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"Consolidação das instituições democráticas" é a tarefa principal de Miguel Trovoada na Guiné-Bissau

António Rocha17 de julho de 2014

Miguel Trovoada, ex-Presidente de São Tomé e Príncipe, foi oficialmente nomeado como representante especial do secretário-geral da ONU para a Guiné-Bissau. Sucede no cargo ao timorense José Ramos-Horta.

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Miguel Trovoada (centro), o novo representante de Ban Ki-Moon para a Guiné-BissauFoto: picture-alliance/dpa

Miguel Trovoada, recém-nomeado representante do secretário-geral da ONU na Guiné-Bissau, irá manter reuniões de trabalho em Nova Iorque, onde se desloca na primeira semana de agosto. E deverá chegar a Bissau poucos dias depois.

Em Nova Iorque, Trovoada terá consultas com o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, de quem receberá indicações sobre a missão a desempenhar na Guiné-Bissau.

Miguel Trovoada, de 78 anos de idade, sucede no cargo ao timorense José Ramos Horta, que permaneceu 18 meses em funções na Guiné-Bissau.

Atualmente em Luanda, Angola, Miguel Trovoada afirma que a "consolidação das instituições democráticas" será a sua principal tarefa, adiantou em entrevista à DW África.

DW África: A missão é difícil, mas não impossível para um político e diplomata da sua estatura. Concorda?

Miguel Trovoada (MT): (risos) Não creio que isto seja em si o garante de algum sucesso. Tudo irá depender das condições que me forem oferecidas, dos meios que dispuser e também mesmo das circuntâncias da situação local. O país conheceu num passado recente momentos muito conturbados, que felizmente depois das eleições tudo indica que as coisas vão normalizar-se e que um novo capítulo vai ser aberto. Portanto, creio que a minha missão vai ser fundamentalmente acompanhar a Guiné-Bissau neste novo capítulo que é o da establização das instituições políticas, da sociedade civil e também do próprio ambiente político.

Ban Ki-Moon 17.06.2014 PK in Genf
Ban Ki-Moon, secretário-geral da ONUFoto: picture alliance/AA

Espero poder contar com o concurso dos principais atores que são o povo guineense e as instituições democráticas e também com a comunidade internacional cujo apoio é imprescindível para poder ultrapassar alguns problemas que estão na base também parcialmente dos conflitos que a Guiné-Bissau tem conhecido até agora, que se prendem com a pobreza, com dificuldades do desenvolvimento e com a solução dos problemas básicos do quotidiano.

Jose Ramos Horta Präsident von Ost-Timor
José Ramos-Horta, anterior representante especial de Ban Ki-moon na Guiné-BissauFoto: picture-alliance/dpa

DW África: Será a continuação do processo iniciado com o seu antecessor José Ramos-Horta ou pensa introduzir novos impulsos?

MT: Creio que são momentos diferentes. O meu predecessor, o Dr. Ramos Horta, chegou a Bissau num momento em que tinha ocorrido um golpe de Estado, enfim toda uma série de situações muito difíceis e depois instalou-se um periodo de transição em que se foi preparando fundamentalmente a realização de eleições para voltar à normalidade.

O momento foi diferente, ele desempenhou um papel extraordinário. Aliás, as eleições correram muito bem, num clima de paz e de tranquilidade, não houve problemas maiores na contestação dos resultados. Aliás algumas delas foram rápidamente ultrapassadas, o que demostra a maturidade também na classe política guineense e agora é o novo ciclo que começa.

E aí fundamentalmente depois da estabilização da situação do clima político e institucional há que criar as bases para que a economia seja relançada para vermos se com o apoio da comunidade internacional, e também a garantia do investimento privado, quer nacional quer estrangeiro, se possa realmente criar as bases de crescimento económico e o desenvolvimento social. É esta nova fase que difere um pouco da anterior. No fundo, a ação da ONU e como da comunidade internacional situa-se na mesma lógica que é de agir no interesse do povo da Guiné-Bissau.

DW Africa: Como pensa que deverão ser as relações com as representações em Bissau da UA, CEDEAO, CPLP... Como será a articulação entre o representante especial do secretário-geral da ONU e essas instituições e organizações?

MT: Todas essas instituições que considero todas como parceiras da Guiné-Bissau estão a trabalhar na mesma lógica, que é concorrer para o bem estar e progresso desse povo. Por conseguinte não vejo porque razão poderia haver conflitos de interesses. Porque o objetivo fundamental é estão ali no interesse do mesmo povo.

Creio que deverá haver uma maior coordenação, maior cooperação, maior concertação possível na programação de ações que possam levar realmente a Guiné-Bissau ao desenvolvimento. Não vejo incompatibilidade nenhuma. Cada qual sabe muito bem qual é a sua área de intervenção e o que é preciso para evitar a cacofonia, que haja uma concertação a fim que a complementaridade venha servir de maneira ótima à Guiné-Bissau.


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