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Brasileiros votam em clima de plebiscito

Fernando Caulyt25 de outubro de 2014

Mais de 142 milhões de eleitores escolhem o novo presidente da República após uma campanha eleitoral marcada por denúncias, pela polarização e pelo ódio mútuo.

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Foto: Reuters/R. Moraes

Os brasileiros vão às urnas neste domingo (26/10) definir o novo presidente da República, no segundo turno de disputa mais acirrada desde aquele que, em 1989, opôs os candidatos Fernando Collor e Luiz Inácio Lula da Silva.

Desta vez concorrem a presidente Dilma Rousseff (PT) e o ex-governador de Minas Gerais Aécio Neves (PSDB). As últimas pesquisas, divulgadas neste sábado pelo Ibope e pelo Datafolha, indicam vantagem de Dilma. No Datafolha, ela tem 52% dos votos, contra 48% de Aécio, resultado que significa empate técnico. No Ibope, a diferença é de seis pontos, 53% a 47%, e está fora da margem de erro.

Mais do que uma disputa pela Presidência da República, a eleição de 2014 se converteu num plebiscito extra-oficial sobre os 12 anos de governo do PT. Nas ruas e também na mídia, principalmente nas redes sociais, fica clara a extrema polarização entre petistas e antipetistas, num confronto marcado pela troca de acusações e pelo ódio mútuo. Ambos os lados usaram a palavra ódio para se referir ao comportamento do adversário.

Enquanto os petistas promovem a versão do embate entre ricos e pobres e jogam todas suas fichas nos programas sociais dos governos Lula e Dilma, os antipetistas insistem na tecla da corrupção, principalmente nos escândalos da Petrobras e do mensalão.

Em meio à troca de acusações, temas fundamentais para o país ficaram em segundo plano, como, por exemplo, a recuperação econômica. "Temos uma das mais polarizadas e disputadas eleições desde a redemocratização. Isso se dá muito em função do insucesso do PT, sob o governo Dilma, em manter um ritmo satisfatório de crescimento econômico", avalia o cientista político Leonardo Paz, do Ibmec/RJ.

Paz afirma que, nas duas eleições anteriores, quando Lula era o candidato, as críticas feitas ao modelo petista eram enfraquecidas pelo bom desempenho econômico brasileiro. "Como o governo Dilma não consegue replicar esse sucesso, isso faz com que as críticas apareçam com força", afirma.

Voto a voto

A disputa entre Dilma e Aécio deverá ser voto a voto, mesmo que as pesquisas mostrem que os dois candidatos deixaram de estar tecnicamente empatados na semana anterior à eleição. A vantagem de quatro a seis pontos percentuais de Dilma, segundo Datafolha e Ibope, significa que a eleição ainda está indefinida.

"A lógica aponta para a reeleição de Dilma por uma pequena margem, mas isso está longe de ser garantido", afirma Paz. O primeiro turno deixou claro que as pesquisas também erram, ou que os eleitores podem mudar o voto na última hora, também movidos por acontecimentos recentes.

Os principais fatores de última hora que podem influenciar a decisão dos eleitores são o debate da TV Globo, realizado na noite de sexta-feira, e a denúncia feita pela revista Veja, que afirmou que tanto Lula como Dilma tinham conhecimento das irregularidades na Petrobras.

Especialistas asseguram que cerca de 15% dos eleitores escolhem seus candidatos na última hora. Outro elemento de incerteza é a taxa de abstenção, que costuma ser maior no segundo turno do que no primeiro. Há três semanas, 19,39% dos eleitores, ou seja, cerca de 27,9 milhões de pessoas deixaram de ir às urnas.

"Além das abstenções, temos ainda cerca de 11 milhões de votos nulos e brancos. Esse é um número nada desprezível e, somados, esses votos estariam em terceiro lugar se representassem um candidato", comenta o sociólogo Rodrigo Prando, do Mackenzie.

Segundo ele, deve haver uma tendência de maior abstenção nas regiões Norte e Nordeste do país, o que é prejudicial à candidata do PT. Dilma tem nessas regiões, fortamente beneficiadas pelos programas sociais do governo, o seu mais forte reduto.