1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

"Cern é um exemplo para a política", diz diretor

Fabian Schmidt (cn)29 de setembro de 2014

Em entrevista à DW, Rolf-Dieter Heuer afirma que sucesso do centro europeu de pesquisas nucleares, que completa 60 anos, é fruto de uma bem-sucedida cooperação internacional.

https://p.dw.com/p/1DNED
Foto: picture-alliance/dpa/Martial Trezzini

Há 60 anos, entrava em vigor o tratado que criou o Cern – o centro europeu de pesquisas nucleares – e, com ele, o primeiro passo para a construção do Grande Colisor de Hádrons (LHC), o maior acelerador de partículas do mundo, localizado próximo a Genebra.

Atualmente 21 países fazem parte do maior centro de física elementar do mundo. Em 2012, os pesquisadores do Cern conseguiram, no LHC, comprovar a existência do Bóson de Higgs, também chamado de "Partícula de Deus". Essa foi a maior descoberta do Cern e rendeu um prêmio Nobel aos pesquisadores responsáveis.

Em entrevista à DW, o diretor-geral do Cern, o alemão Rolf-Dieter Heuer, diz que o centro funciona porque é uma referência em cooperação internacional. "Esse poderia ser um exemplo para a política", afirma.

Deutsche Welle: Qual a importância política do Cern nesses 60 anos?

Schweiz Deutschland Forschung Rolf-Dieter Heuer CERN
Desde 2009 Heuer é diretor-geral do CernFoto: 2012 CERN

Rolf-Dieter Heuer: Muito mudou na política mundial nesse período. No início havia países que se isolaram dos outros. Houve a Cortina de Ferro, as relações dos EUA com Rússia e China eram difíceis. E tudo isso podia ser ignorado no Cern. Pessoas de todos esses países trabalhavam juntas no centro. E durante todos esses anos, esse foi o caso.

Quando eu vejo que atualmente trabalham juntos conosco israelenses e palestinos, paquistaneses e indianos, isso revela que cooperação pode funcionar, pelo menos no setor da ciência e tecnologia. Esse poderia ser um exemplo para a política.

Nos últimos dois anos houve uma longa pausa no LHC. Por quê?

Era preciso fazer melhorias e reparos, mas também avaliar os dados já coletados, os pesquisadores ainda trabalham nisso. Além disso, há os preparativos para a nova "corrida", ou seja, reiniciar o acelerador e a próxima fase de experimentos.

A próxima fase pode ser mais emocionante do que a caça ao Bóson de Higgs, na qual havia uma boa noção do que era esperado. O senhor tem agora uma ideia parecida do que está sendo procurado?

Com o Bóson de Higgs, nós completamos nosso modelo e entendimento sobre o universo visível. Agora nós podemos descrever cerca de 5% do universo. Nós sabemos muito pouco ou quase nada sobre os 95% restantes. Eu acredito que nós ainda temos que dar um grande passo e, se a natureza for nossa amiga, talvez, nos próximos anos, abriremos a primeira janela para entender o universo escuro.

Cern comemora 60 anos

O LHC deve funcionar até 2035. O que vai acontecer depois?

Depende dos resultados obtidos a partir do LHC e outras unidades, como telescópios. A partir de então podemos dizer o que vai acontecer. Como o tempo de vida de nossas unidades é bem grande, nós precisamos desde agora começar a falar sobre novos espaços.

Por exemplo, em 1984, foi falado pela primeira vez sobre o LHC, ou seja, há 30 anos. Falar não custa muito e, se não começarmos a estudar, não teremos nada depois. Agora nós refletimos se precisamos de um acelerador de partículas circular maior ou seria melhor um acelerador linear ou outra coisa.

Qual é a vantagem de um acelerador linear?

Para jogar prótons uns contra os outros é possível permanecer em um círculo. Mas para jogar elétrons uns contra os outros, eles perdem tanta energia em um círculo que em algum momento é impossível reabastecê-las. Isso pode ser compensado aumentando o raio do acelerador. E o maior raio é infinito, ou seja, linear.

E qual é o futuro do LHC?

O LHC, por exemplo, poderia ser um pré-acelerador para trabalhar com prótons. Eles seriam acelerados em um anel de 100 quilômetros. O acelerador linear seria totalmente independente dele.