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CPI conclui que governo de Helmut Kohl era corrupto

Estelina Farias11 de junho de 2002

A coalizão governamental da Alemanha classificou o governo anterior de Helmut Kohl como corrupto em três casos, no relatório final da Comissão Parlamentar de Inquérito que investigou doações ilegais à CDU.

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Candidato à sucessão, Edmund Stoiber, e a presidenta da CDU, Angela Merkel, são criticados no relatório final da CPIFoto: AP

No documento que apresentaram ao Parlamento em Berlim, nesta terça-feira (11), os dois partidos governistas criticaram especialmente o candidato da oposição à chefia do governo, na eleição do novo Parlamento, em 22 de setembro, Edmund Stoiber. Motivo: o concorrente do chanceler federal Gerhard Schröder na disputa pela reeleição anunciou que vai integrar em sua equipe de campanha eleitoral Wolfgang Schäuble, uma das figuras-chave do escândalo de doações ilegais do partido de Kohl (CDU).

O primeiro caso de corrupção no governo Kohl, avaliado como tal pelos social-democratas e verdes, foi relativo ao fornecimento de 36 tanques Fuchs à Arábia Saudita, no início dos anos 90. Para facilitar o negócio, foram doados no mínimo um milhão de marcos (pouco mais 500 mil euros) ao partido presidido pelo então chefe de governo. Kohl sabia das doações, como consta no relatório conclusivo da CPI, após dois anos e meio de investigações.

Fábrica de tanques – O segundo caso se trata de uma doação de 100 mil marcos à CDU para fomentar a construção de uma fábrica de tanques no Canadá. O dinheiro foi entregue em espécie ao líder da CDU no Parlamento, Wolfgang Schaüble, pelo lobista da indústria de armas, Karlheinz Schreiber. Schäuble, que era o predileto de Kohl para sucedê-lo na chefia do governo, soube mais tarde, em 1995, qual era a finalidade do donativo. Membros da CPI foram interrogar Schreiber no Canadá.

Privatização de moradias

– Uma doação de cinco milhões de marcos ao maior partido da coalizão de governo de Kohl, feita pelo casal de empresários Ehlerding, em setembro de 1998, está ligada à privatização das moradias de empregados da companhia ferroviária.

Origens obscuras

– Outros grandes negócios do tempo do governo Kohl, encerrado em 1998, permanecem obscuros, como a privatização da refinaria Leuna, da ex-República Democrática Alemã (RDA), que foi vendida ao grupo francês Elf Aquitaine, em que fluíram grandes somas para a CDU. A origem de 20 milhões de marcos depositados na conta do partido continua sem esclarecimento e não se exclui que também estejam relacionados a decisões políticas.

A CPI foi criada pelos partidos da coalizão chefiada por Schröder, depois que o seu antecessor Kohl admitiu ter depositado dois milhões de marcos de doações anônimas em contas secretas na Suíça e até hoje não revelou os nomes dos doadores, apesar das pressões.

Considerando que muitas questões permanecem obscuras, social-democratas e verdes insistem para que as fontes de financiamento da CDU e da União Social Cristã (CSU), partido do candidato Stoiber, continuem sendo investigadas na próxima legislatura.

Direito de silêncio

– Eles insistem também numa reforma das regras de funcionamento das CPIs sobre o direito de suspeitos se recusarem a depor, caso estejam respondendo inquérito. A maior parte das figuras-chave do escândalo de doações ilegais da CDU fez uso desse direito e quase inviabilizou as investigações da CPI.

Social-democratas e verdes acusaram também a presidenta da CDU, Angela Merkel, de ter dificultado os trabalhos da Comissão Parlamentar de Inquérito. O relatório final será debatido no Parlamento, em Berlim, no dia 4 de julho.