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Benefícios da exploração florestal não chegam às pessoas

Arcénio Sebastião (Beira)21 de maio de 2015

Madeireiros moçambicanos convocaram um encontro com a governadora da província de Sofala para denunciar irregularidades cometidas por operadores estrangeiros maioritariamente chineses. Mas os chineses não compareceram.

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Toros de madeira saindo da província central de Manica para a exportaçãoFoto: DW/J. Beck

Num debate bastante aceso com a governadora provincial de sofala, Maria Helena Taipo, os operadores florestais moçambicanos acusaram os madeireiros chineses de não canalizarem, como ficou acordado, os 20 por cento dos benefícios para as comunidades locais.

Rui Gonçalves, da Associação de Operadores Florestais de Sofala, denunciou ainda a falta de condições laborais: "Fora os 20 por cento que não são canalizados para as comunidades, penso que é uma preocupação da senhora governadora saber em que mãos pára, de facto esse dinheiro, cuja falta realmente prejudica aquela população. Os trabalhadores trabalham sem qualquer proteção, sem dignidade, nem se quer casas de banho têm."

A DW África tentou sem sucesso gravar uma entrevista com os operadores chineses. Mas segundo eles, a entrega destes valores está sob a responsabilidade dos seus assessores. Um deles, que trabalha para a empresa Hand Chian Limitada, alegou que nem o próprio Governo se tem preocupado com o assunto.

Para onde foram os 20 por cento?

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Plantio de árvores para a exportação na província nortenha do NiassaFoto: DW/J. Beck

Questionada sobre esta situação, Maria Augusta, dos serviços províncias de floresta e fauna bravia, justificou: "Estamos a trabalhar no sentido de melhorar a comunicação com a base. Houve um interregno, sim, mas um interregno ligado à reorganização do próprio processo. Então, a reorganização originou este espaço e acreditamos que vai iremos ultrapassada esta questão o mais rapidamente possível."

Estes depoimentos, foram minimizados por Rui Gonçalves que fez mais denúncias: "A realidade é que neste momento não existe controlo sério das florestas. Nas florestas, cada um está ali para sacar, não é para mais nada. Não há qualquer controlo, as áreas são dadas aos amigos enquanto muitas outras pessoas não têm áeras para explorar. Há um desiquilíbrio total."

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Altos dirigentes moçambicanos também têm os seus nomes envolvidos na exploração ilegal de madeiraFoto: DW/J. Beck

Operadores privados chamados a contribuir no combate à corrupção

Entretanto, a governadora da província central de Sofala, Maria Helena Taipo, garantiu uma guerra sem trégua contra os operadores que não obedecem a lei e manifestou a sua preocupação: "A fraca participação do setor privado e outros intervenientes na fiscalização dos recursos é também um facto que nos preocupa. Para além da construção de salas de aulas e fontes de abastecimento de água, a nossa comunidade necessita também de mobiliário escolar, entre outros."

A governadora solicitou por outro lado uma cooperação mais concreta por forma acabar com esta situação que em nada beneficia as comunidades: "Queremos, mais uma vez, reiterar o nosso pedido de colaboração e contribuição para o cumprimento da lei de terras. Só assim poderemos cessar com os desmandos, a corrupção e os problemas que enfermam o setor de florestas em Moçambique."

Refira-se que mais de oito mil toneladas de madeira provenientes das províncias de Tete, Manica, Inhambane e Sofala são exportadas diáriamente através do porto da Beira. Para Rui Gonçalves, 90 por cento desta exportação é ilegal e envolve as autoridades governamentais e líderes comunitários.

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