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Depois das eleições: guineenses em Portugal ponderam regressar à Guiné-Bissau

João Carlos (Lisboa)26 de junho de 2014

Restabelecida a legalidade institucional, após a eleição dos orgãos constitucionais, os guineenses em Portugal pedem ao futuro Governo de Domingos Simões Pereira que olhe para a situação em que vivem em Portugal.

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Foto: DW/J. Carlos

A situação dos emigrantes guineenses, residentes em Portugal, de um modo geral, é difícil. A crise em Portugal fomentou o desemprego. Muitas empresas, sobretudo do ramo da construção civil, que davam trabalho aos imigrantes, fecharam as portas. No seio da comunidade guineense o desespero é notório e é quase generalizado o desejo de regressar ao país de origem, de onde saíram em busca de uma vida melhor na Europa.

Chelo Embalo
Braima Djassi, emigrou da Guiné-Bissau para Portugal. Agora pondera o regresso.Foto: DW/J. Carlos

Crise na construção civil colocou guineenses no desemprego

Amadora é um dos concelhos de Lisboa, onde vive uma grande parte da comunidade africana. Entre os guineenses, há quem deixou o país natal por razões económicas, ou para tratamento médico em Portugal. E há os que saíram da Guiné-Bissau devido à instabilidade político-militar. Viviam do seu emprego, quando ainda havia as grandes obras na construção civil, que davam trabalho a muita gente para sustentar a família. Mas com a crise económica em Portugal, passaram a enfrentar muitas dificuldades.

Mamadu Baldé, há 23 anos em Portugal, desabafa. "A minha família está na Guiné. Eu não tenho trabalho e a renda de casa aqui é muito cara. Não tenho rendimento: zero, zero."

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Perante a falta de perspetiva, é grande o desejo de regressar ao país de origem. Mas o regresso não se afigura fácil. A quase todos falta o dinheiro para comprar a passagem de avião. Outros têm filhos nascidos em Portugal, o que também torna mais difícil o regresso.

Demba Baldé conta ao repórter da DW que há muitos guineenses que querem regressar, mas têm filhos na escola, e assim vão ficando por Portugal, "porque a escola daqui tem mais valor que a escola da Guiné."

Cadri Baldé
Chelo Embaló, residente em Damaia/Amadora, Portugal, diz que os tempos são difíceis para os guineenses em Portugal.Foto: DW/J. Carlos

Guinenses esperam apoio do novo governo em Bissau

Muitos destes cidadãos com vontade de ajudar a reconstruir a Guiné-Bissau não têm recursos financeiros para regressar. Por isso esperam o apoio do novo Governo da Guiné-Bissau. Demba Baldé e Chelo Embaló, outros dois guineenses residentes em Portugal, são de opinião que "o governo da Guiné deveria ajudar os emigrantes que estão em Portugal". E afirmam mesmo: "Se Governo da Guiné-Bissau apoiar o regresso nós voltamos, pois é o nosso país."

Braima Djassi
Cadri Baldé é de opinião que não é fácil o regresso para os guineenses com filhos em escolas em Portugal.Foto: DW/J. Carlos

Confiança no novo governo

A maioria dos imigrantes guineenses em Portugal tem grande confiança no novo Governo. Por isso, os guineenses pedem melhorias a nível do ensino e da educação, nos serviços de saúde e assistência médica. Alguns dizem também que é necessário negociar com a Transportadora Aérea Portuguesa (TAP) o reatamento urgente dos vossos Lisboa-Bissau a preços mais baixos.

Na sua recente visita privada a Portugal, antes da tomada de posse, o Presidente José Mário Vaz, pediu aos concidadãos na diáspora para regressarem. «Há muito espaço para os guineenses na Guiné-Bissau». (…) «Temos que ser senhores dos nossos destinos», afirmou "Jomav" numa sala repleta de esperanças.