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Apoiantes em Lisboa pedem regresso pacífico de "Cadogo" à Guiné-Bissau

João Carlos (Lisboa)20 de agosto de 2013

Apoiantes de Carlos Gomes Júnior defenderam o regresso do ex-primeiro-ministro a Bissau como candidato às eleições presidenciais de novembro, independentemente das suspeitas criminais ou processos judiciais.

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Carlos Gomes Júnior está exilado em Portugal desde 2012Foto: DW/J. Carlos

Um grupo de guineenses em Portugal e França reuniu-se num apelo às Nações Unidas com o intuito de garantir segurança e transparência durante a realização do ato eleitoral agendado para 24 de novembro, na Guiné-Bissau, solicitando o destacamento de uma força internacional de paz e segurança para a capital.

O “Movimento Cadogo Presidente” anunciou, no sábado (17.08), em Lisboa que vai enviar nos próximos dias uma carta aberta a Ban Ki-moon, secretário-geral das Nações Unidas, a pedir que sejam garantidas condições de segurança propícias à realização transparente das próximas eleições na Guiné-Bissau.

O apelo é extensível à União Europeia (UE), à União Africana (UA), à Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) e à Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).

Guinea Bissau Wahlen 2012 Ministerpräsident Carlos Gomes Junior Cadogo
O ex-primeiro-ministro conduziu o país entre 2005 e 2012Foto: DW/Ferro de Gouveia

Marcha pela Guiné-Bissau em Lisboa

Segundo os apoiantes, estas organizações devem “garantir a segurança de regresso a todos os políticos que forçosamente foram obrigados a exilar-se", diz Seko Na Dabó, um dos rostos na coordenação do referido Movimento que envolve cidadãos guineenses radicados em Portugal e em França. Segundo ele, os políticos exilados devem regressar "para exercer as suas profissões na pátria que os viu nascer, sem exceção, seja Carlos Gomes Júnior, sejam todos os outros políticos que queiram voltar”.

O Movimento pretende exaltar a necessidade da Guiné-Bissau voltar à estabilidade e, entre outras ações, está prevista uma marcha na capital portuguesa cuja data ainda não é conhecida.

Apoiantes em Lisboa pedem regresso pacífico de "Cadogo" à Guiné-Bissau

“Para entregar a carta aberta junto de um representante da CEDEAO, aqui em Portugal, na embaixada da Nigéria. Queremos que ele seja o porta-voz desta carta”, justificou o mesmo apoiante.

Os apoiantes consideram que "Cadogo", nome pelo qual Carlos Gomes Júnior é conhecido na Guiné-Bissau, é uma pessoa idónea capaz de levar o país a cumprir o programa de desenvolvimento e progresso idealizado por Amílcar Cabral.

Ministério Público guineense com processo aberto

O regresso do ex-primeiro-ministro, anunciado recentemente pelo próprio, está ensombrado com o anúncio do Ministério Público guineense. As autoridades do país pretendem interrogar Gomes Júnior assim que ele regresse a Bissau, por suspeita de envolvimento em vários crimes, entre os quais no assassinato de “Nino” Vieira, Tagmé Na Waie, Hélder Proença e Baciro Dabó.

De acordo com o jurista Arlindo Ferreira, nenhuma lei impede os candidatos de participarem num ato eleitoral só pelo facto de existirem indícios ou suspeitas de crime.

Guinea-Bissau Diaspora
Apoiantes de Carlos Gomes Júnior reunidos na capital portuguesa, LisboaFoto: DW/J. Carlos

“A Procuradoria-geral da República da Guiné Bissau não acusou formalmente o candidato Carlos Gomes Júnior e mesmo que houvesse acusação, isso não é um fator impeditivo”, frisa Arlindo Ferreira. “A lei guineense só impede a candidatura quando um político ou um candidato presidencial tenha sido condenado com a pena efetiva de prisão. Não é o caso em concreto”, acrescentou.

O advogado afirma que, à luz da lei, Carlos Júnior pode concorrer com toda a legitimidade às próximas eleições presidenciais. No entanto, como cidadão guineense, Arlindo Ferreira receia eventuais riscos com o regresso de “Cadogo”, depois das advertências feitas ao primeiro-ministro deposto pelas autoridades militares e de transição.

O jurista reconhece que a segurança do ex-primeiro-ministro não é um tema pacífico e apela a um entendimento com os olhos postos no futuro da Guiné-Bissau, caso contrário as próximas eleições serão, nas palavras do jurista, um “ato falhado.”

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