Arte contemporânea na Berlin Art Week
Entre 16 e 21 de setembro, a capital alemã hospedou a terceira edição da Berlin Art Week. Amantes da arte reuniram-se para explorar novas tendências – que incluíram de uma torrada artística a uma casa mal-assombrada.
Atenção: Arte!
Com a chegada do outono europeu, tem início também mais uma estação artística em Berlim. A cidade aproveita para se afirmar como metrópole mundial da arte. E as expectativas para a Berlin Art Week, realizada entre 16 e 21 de setembro, não poderiam deixar de ser altas.
O vídeo triunfa sobre a pintura
O vídeo é a mídia dominante entre os jovens. Para a geração que hoje se encontra na faixa dos 30 anos, pincel e óleo sobre tela soam como relíquias da Idade da Pedra. Na Berlin Art Week, Kate Cooper, vencedora do prêmio da Fundação Schering 2014, também preferiu fazer experimentações na área digital. Ela abordou temas como o corpo como mercadoria e a magia dos avatares.
Imagem de poeira
Um novo e inesperado olhar sobre os pilares da sociedade alemã: Luca Vitone (esq.) pinta em aquarela. A pintura monocromática ao fundo foi feita com poeira e sujeira originárias do Banco Federal da Alemanha, do Parlamento alemão e do Tribunal Federal de Justiça do país. Na foto, à direita, o curador Marius Babias, da Neuer Berliner Kunstverein.
Casa mal-assombrada
Pena que a foto não transmite o estrondoso som ambiente em 30 canais, que deve ser entendido como uma "escultura espacial”. O vídeo foi produzido pelo americano Ryan Trecartin, nascido em 1981 e celebrado como astro de uma nova geração de artistas midiáticos. Seu novo trabalho para Berlim foi batizado de "Geisterhaus" ("Casa mal-assombrada"). Os visitantes saíam de lá eufóricos – ou apavorados.
Uma carta do passado
Uma pequena sala no bairro de Kreuzberg abrigou o trauma de infância de Juan Pedro Fabra Gambarena. Com papel de embrulho, esta carta, em forma de livro infantil, foi escrita por sua mãe em 1973, quando ela, que era guerrilheira do movimento Tupamaros, estava no cárcere após ter sido presa pela ditadura militar. Trata-se do local mais íntimo e tocante desta Berlin Art Week.
Feira de artistas
Não existe Berlin Art Week sem feira. Afinal, artistas e donos de galeria também precisam pagar o aluguel. A art berlin contemporary (abc) aposta nos visitantes que não vêm só a passeio, mas que também compram. Para quem quisesse pendurar este lustre de Kristof Kintera sobre a mesa da sala, o melhor a fazer era não se ater à etiqueta de preço.
Torrada artística
Numa barraquinha, John Bock serviu Toast Hawaii – seguindo a receita original alemã, que leva presunto, queijo derretido e abacaxi. Por que ele trouxe o prato dos embolorados anos 50 à semana de arte é um mistério. De nada adianta procurar por uma mensagem ou algum significado por trás da obra. O artista performático é anarquista, dadaísta e especialista em disparates sofisticados.
Preservação das tradições
Num canto, uma estranha criatura peluda destruía vidro em silêncio. O que parece ser completamente sem sentido tem um motivo real surpreendente: isso faz com que a artista de origem romena Anca Munteanu Rimnic lembre das fábricas de vidro de sua terra natal. Uma preservação das tradições que certamente encontrou espectadores – mas dificilmente compradores.
Papel de parede
Esta Berlin Art Week também exibiu arte que pode servir de decoração: a instalação de Tobias Rehberger era um imenso papel de parede. O bem sucedido escultor não se irrita com a pergunta “Isso ainda arte?”, pois ele se interessa justamente pelas áreas da fronteira entre arte e design de produtos.
Peepshow da arte
Algo que certamente gerou grandes discussões nesta Berlin Art Week foram os "off-spaces" – pequenas salas onde os artistas podiam experimentar com poucos recursos e sem a pressão da venda. "Ozean" é um lugar desses: numa parede de madeira nessa garagem de um antigo quartel, os visitantes observavam a arte através de um pequeno furo, como era feito nas feiras do século 19.
Através do olho mágico
Essa é a visão que se tinha ao olhar por um olho mágico para uma das 22 obras da mostra coletiva "Solos III". Trata-se de um trabalho da artista Donya Saed: nascida em Teerã, mas que cresceu nos Países Baixos e depois se mudou para Berlim, onde trabalha atualmente. Para os artistas que não são representados por nenhuma galeria estabelecida, os "off-spaces" são uma chance de uma primeira exibição.
Noite de fim de verão
Em Berlim, a arte é celebrada, e não vendida, brincam especialistas do ramo. Mas a força de atração que a cidade exerce sobre artistas do mundo todo continua intacta: aqui as pessoas vivem, produzem, exibem, experimentam e fazem contatos. Para a abertura desta Berlin Art Week, os visitantes invadiram a Academia de Arte – com entrada livre e música ao ar livre.