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Continuam expulsões de imigrantes ilegais na África do Sul

Milton Maluleque (Joanesburgo)18 de maio de 2015

Centenas de moçambicanos detidos recentemente na África do Sul estão a ser deportados, numa operação de "caça ao imigrante ilegal" e que apanhou o Governo de Moçambique de surpresa.

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Foto: AFP/Getty Images/M. Safodien

O três indiciados na morte do moçambicano Emmanuel Sithole, ocorrida a 18 de abril último, compareceram esta segunda-feira (18.05) perante o Tribunal de Alexandra, nos arredores de Joanesburgo, tendo-lhes sido recusado o pagamento de caução. O processo foi adiado para 27 de maio.

A juiza Syta Prinsloo alegou que a morte de Sithole não pode ser considerado um caso isolado por ter ocorrido ao longo dos ataques xenófobos de passado mês de abril. Defendeu ainda que a soltura destes três indiciados mediante o pagamento de uma fiança poderia resultar na intimidação de testemunhas, por se tratar de um crime ocorrido à luz do dia e acompanhado pela comunidade. Os tres indiciados vão permanecer na prisão enquanto uma nova audiência no Tribunal ficou marcada para 27 de maio.

Perseguições, agressões, expulsões e mortes

Entretanto, os ataques xenófobos na África do Sul cessaram, mas não terminaram os problemas com os estrangeiros.Perseguições, agressões e mortes sucederam-se às prisões e o repatriamento de dezenas de estrangeiros oriundos nomeadamente dos países vizinhos continua a um ritmo acelerado.

Südafrika - Gewalt gegen Einwanderer
Imagem do assassinato de Emmanuel Sithole capturada em Alexandra pelo fotógrafo James Oatway da Sunday TimesFoto: REUTERS/James Oatway/Sunday Times

O Governo sul-africano desencadeou recentemente a “Operação Fiela” com o objetivo de “eliminar os elementos criminosos”, segundo as autoridades. A Polícia, com o apoio do Exército, tem levado a cabo uma autêntica "caça" aos indocumentados que imediatamente são repatriados para os seus países de origem.

Apesar das duras críticas por parte das organizações de defesa dos direitos humanos e dos imigrantes, o ministro sul-africano na Presidência, Jeff Radebe, defendeu a continuação da operação. "Vamos nos próximos dias e semanas acelerar os nossos esforços com vista a recuperarmos os edifícios públicos tomados de assalto quer pelos estrangeiros quer pelos sul-africanos, combater o tráfico de drogas nas comunidades, prender e continuar a repatriar os que violam as nossas leis."Perto de mil imigrantes ilegais de origem moçambicana terão sido detidos, 500 dos quais já foram repatriados nesta operação contra os indocumentados. Face a este quadro, o ministro moçambicano dos Negócios Estrangeiros, Oldimiro Baloi, em declarações à agência de notícias LUSA, reagiu nos seguintes termos: "Fomos colhidos de surpresa por esta ação do Governo sul-africano. Esperávamos que, depois dos ataques xenófobos, houvesse alguma acalmia e que fossem procurados meios para se resolver o problema de fundo, que é o da imigração ilegal". O ministro dos Negócios Estrangeiros moçambicano,lamentou ainda que tenha havido "uma segunda vaga, numa operação conjunta das forças armadas, polícia, imigração, de caça ao imigrante".

Oldemiro Baloi Außenminister Mosambik
Oldemiro Baloi, ministro moçambicano dos Negócios EstrangeirosFoto: DW/N. Issufo

O chefe da diplomacia de Maputo anunciou para breve uma reunião bilateral entre os governos dos dois países, sem avançar mais detalhes.

Recorde-se de que o Governo moçambicano reativou em abril o centro de trânsito de Boane, na província de Maputo, que já recebeu muitos cidadãos repatriados na sequência da crise de violência xenófoba na África do Sul contra imigrantes africanos.

Indocumentados acusados de envolvimento na criminalidade

Os imigrantes ilegais são considerados por muitos sul-africanos como pessoas que lhes retiram a possibilidade de encontrarem um trabalho e de estarem envolvidos na grande onda de criminalidade que há anos assola o país. Para o acadêmico e analista político moçambicano Calton Cadeado, Moçambique reconhece a soberania sul-africana na tomada das suas decisões mas "o Governo moçambicano mostrou-se preocupado com a forma como o Governo da África do Sul agiu e penso que não foi a única condenação formal. Esta semana, segundo os órgãos de informação, está agendada uma deslocação do Presidente Zuma a Moçambique e, se for o caso, é nesse espaço onde provavelmente poderá haver uma condenação".Para fugir à pobreza em Moçambique, a população, principalmente os jovens das zonas rurais do sul, emigram ilegalmente para a África do Sul, à procura de melhores condições de vida no país vizinho.

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