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Migração

Agências (ca)2 de dezembro de 2008

Estudo das Nações Unidas aponta que crise financeira deverá fomentar movimento migratório mundial. Alemanha foi o país que mais recebeu imigrantes na Europa, informa Organização Internacional de Migrações (OIM).

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Maioria dos migrantes mundiais é constituída por mulheres. afirmou relatório da ONUFoto: DW

Segundo o relatório sobre as migrações mundiais da ONU, apresentado nesta terça-feira (02/12) em Genebra, existem atualmente mais de 200 milhões de migrantes em todo o mundo. Com mais de 10 milhões de migrantes em 2005, a Alemanha é o país da Europa em que mais vivem imigrantes no continente.

O informe da Organização Internacional de Migrações (OIM) destacou "que o movimento de pessoas dentro e através de fronteiras se efetua com vistas a satisfazer os desafios socioeconômicos que a globalização traz consigo e que fazem com que a busca de trabalho propicie a maioria dos movimentos observados neste século".

O relatório apontou ainda que a atual crise financeira mundial deverá estimular novas ondas migratórias e que as tendências demográficas assinalam que, sem a imigração, a população em idade ativa dos países desenvolvidos diminuirá em 23% até 2050.

Mobilidade humana em escala sem precedentes

Integrationsgipfel in Berlin, Integration, Migranten
Mesmo em tempos de crise, migrantes são necessários, disse AppaveFoto: AP

A OIM informou que o número de migrantes internacionais é hoje 2,5 vezes maior que em 1965 e que a maioria dos países são, simultaneamente, países de origem, de trânsito e de destino de migrantes. Gervais Appave, um dos editores do relatório, informou que a livre circulação de capitais, bens e serviços, proporcionada no século passado para o fomento da economia mundial, teve como conseqüência inevitável a mobilidade humana numa escala mundial sem precedentes.

Entre 1960 e 2005, cerca de 1,6 milhão de pessoas emigraram anualmente para países desenvolvidos, segundo o relatório. A OIM avalia que, entre 2005 e 2010, este número se elevará para 2,5 milhões por ano. Daí até 2050, 2,3 milhões de indivíduos emigrarão anualmente para países industrializados, segundo os cálculos da organização.

A Europa é o continente onde mora o maior número de migrantes no mundo (70,6 milhões), seguida da América do Norte (45,1 milhões) e da Ásia (25,3 milhões). A maioria dos migrantes veio do continente asiático.

Pressão migratória em países industrializados

O informe previu também que, nas próximas quatro décadas, a pressão migratória continuará aumentando nos países industrializados, que carecem hoje não somente de mão-de-obra especializada, mas também de imigrantes pouco ou semiqualificados – para agricultura, construção e trabalhos domésticos – necessários, mas geralmente mal aceitos, explicou a OIM.

O desequilíbrio na oferta mundial de mão-de-obra deverá piorar, assinalou o relatório. A queda do índice de natalidade e do número de pessoas em idade ativa fará com que, nos próximos 50 anos, o número de indivíduos com mais de 60 anos seja o dobro do de crianças nos países industrializados.

Por outro lado, a população ativa da África triplicará – de 408 milhões para 1,12 bilhão – até 2050. Segundo a OIM, outro estudo apontou que China e Índia constituirão, provavelmente, 40% da força laboral mundial em 2030.

Mundialmente, a proporção de trabalhadores estrangeiros está por volta dos 3%. Nos países do Golfo Pérsico, essa taxa se eleva para mais de 40%. Com exceção da África, Ásia e Oriente Médio, a maioria dos migrantes em quase todas as partes do planeta é constituída por mulheres, informou a organização da ONU.

Políticas de migração planificadas, flexíveis e abertas

Quanto à atual crise financeira, o relatório informou que ela levará, provavelmente, a novos movimentos migratórios. Espera-se, primeiramente, que trabalhadores emigrados retornem ao seu país de origem, porque perderam seus empregos. Quando a economia se recuperar, uma nova onda de migrantes partirá para países que oferecerem trabalho.

O relatório afirmou ainda que o desafio, para países desenvolvidos conscientes, estaria em adotar políticas de migração laboral planificadas, flexíveis e abertas para assegurar uma oferta segura, legal e humana para os migrantes e seus familiares.

Ao apresentar o relatório, Gervais Appave concluiu dizendo que "estes tipos de políticas são particularmente importantes durante crises econômicas mundiais como a atual. A crise financeira da Ásia dos anos 90 demonstrou que, inclusive em épocas de dificuldades econômicas, existe uma necessidade estrutural de migrantes. Por conseguinte, o mundo não tem escapatória".