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Cabo Verde analisa desacordos eleitorais, origens de conflitos

27 de julho de 2012

Foco principal de reunião são os PALOP, países africanos de língua oficial portuguesa, e Timor Leste, pouco mais de um mês antes das eleições gerais em Angola, marcadas para 31.08.

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Desacordos eleitorais podem levar a conflitos civis como o de Angola, terminado em 2002
Desacordos eleitorais podem levar a conflitos civis como o de Angola, terminado em 2002Foto: picture-alliance/dpa

Durante a conferência, os representantes de Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Timor Leste fizeram um enquadramento conceitual do contencioso [litígio] eleitoral na perspectiva dos órgãos deliberativos, constitucionais e de gestão eleitoral de diferentes países.

Esta sexta-feira, último dia da reunião, representantes dos países africanos lusófonos e de Timor Leste, reunidos em Cabo Verde, concentram-se nos conflitos eleitorais.

A experiência dos países nesse assunto deverá permitir a análise de "questões muito particulares de gestão e de transformação de conflitos, para evitar que o contencioso e a gestão do contencioso acabe por resultar numa escalada de violência de conflito eleitoral ou ponha em causa o sentido de justiça eleitoral", disse à DW África o bissau-guineense Ricardo Godinho Gomes, gestor do projeto Pró-PALOP-Timor-Leste, entidade que organiza o encontro em parceria com o Supremo Tribunal de Justiça de Cabo Verde.

Contencioso eleitoral: faísca para conflitos

Da conferência sairão recomendações sobre as boas práticas em matéria eleitoral, disse Godinho, reunidas num relatório e numa declaração de princípios dos participantes. Para o organizador da conferência, o contencioso eleitoral não é tratado em muitos livros especializados sobre conflitos eleitorais.

Mas "é preciso ter em consideração que a questão do contencioso eleitoral esteve ligada à maior parte das disrupções (sic) políticas e sociais dos nossos sistemas políticos em praticamente todos os PALOP, não só na Guiné-Bissau. O conflito que levou à guerra civil em Angola resultou precisamente de um contencioso na primeira volta das presidenciais", explicou Godinho.

A Juíza Conselheira do Tribunal Constitucional angolano, Luzia Sebastião, considera o encontro da Cidade da Praia muito importante para o ciclo que o seu país vai viver no dia 31.08 com as eleições gerais: "Nós, do Tribunal Constitucional, seremos chamados a validar o resultado das eleições. É exatamente neste momento que se colocam os problemas que aqui são abordados", afirmou a juíza.

Atenção voltada para as eleições gerais em Angola

Em 1992, na sequência de um contencioso eleitoral, Angola conheceu um conflito militar. Nestas eleições, a Juíza Conselheira do Tribunal Constitucional angolano considera que este cenário está fora de hipótese: "Nós, os angolanos, achamos que o momento é de trabalho e de andar com o país para a frente. Guerras, conflitos armados, de fato, já não estão a fazer parte do nosso vocabulário", afirmou.

Porém, o que faz parte do vocabulário da UNITA, o maior partido da oposição em Angola, neste processo eleitoral são críticas, dúvidas sobre a credibilidade dos órgãos eleitorais angolanos e avisos de que não vai aceitar fraudes.

Para Luzia Sebastião, as críticas e as queixas da UNITA têm sido resolvidas: "Acredito que, se a UNITA está a reclamar, deve estar a reclamar porque entende haver falhas em alguns dos momentos do processo. Agora, é normal, porque o processo requer isso mesmo: que as pessoas reclamem sempre que não estiverem de acordo com alguma coisa. A única coisa que se pede é que esta reclamação seja feita pelos meios legais", disse a juíza angolana.

Autor: Nélio dos Santos (Cidade da Praia)
Edição: Renate Krieger / António Rocha

Soldados do governo angolano se defendem no Cuanza Sul em 1993, durante conflito civil no país
Soldados do governo angolano se defendem no Cuanza Sul em 1993, durante conflito civil no paísFoto: picture-alliance / dpa
Diferendo eleitoral de 1992 levou a conflito civil em Angola; Jonas Savimbi (dir.) não aceitou os resultados da eleição vencida pelo atual presidente José Eduardo dos Santos (esq.)
Diferendo eleitoral de 1992 levou a conflito civil em Angola; Jonas Savimbi (dir.) não aceitou os resultados da eleição vencida pelo atual presidente José Eduardo dos Santos (esq.)Foto: picture-alliance/dpa

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