1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Brasil e China lançam com sucesso satélite CBERS-4

Nádia Pontes7 de dezembro de 2014

Quinto satélite do projeto de colaboração entre os dois países, o CBERS-4 é lançado com êxito de base chinesa. Imagens captadas ajudarão a monitorar áreas de desmatamento, queimadas, e expansão agrícola.

https://p.dw.com/p/1E0Xs
Chinesischen Raketenstart einer Langer Marsch 4b Rakete in Taiyuan
Foto: Reuters/Stringer

Depois de uma tentativa frustrada em dezembro do ano passado, o satélite CBERS-4, fruto da parceria entre Brasil e China, entrou em órbita com sucesso neste domingo (07/12). O lançamento ocorreu na base de Taiyuan, na China, às 11:26 (horário local, 01:26 no horário de Brasília) e foi acompanhado por autoridades brasileiras.

Quatorze minutos depois de o foguete chinês Longa Marcha 4B ter deixado a base, a tensão deu lugar às palmas na sala de comando do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), onde parte do satélite foi desenvolvido. A equipe técnica brasileira se reuniu em São José dos Campos (SP), sede do instituto, para acompanhar o evento em tempo real, que foi transmitido via áudio.

"Estamos felizes e aliviados”, comemorou Pawel Rozenfeld, chefe do Centro de Rastreio e Controle de Satélites do Inpe. “O ponto crítico é a abertura dos painéis solares, e deu tudo certo. O satélite pode gerar energia para funcionar e não depende mais das baterias”, disse à DW Brasil,que acompanhou o lançamento do Inpe.

O sucesso do CBERS-4 supera o trauma do CBERS-3, lançado há um ano. O satélite não entrou em órbita devido a uma falha no terceiro estágio do lançamento do foguete chinês. Os erros foram corrigidos e a programação foi antecipada em um ano – a princípio, o CBERS-4 iria para o espaço somente no fim de 2015.

“Equipar todo o satélite em apenas um ano foi um grande desafio. É um intervalo de tempo muito curto”, ressaltou Rozenfeld. O transporte do módulo desenvolvido no Brasil ocorreu em janeiro e a montagem final do equipamento ocorreu na China. Apesar do incidente em 2013, o índice de sucesso do foguete é considerado alto pelos especialistas: atéhoje, foram apenas 2 falhas em 102 lançamentos.

Monitoramento dos territórios

Assinadoentre os dois países em 1988, o programa CBERS (China-Brazil Earth Resources Satellite) já lançou cinco satélites. Todos têm oobjetivo de fazer o sensoriamento remoto — observar principalmente as mudanças na superfície dos dois países de dimensão continental.

A versão atual do satélite é equipada com quatro câmeras apontadas para a Terra, uma delas desenvolvida inteiramente no Brasil. Elas irão captar imagens que serão usadas para monitorar áreas de desmatamento, queimadas, expansão agrícola, nível de reservatórios, entre outras aplicações.

Brasilien Inpe - Kontrollraum
Pesquisadores acompanham lançamento de satélite da sede do Inpe, em São José dos CamposFoto: DW/N. Pontes

Os custos foram divididos igualmente entre os dois parceiros: para o CBERS-4, o Brasil destinou cerca de 150 milhões de reais. Um orçamentomodesto se comparado aos bilhões gastos nos projetos da Agencia Espacial Europeia (ESA) – e um dos motivos que dificultam a parceriado Brasil com os europeus.

“O projeto CBERS é uma questão estratégica para o Brasil, para que o país tenha mais autonomia na observação do seu território e dependa menos de outros satélites”, defende João Vianei, da Divisão de Sensoriamento Remoto.

O satélite deverá entrar em operação nos próximos três meses. “Até lá, nós iremos testar todo o sistema de transmissão. Já iremos receber imagens nas próximas horas, mas precisamos deste tempo para alguns testes”, completou Rozenfeld. A cada seis meses, China e Brasil alternam o controle do satélite, que tem três anos de vida útil estimada.

Uso gratuito das imagens

As mais de 70 mil imagens do CBERS-4 serão distribuídas gratuitamente a qualquer internauta, inclusive órgãos internacionais. No Brasil, os governos federais e estaduais são os que mais fazem uso do conteúdo, além de empresas privadas.

As câmeras mais potentes a bordo do satélite devem contribuir para o aumento da fiscalização do desmatamento na Amazônia. Elas irão enxergar áreas menores com maior precisão e num intervalo de tempo mais curto.

Além do monitorar os territórios brasileiro e chinês, o satélite fará ainda imagens dos demais países da América do Sul, da África e de alguns países asiáticos.