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Cinco razões pelas quais o Sudão do Sul não entrou na independência com o pé direito

Philipp Sandner / Guilherme Correia da Silva10 de julho de 2014

O Sudão do Sul celebrou (09.07) três anos de independência. Mas o mais jovem país do mundo está mergulhado num forte conflito interno.

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Foto: Reuters

Desde dezembro último que o Sudão do Sul é palco de uma guerra entre as forças leais ao Presidente Salva Kiir e os rebeldes liderados pelo ex-vice-presidente Riek Machar. Até agora, morreram milhares de pessoas. Há mais de um milhão de deslocados.

Já havia quem antevisse este conflito, mesmo antes de ele começar. Eis as cinco razões pelas quais o Sudão do Sul não entrou na independência com o pé direito.

Razão 1: Acordo de paz assinado apenas por algumas das partes em conflito

O Sudão do Sul tornou-se independente a 9 de julho de 2011. Foi essa a vontade da população em referendo. As sementes para a criação do novo país foram plantadas no acordo de paz de 2005 entre o Governo sudanês e o Movimento Popular de Libertação do Sudão, o SPLM. Mas muitos ficaram fora como afirma Jason Mosley, do instituto de pesquisas britânico Chatham House.

Südsudan Riek Machar Soldaten April 2014
Tropas de Riek Machar (abril de 2014)Foto: AFP/Getty Images

“Apesar de ser chamado ‘Amplo Acordo de Paz’, este acordo não resolveu todos os conflitos entre os grupos regionais e o Governo central. As crises do Darfur e do leste do Sudão não foram abordadas. Nem todas as partes em conflito foram envolvidas, só os principais grupos armados", observa Mosley.

Razão 2: Criar uma fronteira não resolve problemas

Peter Schumann, ex-chefe da missão das Nações Unidas no Sudão, diz que, na altura da independência, se pensava que todos os problemas seriam resolvidos. “As partes em conflito foram separadas por uma fronteira e pensava-se que se podia ignorar as origens do conflito”, lembra Schumann.

Riek Machar und Salva Kiir
Riek Machar (esq.) e Salva KiirFoto: Ashraf Shalzy/AFP/Getty Images

Quando o líder do Movimento Popular de Libertação do Sudão, John Garang, morreu em 2005, pouco depois de se assinar o acordo de paz, Salva Kiir foi para o seu lugar e foi posta de lado a visão de um Sudão unido e reformado. Por isso é que a fronteira não foi delineada no acordo.

Razão 3: O petróleo como fonte de instabilidade

Ainda está por definir concretamente quem tirará proveito das vastas reservas de petróleo que ficam no que é hoje o Sudão do Sul.

O novo país não precisou de muito tempo para utilizar o petróleo como meio de pressão e fechou temporariamente as torneiras para enfraquecer o vizinho Sudão.

Razão 4: A pobreza continua

O Sudão do Sul pode ser rico em petróleo, mas a população continua a viver na pobreza.
Até agora, o governo sul-sudanês ainda não consegue satisfazer necessidades básicas das pessoas. Há problemas no sistema de saúde e na educação.

Segundo Abraham Avolich, do centro de pesquisas sul-sudanês SUDD, “se as pessoas continuam a viver na pobreza, haverá sempre líderes políticos que usam isso em seu proveito e põem sectores da população uns contra os outros para se manterem no poder”.

Südsudan Flüchtlinge 24.03.2014 Mingkaman Flüchtlingslager
Sudaneses do sul vivem em extrema pobrezaFoto: Reuters/Kate Holt/UNICEF

Razão 5: Uma sociedade traumatizada e armada até aos dentes

Para Peter Schumann, ex-chefe da missão das Nações Unidas no Sudão, o país viveu décadas de conflito e ainda falta uma reconciliação nacional.

“É uma população bastante traumatizada e que está bastante armada. As pessoas viram-se umas contra as outras”, rematou Schumann.

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