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Augsburg: da riqueza medieval à prosperidade de hoje

lk19 de junho de 2004

O comércio com sal e prata e a habilidade dos artesãos fundamentaram na Idade Média a riqueza da cidade fundada pelos romanos. Hoje a prosperidade é garantida pela indústria.

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Prefeitura renascentista e torre antiga da cidadeFoto: Illuscope

O nome remete ao imperador romano Augusto, em cuja regência foi fundada, no ano 15 antes de Cristo, uma base militar que foi o berço de Augsburg, atualmente a terceira maior cidade do Estado da Baviera. A localização privilegiada à margem da Via Claudia, a estrada que ligava Roma à Germânia e se tornou mais tarde uma importante artéria para os mercadores, determinou nos séculos seguintes o destino do povoado, que avançou na Idade Média para uma cidade de riqueza imensurável.

Fugger: influência e engajamento social

O sal e a prata, bem como a habilidade de seus inúmeros artesãos, fundamentaram a prosperidade de Augsburg na época da Renascença. As refeições em quase todas as cortes européias medievais eram servidas em baixelas e consumidas com talheres de prata made in Augsburg, enquanto os comensais portavam preciosos tecidos também confeccionados naquela cidade.

Uma das famílias mais importantes da época foi a dos irmãos Fugger, tendo Jacob Fugger se tornado um dos homens mais poderosos do mundo então conhecido, no século 16. Mesmo o imperador alemão via-se obrigado a buscar empréstimos junto a ele, para poder financiar uma vida pomposa e as intermináveis guerras daqueles tempos.

Fuggerei in Augsburg Wohnsiedlung
O complexo residencial FuggereiFoto: www.fugger.com

As bênçãos de tal prosperidade acabaram recaindo também sobre os pobres da cidade. Por iniciativa dos Fugger, foi erguido entre os anos de 1516 a 1525 o primeiro conjunto habitacional do mundo com fins sociais. O casario da "Fuggerei" está bem conservado e ainda é habitado. Até hoje, é preciso preencher certos requisitos para morar numa das 106 unidades residenciais: ter nascido em Augusburg, ser católico, pobre e ter conduta íntegra. Os moradores pagam um aluguel simbólico de um euro por ano.

Welser, Mozart e Brecht

Ao lado dos Fugger, sobressaíram-se na época os Welser, que foram recompensados pela ajuda financeira ao imperador Carlos V com privilégios nas colônias espanholas na América. Durante décadas, os Welser mantiveram uma enorme feitoria na Venezuela, que administravam praticamente como uma colônia particular.

Porträt von Hans Holbein - The Younger
Detalhe de um retrato pintado por Hans Holbein, o JovemFoto: AP

Mas ainda há muitos outros nomes bem-sonantes ligados à história da cidade. Os pintores Holbein, pai e filho, nasceram em Augsburg, onde também viveram durante séculos os antepassados do compositor e pianista Wolfgang Amadeus Mozart. Consta, aliás, que seu bisavô foi um dos mais ilustres moradores da Fuggerei.

Bertholt Brecht é outro filho ilustre de Augsburg, que custou para se orgulhar dele. Seu espírito rebelde e sua orientação comunista destoavam do caráter pacato da cidade e seus moradores.

Presente entre a história e a indústria

Renascentista e barroco são os estilos que mais deixaram vestígios no centro histórico da cidade, que abriga inúmeros edifícios magníficos que merecem ser apreciados pelo visitante. Sobressai-se a Prefeitura, reconstruída em todo seu resplendor na década de 80 do século passado, depois de severamente destruída na Segunda Guerra Mundial. A seu lado, a imponente torre que, do alto dos 250 degraus de sua escada, oferece uma vista panorâmica da cidade, permitindo — quando o tempo está bom — ver ao longe os Alpes, que ficam a uns cem quilômetros de distância.

A história está presente em todo passeio pelas ruas estreitas e tortuosas, conduzindo à Weberhaus (Casa dos Tecelões, de 1389), à residência dos Fugger (1515), ao Palácio Schaezler (1770), à Catedral de São Ulrich, gótica, às fontes de Augusto, Mercúrio e Hércules, à casa de Brecht e à da família Mozart, onde nasceu o pai do compositor.

Mas a cidade se transformou no decorrer do tempo. Com 254 mil habitantes e uma universidade fundada em 1970, ela abriga muitos estabelecimentos industriais de porte, que garantem sua prosperidade nos dias de hoje: a fábrica de motores diesel MAN, a Aerospace da Daimler-Benz, a Siemens e a empresa de computação NCR são alguns dos maiores empregadores em Augsburg.