertação de Moçambique]. E isso também não foi respeitado", concluiu.

Dhlakama assume que mandou atacar o acampamento da Polícia de Intervenção Rápida (FIR) na última quinta-feira (04.04) em Muxungué, província de Sofala, em retaliação a um ataque daquela força especial à sede da RENAMO onde, segundo disse, os seus homens se encontravam concentrados pacificamente e desarmados. "Os desmobilizados num minuto disseram queremos dar a respota. Disse-lhes que tinham feito a guerra e sabiam onde poderiam encontrar armas. E portanto responderam", revelou Dhlakama.

Lamentou, contudo, as mortes que resultaram deste ataque, afirmando que "o Presidente da República podera ter evitado esta situação."

RENAMO exige libertação de membros do partido em Muxungué

Dhlakama condicionou o prosseguimento da aproximação entre o Governo e a RENAMO à libertação dos 15 membros do seu partido detidos na sua sede em Muxungué, na última quarta-feira (03.04), pela polícia. Exigiu também que as forças de defesa e segurança que alegadamente estão a cercar a base da RENAMO na Gorongosa recuem imediatamente e que a FRELIMO pare de atacar os membros da oposição.

Pronunciando-se sobre as eleições autárquicas agendadas para este ano, que a RENAMO ameaca ameaça invialibilizar, Dhlakama disse que é urgente a revisão da Lei Eleitoral de modo a garantir a paridade na representação dos partidos políticos na Comissão Nacional de Eleições (CNE).

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