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Comissão Europeia apresenta prognósticos econômicos sombrios

Barbara Wesel (av)4 de novembro de 2014

Cinco anos após o início da crise do euro, economia da UE continua perdendo força, e nem mesmo a locomotiva Alemanha escapa. Bloco deve crescer apenas 1,3% neste ano, e perspectivas só melhoram para 2016.

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Foto: picture-alliance/dpa

Mal a nova Comissão Europeia foi empossada, sob a presidência de Jean-Claude Juncker, e os problemas já começaram. Enquanto o finlandês Jyrki Katainen – vice-presidente para o Emprego, Crescimento, Investimento e Competitividade do órgão executivo – é conhecido como adepto do Pacto de Estabilidade e Crescimento da Zona do Euro, não se pode dizer o mesmo de seu colega de equipe, Pierre Moscovici.

Na qualidade de antigo ministro das Finanças da França, Moscovici é responsabilizado pelo endividamento excessivo do Estado francês. Como comissário para Assuntos Econômicos e Financeiros e Fiscalidade, ele terá que trabalhar em conjunto com Katainen.

Entretanto, nesta terça-feira (04/11), a coletiva de imprensa para apresentação do prognóstico econômico para o quarto trimestre na União Europeia (UE) e na zona do euro mostrou que a colaboração entre os dois ainda não está funcionando muito bem.

Inesperadamente, Moscovici anunciou que pretendia viajar para a Grécia, a fim de conversar sobre o breve fim do programa de apoio financeiro da UE para o país. Katainen disse, então, que tinha a mesma a intenção e que talvez ambos pudessem viajar para Atenas juntos. Assim, a primeira lição que os dois precisam aprender é como coordenar suas agendas.

O que ambos tinham a anunciar em seguida, porém, eram os lamentáveis dados sobre o desenvolvimento econômico na zona do euro, coletados por seus antecessores. A tendência é sombria, e só com muito esforço os dois comissários conseguiram passar alguma esperança de melhora.

Se, no início do ano, Bruxelas ainda contava com uma taxa de crescimento de 1,6% para a UE, agora está claro que ela não passará de 1,3%. Na zona do euro, o crescimento deve ser de 0,8%, em vez do antes previsto 1,2%. As previsões para 2015 são igualmente desoladoras: crescimento de 1,5% para a UE e de 1,1% para a zona do euro. Somente para o ano seguinte, as perspectivas melhoram ligeiramente.

Como primeira razão dessa dinâmica tão lenta, Katainen citou os problemas estruturais profundos, conhecidos mesmo antes da crise do euro. Em segundo lugar, vem o excesso de dívidas públicas e privadas; em terceiro, as tensões nos mercados financeiros desde a crise; e por último, um curso de reformas instável e não implementado em alguns Estados-membros.

Segundo a Comissão Europeia, mesmo na Alemanha, até então país-modelo, as coisas não vão mais tão bem: em 2014 a economia alemã se arrasta à beira de uma recessão, mas ainda alcança 1,3% de crescimento. No ano seguinte, o nível permanece baixo, e só em 2016, a conjuntura alemã volta a ganhar impulso. Por enquanto, o país estará bem restrito em seu papel de locomotiva econômica da UE. Katainen aconselha investimentos em infraestrutura.

EU Wirtschaftsprognose Herbst 2014 Brüssel 04.11.2014
Katainen (dir.) e Moscovici terão de aprender a trabalhar em conjuntoFoto: Reuters/Y. Herman

Confiança na UE em xeque

No entanto, os prognósticos ficam realmente negativos quando se trata da maior economia nacional da zona do euro, a França: no ano em curso, seu crescimento fica abaixo de 1%, insuficiente para progredir na redução da dívida pública. E o novo endividamento francês aumenta implacavelmente, devendo chegar a até 4,7% do PIB até 2016 – bem distante dos 3% prescritos pelo Pacto de Estabilidade e Crescimento.

A questão é se – e como – a Comissão pode dar mais tempo para o país reduzir suas dívidas, já que ela tem até o fim do mês para se manifestar a respeito do planejamento orçamentário de Paris. A princípio, está claro que não haverá uma advertência de Bruxelas, porém, ainda não está à vista nenhum curso de reforma e austeridade plausível para a França.

Por sua vez, Moscovici reforçou que está na hora de a política europeia agir. "Nas últimas eleições europeias, partiu dos eleitores uma mensagem inquietante para nós: eles nos dizem que querem crescimento e empregos. Por isso, faz tanto sentido o presidente Juncker nos chamar de 'a Comissão da última chance'."

Caso não haja nos próximos cinco anos uma vontade definida nem ação decidida no sentido de crescimento e de vagas de trabalho, os cidadãos poderão ter dúvidas sobre o projeto europeu, advertiu o comissário francês. "Por isso, temos que acrescentar uma nova dimensão à política europeia: estabilização era e é necessária. Agora precisamos de mais dinamismo."

Com isso, Moscovici se referiu a novos investimentos e, nesse ponto, continua defendendo a linha do governo francês. Para a Comissão Europeia, contudo, o impulso virá na forma do pacote de investimentos de 300 bilhões de euros anunciado por Juncker, cujos detalhes ainda são desconhecidos.

Desemprego elevado

Para citar pontos positivos dos prognósticos apresentados em Bruxelas: a economia da Irlanda cresceu sensacionais 3,6% – a lembrança da crise nacional de endividamento quase já vai longe. A Espanha também se encontra em rota ascendente, com expectativa de 1,7% de crescimento para 2015. O que continua sendo catastrófico no país, contudo, é o desemprego, cuja taxa é claramente superior a 20%.

Fabriken in Florange in Frankreich
Indústria francesa precisa de reformasFoto: picture-alliance/dpa

No que tange à zona do euro, em geral, nos próximos dois anos os índices de desemprego só baixarão discretamente, mantendo-se bem acima de 10%. A Comissão segue prescrevendo reformas estruturais e investimentos públicos como antídoto.

A questão que o comissário Katainen não conseguiu responder a contento, é por que a zona do euro apresenta os mais baixos índices de crescimento entre as regiões econômicas mais desenvolvidas. Por um lado, disse, as crises pelo mundo, da Ucrânia até o Oriente Médio, afetam com violência especial sobre a Europa. Além disso, alguns países-membros se acomodaram numa falsa segurança, acrescentou. Afinal, a zona do euro só pode ser tão forte quanto a soma de seus membros.