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Combates em Damasco geraram até 30 mil refugiados em 48 horas, calcula ONU

21 de julho de 2012

Exército sírio intensifica confronto com rebeldes pelo controle da capital, enquanto escalada de violência também atinge segunda maior cidade do país, Aleppo. Nações Unidas manterão observadores por mais 30 dias.

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Syrians cross into Lebanon in private cars at the border crossing in Masnaa, Lebanon, about 40 kilometers (25 miles) from Damascus, Syria, Thursday, July 19, 2012. Private cars as well as taxis and buses carried thousands of people fleeing the violence in the Syrian capital. Syrian forces struck back against rebels Thursday with attack helicopters and shelling in Damascus, one day after an audacious rebel attack in the capital killed three leaders of the regime and left President Bashar Assad's hold on power increasingly tenuous. (AP Photo
Foto: dapd

Rebeldes e tropas do governo sírio intensificaram os confrontos pelo controle de duas grandes cidades: a capital Damasco e Aleppo, segunda maior cidade da Síria. Em Damasco, dois bairros foram bombardeados neste sábado (21/07) pelo Exército, segundo informações do Observatório Sírio dos Direitos Humanos, com base em Londres. Organizações humanitárias contabilizam em milhares os refugiados devido aos últimos combates.

De acordo com o Observatório, os distritos de Kadam e Assali, ao sul de Damasco, foram atacados na madrugada de sexta para sábado pelas forças do presidente Bashar al Assad. O Exército também penetrou em outros dois bairros, no leste e no sudoeste da capital. Moradores relataram a existência de combates em outras partes da cidade. A situação é tensa mesmo nos bairros mais tranquilos, onde na manhã de sábado poucos carros foram vistos transitando nas ruas.

Contraofensiva

As forças sírias começaram na sexta-feira uma contraofensiva em Damasco retomando dos rebeldes, após intensos combates, o controle do distrito de Midan. O Exército também teria retomado o controle dos bairros de Tadamun, Kabun e Barse.

Segundo fontes da oposição, moradores do bairro de Salaheddin, na metrópole econômica Aleppo, fugiram da cidade, na qual a resistência contra Assad se formou apenas nos últimos meses. A universidade tornou-se o centro do movimento de resistência na cidade. Os confrontos em Aleppo começaram poucos dias depois de os rebeldes terem na terça-feira proclamado o início da "batalha de libertação" em Damasco.

In this citizen journalism image, Syrian citizens, below right, wave to Syrian troops who withdraw from the Damascus suburb of Saqba, Syria, on Sunday Aug. 14, 2011, following a campaign of raids and arrests that started overnight and continued Sunday morning. The Syrian security forces have been carrying out security sweeps in the past few days in several of the capital's suburbs as part of a nationwide crackdown against protesters calling for the downfall of President Bashar Assad's regime.(Foto:AP/dapd)
Tropas do governo retomaram controle de bairros ocupados por rebeldes em DamascoFoto: AP

A violência continua em outras partes do país. O Observatório Sírio dos Direitos Humanos relatou haver confrontos no reduto insurgente de Homs e em Deir Essor, no leste da Síria. De acordo com a entidade, na sexta-feira passada 233 pessoas morreram em todo o país – sendo 153 civis, 43 soldados e 37 rebeldes. Estimativas indicam que, desde o início da violência na Síria, mais de 17 mil pessoas foram mortas.

Fuga em meio a bombardeio

Milhares de pessoas estão fugindo dos combates na capital para os estados vizinhos. "Fugimos em meio a um bombardeio", disse um comerciante do bairro Midan, em Damasco, que cruzou a fronteira com o Líbano em Masnaa. "A situação aqui é de uma verdadeira guerra", relatou.

De acordo com o Alto Comissariado da ONU para os Refugiados, os combates em Damasco causaram a fuga de 8 mil a 30 mil pessoas num período de apenas 48 horas. O Comitê Internacional da Cruz Vermelha fala em "mais de 18 mil refugiados".

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, acusou no sábado a liderança síria de não proteger os civis. Durante uma visita à Croácia, ele disse que estava "profundamente chocado com o número crescente de mortes e de pessoas que são forçadas a fugir de suas casas."

A situação na fronteira com o Iraque ainda é confusa. O vice-ministro iraquiano do Interior, Adnan al Assadi, disse que os rebeldes sírios tinham o controle de uma das três principais passagens de fronteira. Na quinta-feira, ele havia dito que os rebeldes estariam controlando toda a fronteira. O primeiro-ministro iraquiano, Nuri al Maliki, por sua vez, dirigiu um apelo urgente para que a ONU proteja os iraquianos na Síria.

Conselho de Segurança

O Conselho de Segurança da ONU prorrogou na sexta-feira, por um período final de 30 dias, o mandato da missão de observadores na Síria. Após uma maratona de negociações que obrigou a adiar por uma hora a votação, os 15 membros do Conselho aprovaram unanimemente uma resolução apresentada por Reino Unido e patrocinada por Portugal, Estados Unidos e Alemanha.

A votação ocorreu no dia seguinte ao veto da Rússia e da China a uma resolução do mesmo Conselho, que renovava o mandato de observadores da ONU por 45 dias e aumentava a ameaça de sanções.

A resolução aprovada, que não prevê sanções, atribui às autoridades sírias "responsabilidade primária" pela segurança dos 300 membros da missão. Nas últimas semanas, os observadores haviam permanecido em suas hospedagens, devido à crescente violência no país. A possibilidade de uma nova prorrogação do mandato foi deixada em aberto.

MD/afp/lusa/dapd
Revisão: Mariana Santos