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Mais perto do diagnóstico precoce de Alzheimer

Fabian Schmidt (cn)9 de julho de 2014

Equipe britânica identificou dez proteínas relacionadas ao avanço da doença neurodegenerativa mais comum do mundo. Meta de longo prazo é criar um teste rápido que permita começar mais cedo com o tratamento do Alzheimer.

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Foto: picture-alliance/dpa

Pesquisadores britânicos identificaram proteínas sanguíneas possivelmente relacionadas a uma posterior eclosão do mal de Alzheimer. A descoberta pode ser a base para o diagnóstico precoce da doença, abrindo novas perspectivas para a pesquisa de medicamentos.

O sangue humano possuiu mais de 20 mil proteínas, das quais a equipe de cientistas do King's College de Londres, liderada pelo professor Simon Lovestone da Universidade de Oxford, se concentrou em analisar 26, sob a suspeita de estarem relacionadas com o Alzheimer.

O estudo foi publicado nesta terça-feira (08/07), na revista especializada Alzheimer & Dementia. Para ele, a equipe analisou amostras de sangue de 1.148 pessoas, das quais 476 já eram pacientes de Alzheimer e 220 sofriam de deterioração cognitiva leve (DCL). As demais 452 eram idosos sem diagnóstico de demência.

Na primeira fase, os cientistas identificaram 16 proteínas fortemente relacionadas com os males cognitivos ou com o Alzheimer. Em seguida, tentaram verificar quais delas possuíam um papel relevante em processos do organismo que levam à evolução da DCL para o mal de Alzheimer.

Hirnaufnahme Uniklinik Leipzig Alzheimer Forschung
Atualmente Alzheimer é sempre diagnosticado tarde demaisFoto: picture-alliance/dpa

Entre os 220 pacientes diagnosticados com deterioração cognitiva, 51 desenvolveram Alzheimer no prazo de um ano, conta à Deutsche Welle Christoper Pearce, presidente da empresa Proteome Sciences, que encomendou o estudo. Observando esses casos, os cientistas puderam limitar sua busca a dez proteínas.

"A maioria das pessoas possui algumas ou até a maioria dessas dez proteínas no sangue, mas para o diagnóstico, o importante é a concentração de cada uma delas", revela Pearce. Entretanto, não só a quantidade absoluta é relevante, pois "as alterações na concentração dessas proteínas são decisivas na deterioração cognitiva leve e no Alzheimer".

Teste e medicamentos

A partir desses números, os pesquisadores do King's College puderam reconhecer se uma evolução grave da doença é provável. "Nós estamos muito confiantes de que a combinação específica em que essas proteínas aparecem no sangue fornece uma boa indicação se a DCL evoluirá para Alzheimer, e isso com uma precisão de 87%", revela o presidente da Proteome Sciences.

O objetivo de longo prazo da pesquisa é desenvolver um teste rápido para diagnóstico precoce, o que exige a análise de um grupo maior de voluntários, entre 5 mil e 10 mil. No entanto, ainda não se trata de curar os pacientes, mas de criar condições para futuras pesquisas mais profundas.

Um grave problema na pesquisa de medicamentos contra Alzheimer tem sido o tratamento sempre começar tarde demais, não sendo possível identificar o eventual sucesso terapêutico de algum princípio ativo. "Antes do diagnóstico do Alzheimer, a doença já está agindo no cérebro há anos. Muitos estudos de medicamentos falham porque no curto período que o doente recebe medicação, os danos cerebrais já estão avançados demais", explica o chefe da equipe de pesquisa, Simon Lovestone.

Para James Pickett, da organização beneficente britânica Alzheimer's Society, a precisão de 90% do princípio do teste desenvolvido ainda é insuficiente, mas ele prometeu à agência de notícias francesa AFP "acompanhar com interesse o avanço desse estudo".

Alzheimer é a doença neurodegenerativa mais comum, afetando 44 milhões de pessoas em todo o mundo. Em consequência do desenvolvimento populacional e do aumento da expectativa de vida, esse número pode chegar a 135 milhões em 2050.