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Com trajetória controversa, primeira-dama de Zimbabué visa presidenciais

Stefanie Duckstein / Nuno de Noronha29 de outubro de 2014

A percorrer o país com campanha para as presidenciais de 2018, Grace Mugabe afronta adversária e recebe críticas por trajetória política inconsistente e rápida ascensão.

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Grace Mugabe
Foto: J. Njikizana/AFP/Getty Images

No Zimbabué, as atenções têm estado voltadas, nos últimos dias, para Grace Mugabe, a mulher do Presidente Robert Mugabe. A primeira-dama zimbabueana está a percorrer o país com a campanha “conhecer as pessoas”. O objetivo é ganhar eleitorado para concorrer às próximas eleições, previstas para 2018.

As aspirações da Grace Mugabe estão a ser recebidas com desconfiaça na cena política do país. Aos 49 anos, a mulher do Presidente de 90, só recentemente demonstrou interesse pela política. Até então, era comumente conhecida por Gucci Grace ou “Grace, a Arrebatadora”, devido ao seu visual extravagante e às viagens luxuosas para compras que habitualmente faz.

Nascida na África do Sul, a antiga dactilógrafa, entrou para a política a partir do partido do marido. Autonomeou-se Presidente da Liga da Mulher da União Nacional Africana do Zimbabué - Frente Patriótica (ZANU-PF), uma posição que lhe pode dar projeção para o bureau político do partido. Porém, para Wilf Mbanga, diretor do jornal online "The Zimbabwean", Grace não apresenta os prerrequisitos necessários para a posição. Segundo os estatutos da força política, para chegar à liderança é preciso um período de militância não inferior a 15 anos. Algo que Grace Mugabe não possui, adverte Mbanga: “Grace não é uma política, faz parte da novela da política. A Grace não tem qualquer experiência nos assuntos da ZANU-PF ou na política em geral”.

Simbabwe Wahlen 31.07.2013 Mugabe
Robert e Grace Mugabe votam nas eleições de 2013. Robert Mugabe foi reeleito presidente.Foto: Reuters
Simbabwe simbabwischer Cartoonist
Grace Mugabe sob a ótica de um cartunista do ZimbábueFoto: Konrad-Adenauer-Stiftung, Simbabwe

Disputa de poder com adversários

O ministro da Justiça Emmerson Mnangagwa e a vice-presidente do partido Joice Mujuru continuam a ser os candidatos mais proeminentes na corrida à sucessão. Mujuru, viúva de um antigo comandante do movimento de libertação do Zimbabué, morto em circunstâncias desconhecidas, conta com grande popularidade. Grace Mugabe usa a campanha para afrontá-la, por considerar a candidata como sua principal rival: “A senhora Mujuru deve demitir-se. Não há lugar para ela. Ela não fez nada pelo país e quer passar o resto do seu tempo de olho no posto do Presidente. Eu não a vejo com aptidão para governar este país. Ela quer usar dinheiro e derrubar Mugabe”.

Impopularidade

No entanto, a campanha de Grace Mugabe não está a ser bem sucedida, segundo um especialista político reconhecido no Zimbabué e que preferiu não se identificar por temer represálias ou mesmo uma detenção. Segundo ele, a primeira-dama é uma figura impopular e odiada por muitos.

O politólogo teme ainda que o crescimento político rápido e orquestrado de Grace Mugabe resulte em confrontos sangrentos ou mesmo no refreamento da liberdade de expressão e pensamento no país. O receio não é sem fundamento, uma vez que Grace Mugabe já acusou jornalistas de apoiar membros da oposição e receber dinheiro para fazer propaganda negativa contra ela.

Também há pouco tempo, Grace Mugabe recebeu um doutoramento Honoris Causa pela Universidade do Zimbabué. A sua dissertação não é de domínio publico. O título foi-lhe entregue pelo reitor da universidade, o seu marido Robert Mugabe.

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