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Chifres de rinoceronte roubados de armazém da polícia

Leonel Matias (Maputo) / gcs28 de maio de 2015

A polícia moçambicana deteve seis indivíduos suspeitos de roubarem 12 chifres de rinoceronte armazenados numa instituição estatal. Ambientalistas já tinham avisado que guardar os chifres apreendidos era má ideia.

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Foto: AP

A polícia confirmou esta quarta-feira (27.05) o desaparecimento dos 12 chifres de rinoceronte, equivalentes a um total de 50 quilos. Os chifres faziam parte da maior apreensão de sempre daquele produto registada no país em meados deste mês. Na altura, a polícia confiscou 340 pontas de marfim e 65 cornos de rinoceronte, representando cerca de 235 animais abatidos.

Segundo o porta-voz da polícia na província de Maputo, Emídio Mabunda, os chifres estavam armazenados numa instituição do Estado, que recusou identificar. Seis indivíduos foram detidos em ligação com o caso.

"Esses indivíduos produziram algumas réplicas para substituir os cornos desaparecidos. E há pessoas que tinham acesso ao local que teriam facilitado o desaparecimento", afirmou Mabunda. "Espero que, até ao final desta semana, consigamos recuperar os cornos perdidos e a responsabilização de todos os indivíduos suspeitos até então no desaparecimento desses cornos."

Carlos Serra Júnior já alterara para " o grande risco" que representava o armazenamento da mercadoria apreendida. O ambientalista defendeu a incineração pública do marfim e dos cornos de rinoceronte para evitar que o material confiscado voltasse a entrar no circuito da ilegalidade.

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Moçambique é um dos países africanos mais afetados pela caça furtivaFoto: ALEXANDER JOE/AFP/Getty Images

Penas mais duras

Moçambique figura entre os países africanos com o maior número de elefantes abatidos por caçadores furtivos. O censo de 2014, divulgado esta semana pelo Governo, revela que houve uma redução da população de elefantes de 48% nos últimos cinco anos.

O Executivo moçambicano aprovou em abril de 2014 uma lei prevendo penas duras para os crimes de caça furtiva e comercialização de espécies animais protegidas. A Procuradora-Geral da República, Beatriz Buchili, disse a 7 de maio no Parlamento que, no ano passado, foram instaurados 75 processos-crime relacionados com a caça furtiva; 57 desses casos foram julgados e, em 23, os réus foram condenados a penas de prisão e multa. Segundo Buchili, 15 processos estão em instrução preparatória.

O ministro da Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural, Celso Correia, afirmou esta semana que a maior prioridade do seu setor é inverter em dois anos a atual tendência de abate de elefantes: "Houve uma iniciativa no sentido de lançar uma força junto às áreas de conservação. Tomámos a iniciativa de começar o processo de reassentamento das comunidades que estão ainda a residir dentro das áreas de conservação. E foi lançado o programa MozBio para desenvolver projetos de desenvolvimento das comunidades que vivem em proximidade das áreas de conservação."

Fiscalização

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O ambientalista Carlos Serra Júnior defende que a fiscalização deve ser reforçada. É preciso reunir as "condições, os meios, a motivacao necessária para desmantelar sem receio estas redes. Porque estas redes estão dispostas a fazer tudo para alcançar os seus intentos", afirmou.

O Fundo Mundial para a Natureza (WWF) classificou o desaparecimento dos 12 chifres de rinoceronte que estavam nas mãos da polícia como um "golpe" contra os esforços de combate aos crimes ambientais.

Anabela Rodrigues, responsável da WWF Moçambique, disse, no entanto, que é encorajador o facto de alguns suspeitos já terem sido detidos. "As autoridades moçambicanas devem fazer tudo o que estiver ao seu alcance para recuperar os cornos roubados antes de eles serem contrabandeados, além de deter e processar todos os envolvidos - tanto os traficantes e caçadores furtivos como os funcionários corruptos."