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Dhlakama ainda não se recenseou devido a dispersão de postos, diz porta-voz

Marta Barroso17 de abril de 2014

RENAMO critica "dispersão propositada" de postos de recenseamento. A cerca de duas semanas do final do processo de registo, o líder e possível candidato presidencial do partido, Afonso Dhlakama, ainda não se inscreveu.

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Foto: Jinty Jackson/AFP/Getty Images

As eleições gerais, marcadas para o próximo dia 15 de outubro, acontecerão na data prevista – “com ou sem Afonso Dhlakama". Foi o que fez saber esta terça-feira a Frente de Libertação de Moçambique, FRELIMO, partido no poder no país.

Para o analista político moçambicano Baiano Valy, a FRELIMO quer que a Resistência Nacional Moçambicana, RENAMO, participe nas eleições e, apesar de esta “não parecer estar interessada em participar no escrutínio, não quererá ser vista como partido que inviabilizou a sua realização”.

“A RENAMO”, continua Valy, “não quer que se realizem as eleições para que haja um Governo de unidade nacional”. Por outro lado, é necessário que “cumpramos com o calendário eleitoral”. O analista conclui, contudo, que “seria muito dificil justificarmos as eleições sem a presença de Afonso Dhlakama“.

O líder do maior partido da oposição encontra-se em lugar incerto desde outubro passado, quando a sua base em Satunjira, na região da Gorongosa, centro do país, foi atacada por forças governamentais. Segundo António Muchanga, porta-voz do Presidente da RENAMO, Dhlakama não recenseou, porque na zona onde se encontra não há postos de recenseamento. “O Governo, nas zonas onde não tem o controlo, não montou lá postos de recenseamento”.

Com impasse nas negociações, conflito pode acentuar-se

A RENAMO fala mesmo de uma "dispersão propositada" dos postos em tradicionais redutos do partido, sobretudo na zona centro do país. Na cidade de Chimoio, um antigo deputado do partido apelou já a uma trégua no conflito militar para que o líder da RENAMO se possa recensear, alertando para o risco de uma escalada nos confrontos.

Contudo, desde a última ronda negocial entre o maior partido da oposição de Moçambique e o Governo, realizada esta segunda-feira (14.04.), as negociações para acabar com a crise político-militar no país encontram-se num impasse, com a RENAMO a exigir a integração dos seus homens em cargos de chefia do exército e da polícia como condição para aceitar o seu desarmamento, ponto fundamental das conversações. Por outro lado, o Governo considera a exigência uma provocação e mesmo aberração, acusando a RENAMO de recusar a sua desmilitarização. O desarmamento do partido é fundamental para a paz no país, assim argumentam as autoridades.

António Muchanga, porta-voz de Dhlakama, contra-argumenta: “a RENAMO”, diz, “está com as armas há 21 anos, nunca constituíram perigo. Porque é que só hoje é que constuituem perigo?”

As armas da RENAMO “nunca fizeram mal a ninguém”. Pelo contrário, afirma Muchanga, “as armas da FRELIMO é que fazem mal: ainda na terça-feira (15.04.) à noite invadiram o Hospital Central de Maputo, tiraram um doente da cama onde estava algemado e fuzilaram-no dentro do Hospital Central de Maputo”.

Caso Afonso Dhlakama nao se consiga recensear, teme-se que o conflito armado se agrave. Também o analista político Baiano Valy se concentra nos confrontos: “se o senhor Dhlakama não quiser fazer parte do processo, fica um problema politico interno da RENAMO. Mas vai ser muito dificil termos eleições sem a presença dele por causa desse aspeto da guerra”.

A RENAMO diz acreditar que o seu presidente se recenseie “a qualquer momento”, garantindo que não faz parte da agenda do partido pedir o adiamento das eleições.

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Mosambik Militär
O conflito entre a RENAMO e as tropas governamentais arrasta-se desde o final de outubro de 2013, quando a base de Dhlakama em Satunjira, Gorongosa, foi atacadaFoto: picture-alliance/dpa