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CEDEAO diz que militares guineenses merecem resposta firme

3 de maio de 2012

Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental diz que região "não pode tolerar desafio perpétuo dos militares da Guiné-Bissau, que tentam impor sua vontade ao povo". Foi a segunda reunião do órgão em uma semana.

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Golpe de Estado na Guiné-Bissau
Golpe de Estado na Guiné-BissauFoto: Reuters

Na abertura, esta quinta-feira (03.05) em Dacar, de uma cimeira extraordinária do Grupo de Contacto da CEDEAO, os Chefes de Estado da África Ocidental presentes denunciaram a atitude que consideram de "desafiadora" das juntas militares que ocuparam o poder na Guiné-Bissau e no Mali.

O encontro, o segundo em uma semana, foi exclusivamente consagrado às crises que desestabilizam esses dois países, em particular, e a região ocidental africana no seu todo.

Esta cimeira ocorreu uma semana após a realizada a 26.04 em Abidjan (Costa do Marfim), no termo da qual a CEDEAO decidiu enviar tropas para a Guiné Bissau e para o Mali, além de fixar em um ano os períodos de transição antes da realização de eleições presidenciais e legislativas nos dois países.

Na abertura da cimeira na capital senegalesa, o presidente anfitrião Macky Sall destacou que "a situação não evolui de maneira positiva nos dois países".

Para Sall, "cada um deve compreender que a CEDEAO não tem outro objectivo além de ativar a solidariedade regional, visando ajudar um país irmão a sair de uma situação má e dirigir-se para uma transição e uma conquista legítima do território nacional, hoje submetida à lei da rebelião".

CEDEAO "não pode tolerar perpétuo desafio dos militares"

Por seu turno, Desiré Kadré Ouédraogo, presidente da Comissão da CEDEAO, foi claro na sua intervenção ao anunciar com firmeza que a região "não pode tolerar este perpétuo desafio dos militares da Guiné-Bissau, que em desrespeito total pelas regras constitucionais, tentam impor a sua vontade ao povo".

Ouédraogo enfatizou ainda que é preciso que a CEDEAO se mostre firme "em relação às posições e princípios sobre o papel dos militares em todas as democracias".

Já o presidente em exercício da CEDEAO, o marfinense Alassane Ouattara, denunciou também a atitude de desafio das duas juntas militares – o que obriga o órgão regional "a tomar posições mais firmes no seio da organização. Essa consulta se impõe numa altura em que se assiste a uma degradação e um frequente vaivém da junta militar na Guiné-Bissau", constatou Ouattara. Tais situações impedem o regresso à normalidade constitucional.

Lembramos que a Guiné-Bissau tem sido regularmente vítima de convulsões políticas e militares e isso desde a sua independência em 1974, depois de uma longa guerra de libertação contra o poder colonial português. O país, apontado nos últimos anos como placa giratória do tráfico da droga entre a América do Sul e a Europa, está a viver desde 12.04 uma grave crise político-militar .

Ambiguidade

Os autores do golpe têm manifestado nos últimos dias uma atitude ambígua em relação a uma saída para a crise. Eles aceitaram numa primeira fase as decisões da CEDEAO anunciadas em Abidjan quanto ao envio para Bissau de um contingente militar e relativo ao início de uma transição de um ano dirigida pelos civis.

Mas, três dias depois, numa reunião em Banjul, capital da Gâmbia, a CEDEAO decidiu impor sanções contra a Guiné-Bissau, ao anunciar que, de forma inesperada os militares recusaram todas as decisões.

Na última terça-feira (01.05), a junta militar anunciou novamente que aceitava "todas as exigências" da organização sub-regional sobre o regresso dos civis ao poder, com a exceção do restabelecimento nas suas funções de presidente interino Raimundo Pereira.

Este último foi preso durante o golpe de Estado, juntamente com outros dirigentes do país, entre eles o ex-primeiro-ministro Carlos Gomes Júnior. Tanto Pereira quanto Gomes Júnior já foram libertos e se encontram exilados em Abidjan.

Entretanto, a União Europeia, adotou esta quinta-feira (03.05) sanções contra seis responsáveis do golpe de Estado na Guiné Bissau, tendo exigido novamente o "regresso imediato do país à ordem constitucional". A lista com os nomes das pessoas agora proibidas de entrar e circular no espaço europeu e seus bens congelados, será oficialmente divulgada esta sexta-feira (04.05).

Autor: António Rocha
Edição: Renate Krieger

Discórdia entre membros do Comando Militar (foto) e CEDEAO é volta do ex-presidente Raimundo Pereira ao poder
Discórdia entre membros do Comando Militar (foto) e CEDEAO é volta do ex-presidente Raimundo Pereira ao poderFoto: picture-alliance/dpa
Reunião da CEDEAO em Abidjan decidiu envio de soldados à Guiné-Bissau para facilitar transição
Reunião da CEDEAO em Abidjan decidiu envio de soldados à Guiné-Bissau para facilitar transiçãoFoto: Reuters
Em 15.04, militares dispersam manifestações contra o golpe de Estado
Em 15.04, militares dispersam manifestações contra o golpe de EstadoFoto: Reuters
Desiré Kadré Ouédraogo, presidente da Comissão da CEDEAO, diz que órgão "não pode mais tolerar" atitude desafiadora dos militares guineenses
Desiré Kadré Ouédraogo, presidente da Comissão da CEDEAO, diz que órgão "não pode mais tolerar" atitude desafiadora dos militares guineensesFoto: picture-alliance/dpa

03.05.12 CEDEAO-Conf.Dacar-GBissau/Mali - MP3-Mono

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