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Morte de repórter em MG preocupa associações de jornalistas

Guilherme Becker20 de maio de 2015

Corpo de Evany José Metzker foi encontrado decapitado na cidade de Padre Paraíso, onde investigava um esquema de prostituição infantil. Governo mineiro envia força-tarefa para tentar esclarecer a morte.

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Fenaj vê quadro alarmante de ameaça à democracia devido à impunidade e à falta de proteção para jornalistasFoto: picture-alliance/dpa

O caso do jornalista encontrado morto na zona rural de Padre Paraíso, em Minas Gerais, é acompanhado com muita atenção pela Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e pelo Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais. Isso porque as investigações apontam para duas possibilidades: crime passional ou crime político motivado por questões profissionais.

O corpo de Evany José Metzker – decapitado, seminu e com as mãos amarradas – foi localizado nesta segunda-feira (18/05) no município que fica no Vale do Jequitinhonha, nordeste de Minas Gerais. Ele teria se hospedado numa pousada da região para produzir uma reportagem sobre prostituição infantil e estava desaparecido desde a quarta-feira da semana passada.

"Há evidências de que foi um crime relacionado ao trabalho que ele vinha desenvolvendo na região. As informações são de que ele estava numa pousada em Padre Paraíso, justamente investigando casos de prostituição infantil. A região é conhecida pelo alto índice de prostituição infantil, principalmente na cidade onde ele estava", declarou o presidente do sindicato, Kerison Lopes. Metzker tinha 67 anos e escrevia notícias e reportagens com foco policial e político no blog Coruja do Vale.

Na noite desta terça, uma força-tarefa solicitada pelo sindicato ao governo de Minas Gerais se deslocou para o local da morte de Metzker. Segundo Lopes, o pedido é inspirado no caso de dois jornalistas mortos em Ipatinga, também em Minas Gerais, há dois anos. Rodrigo Neto e Walgney de Assis Carvalho foram assassinados em 8 de março e 14 de abril de 2013, respectivamente. Um ex-policial civil foi condenado pelo assassinato de Neto e ainda será julgado pela morte de Carvalho.

O presidente da Fenaj, Celso Schröder, disse que a entidade acompanha as investigações "com a cautela que essas dúvidas exigem", ao lado do Sindicato de Minas Gerais. "Quase sempre, investigações policiais da mortes de jornalistas vêm com algum elemento de criminalização da vítima. Crime passional, sexual, envolvimento em corrupção… Às vezes é, às vezes não. Levando em conta essas possibilidades e sem fazer nenhum juízo de valor antecipado, a Fenaj acompanha o caso com muita preocupação", afirmou Schröder.

Em nota no site oficial, o sindicato conceitua o caso como "de imensa gravidade, pelo caráter bárbaro do crime, que abalou não apenas a categoria dos jornalistas mineiros, mas toda a sociedade brasileira, com repercussão inclusive no exterior."

Em Londrina, protesto contra ameaças

Na última sexta-feira, o Sindicato dos Jornalistas do Norte do Paraná e a Fenaj realizaram um ato público em Londrina, em protesto contra um suposto esquema para assassinar o jornalista James Alberti, do Grupo Paranaense de Comunicação.

Conforme denúncias, a ideia era matar Alberti durante a simulação de um assalto numa churrascaria da cidade. O caso é investigado pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado de Londrina e é acompanhado por representantes de sindicatos de jornalistas e pelo Comitê Paranaense de Proteção ao Jornalista.

"Enquanto permanecerem a impunidade e a falta de atitudes concretas por parte das autoridades para proteção ao trabalho dos jornalistas, continuaremos caminhando para um quadro alarmante de ameaça à democracia no país", afirmou Schröder, em meio ao ato.

Casa alvejada no interior de São Paulo

No último dia 7 de maio, em Potirendaba, em São Paulo, o jornalista Luiz Aranha, repórter do jornal A Gazeta e produtor do SBT, teve a casa alvejada por quatro tiros. Em relato encaminhado à Fenaj, o jornalista contou que o fato ocorreu por volta das 23h, quando ele gravava uma reportagem sobre segurança pública na cidade e, portanto, não estava em casa.

Aranha disse ter sido informado dos disparos por telefone, pela mãe. Dois homens numa moto passaram em frente à residência e efetuaram os disparos, relatou. Ele afirmou que o caso é uma tentativa de intimidação devido às denúncias que costuma publicar em suas reportagens.

No ano passado, três jornalistas foram mortos no Brasil, segundo a Federação Internacional de Jornalistas (IFJ). O repórter cinematográfico Santiago Ilídio Andrade, da TV Bandeirantes, foi atingido por um rojão em meio a um protesto no Rio de Janeiro. Já o editor Pedro Palma, do jornal Panorama Regional, e o apresentador do portal de notícias N3 TV, Geolino Lopes Xavier, foram assassinados.