1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Indicado sucessor, Nicolás Maduro é conhecido pela lealdade a Chávez

12 de dezembro de 2012

Nicolás Maduro já foi motorista de ônibus, sindicalista, presidente do Assembleia Nacional e ministro das Relações Exteriores. Especialistas dizem que ele é aberto ao diálogo, mas não tem o mesmo carisma de Hugo Chávez.

https://p.dw.com/p/17095
Foto: Reuters

O presidente venezuelano, Hugo Chávez, designou seu vice-presidente, Nicolás Maduro, para dar continuidade ao projeto de governo chavista na Venezuela caso ele próprio esteja impedido de fazê-lo. O desejo foi externado por Chávez pouco antes de se submeter a uma nova cirurgia contra um câncer em Cuba.

Segundo analistas políticos, a escolha de Chávez se baseia em três pontos principais: a lealdade e a amizade de Maduro com o "comandante" – como Chávez é chamado – e também a bem-sucedida implementação da política externa chavista quando era ministro das Relações Exteriores.

"Isso pode ser um plus para manter a 'revolução'. Maduro vem de uma camada social muito humilde e almeja a 'revolução' de Chávez", opina o especialista em política latino-americana Leslie Wehner, do Instituto Alemão de Estudos Globais e Regionais (Giga, em alemão), em Hamburgo.

"Se acontecer algo que me impeça de continuar à frente da presidência, Nicolás Maduro deve continuar o mandato", afirmou Chávez. "Minha opinião firme é que, nesse cenário que obrigaria a convocação de novas eleições, vocês elejam Nicolás Maduro presidente da República Bolivariana de Venezuela. É o que lhes peço."

Venezuelas Staatschef Chavez trifft Irans Präsidenten Ahmadinedschad
Como chanceler, Maduro estreitou relações também com o Irã (na foto, Chávez e Ahmadinejad)Foto: picture-alliance/dpa

Execução do projeto chavista

Pessoas que conhecem o vice-presidente dizem que ele é socialista "desde sempre", enquanto que nos círculos diplomáticos atribuem a ele "uma nova forma de fazer diplomacia".

Como chanceler, Maduro estreitou as relações com Rússia, China e Irã – países vistos com receio pelos Estados Unidos, principal inimigo de Chávez e também maior comprador do petróleo venezuelano.

"Ele continuou a política de Chávez de projeção do país na América Latina, na África, na China, na Rússia e no Irã. Ele é um homem de diálogo, não é à toa que estabeleceu boas relações com a Colômbia, país que tinha sérios conflitos com a Venezuela há alguns anos", disse Argemiro Procópio, professor de relações internacionais da Universidade de Brasília (UnB).

Wehner, do Giga, afirma que, com Maduro, o apoio externo desses países ao projeto "bolivariano" de Chávez está garantido. “Ele replica a figura do líder e, como ministro das Relações Exteriores, seguia a missão de Chávez. Mas quando ele fala, ele é menos incendiário que Chávez, mas não mais moderado.”

Apoio a Chávez

Homem alto, forte e geralmente sério, Maduro entrou no cenário político em 1992. Líder sindical, ele pediu nas ruas a liberdade de Chávez, então preso por liderar um golpe de Estado contra o então presidente Carlos Andréz Pérez.

Aos 50 anos, Maduro encarna o sonho socialista do trabalhador que chegou ao poder. Ele, que cursou apenas o ensino médio, era motorista de ônibus da companhia de metrô da capital venezuelana, Caracas.

Logo depois se tornou sindicalista, foi eleito deputado e se tornou presidente da Assembleia Nacional (congresso), transformando-se num político de alto escalão no país. Ele participou da Assembleia Nacional Constituinte que escreveu a Carta Magna da Venezuela, em 1999, aprovada em consulta popular.

Maduro foi nomeado ministro das Relações Exteriores em 2006 e, no ano passado, Chávez o designou vice-presidente, quando seu antecessor, Elías Jaua, deixou o cargo para disputar as eleições para o governo da província de Miranda.

Chávez tem o hábito de elogiar publicamente Maduro e dizer, em tom de brincadeira, "olha aonde vai Nicolás, de motorista de ônibus a vice-presidente".

Sem o mesmo carisma

Analistas haviam sugerido outros dirigentes como possíveis candidatos para a sucessão de Chávez, incluindo o seu irmão Adán Chávez. Mas Maduro ganhou pontos no processo de convalescência do mandatário em Cuba, quando se converteu em seu confidente e homem de confiança.

Esse caráter sem complicações e seu compromisso com a "revolução bolivariana" o converteram numa espécie de sombra de Chávez. Foi um dos poucos membros do gabinete que esteve em junho de 2011 em Havana, durante as primeiras operações de Chávez por causa de um câncer.

Mas, mais do que amizade, Maduro tem força política. Ele possui o respaldo de um amplo setor da bancada governista no Congresso. Mesmo assim, a situação pode mudar.

“O chavismo gira em volta da figura de Chávez. Nicolás Maduro tem um bom perfil, mas o líder carismático é o Chávez. Maduro não tem a liderança que o Chávez tem", afirma Procópio.

Autor: Fernando Caulyt
Revisão: Alexandre Schossler