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Ciberespionagem volta a confrontar China e Estados Unidos

7 de maio de 2013

Pela primeira vez, Pentágono acusa diretamente Pequim por ataques informáticos. Chineses rebatem com críticas. Problema é tema sensível para relação bilateral e, segundo Casa Branca, já preocupa mais que terrorismo.

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Foto: picture-alliance/AP Photo

A China desqualificou nesta terça-feira (07/05) o que os Estados Unidos, pela primeira vez na História, sugeriram ser um ato deliberado de guerra cibernética – num novo capítulo do que vem se consolidando como um dos temas mais sensíveis das relações bilaterais. Para Pequim, as acusações americanas foram "infundadas, irresponsáveis e prejudicais" para a cooperação entre os dois países.

Relatórios anteriores já estimavam que pelo menos 90% da ciberespionagem nos EUA tinham a China como origem. Mas os dados do Pentágono, apresentados em seu relatório anual ao Congresso na segunda-feira, foram os primeiros a também apontar diretamente o governo e as Forças Armadas chinesas como responsáveis. "O governo chinês e as Forças Armadas jamais realizaram atividades de espionagem cibernética", disse nesta terça-feira o coronel Wang Xinjun, do Exército de Libertação Popular da China.

Segredos militares e industriais

O relatório de mais de 80 páginas aponta como principal objetivo da espionagem o roubo de segredos e tecnologia industrial, mas ressalta que também houve uma série de invasões com objetivos políticos. A informação coletada, afirma o texto, poderia facilmente ser usada para construir um mapa dos sistemas de defesa, logística e outras atividades militares, passível de ser explorado pelos chineses contra os EUA, numa eventual crise.

"Em 2012, vários sistemas informáticos de todo o mundo, incluindo os do governo americano, foram alvo de contínuas invasões, algumas das quais parecem ser diretamente originadas do governo e das Forças Armadas da China", diz o texto.

Symbolbild Internet Spionage Kriminalität Cyberangriffe
Segundo Pentágono, espionagem é prática sistemática por parte dos chinesesFoto: picture alliance/dpa

Ainda não está claro por que o governo americano escolheu o relatório anual do Pentágono para fazer as acusações pela primeira vez. Em março passado, o Pentágono admitiu que os ataques e a espionagem informática haviam se tornado a principal preocupação das várias agências de inteligência e segurança do país, suplantando o terrorismo internacional pela primeira vez.

Um mês antes, num relatório de 78 páginas, a empresa americana Mandiant, especializada em segurança de TI, explicou detalhadamente como um grupo de hackers que opera em Xangai espionou pelo menos 140 companhias dos EUA desde 2006, tendo roubado centenas de terabytes de dados.

Espionagem

Washington tenta aplicar uma estratégia mais incisiva para proteger seus segredos militares e as empresas do país. Entre outras medidas, ameaçou recentemente impor sanções econômicas aos países envolvidos na prática. Mas a China, comumente apontada por especialistas como responsável por boa parte das invasões, sempre rechaçou as acusações.

"A China já disse repetidas vezes que se opõe firmemente a todas as formas de ataques informáticos", disse nesta terça-feira Hua Chunyingb, porta-voz do Ministério chinês das Relações Exteriores. "Estamos tentando cooperar com os EUA em termos de segurança na internet e nos posicionamos de forma firme contra qualquer acusação infundada e especulações."

US Außenminister Kerry in China
Secretário de Estado John Kerry em visita à China, em abril passadoFoto: Reuters

O estudo do Pentágono, no entanto, fala de uma prática de espionagem sistemática por parte da China, onde estaria se tornando quase uma "doutrina militar". Além disso, para evoluir na prática, Pequim, viria aproveitando o conhecimento de alguns dos milhões de estudantes chineses que participam de intercâmbios acadêmicos pelo mundo.

Segundo especialistas, o tema ciberespionagem é uma das maiores preocupações para as relações China-EUA. O tema teria sido a razão das recentes viagens do secretário do Tesouro americano, Jacob Lew, e do chefe do Estado-Maior, o general Martin Dempsey, à China. Em abril, em Pequim, o secretário de Estado John Kerry também colocou a ciberdefesa como uma das prioridades dos Estados Unidos.

RPR/ap/rtr/afp