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Apesar da eficácia controversa, UE estuda novas sanções à Rússia

Kaus Jansen (pv)1 de setembro de 2014

Apesar de as atuais medidas não terem mudado a política da Rússia para a Ucrânia, União Europeia planeja ampliar as sanções. Quem pode sair ganhando é a China.

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Foto: picture-alliance/dpa

O comportamento da Rússia com relação à Ucrânia é inaceitável, considerou o primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, após a cúpula da União Europeia (UE) deste fim de semana, em Bruxelas, referindo-se à presença de soldados russos no leste ucraniano. "Isso precisa ter consequências", disse Cameron.

Mas os chefes de governo e de Estado da UE que participaram da cúpula não especificaram que consequências seriam essas. Dentro de uma semana, a Comissão Europeia deve verificar quais sanções adicionais poderiam ser aplicadas. A chanceler federal alemã, Angela Merkel, mencionou restrições nos setores financeiro e de energia. Cogita-se também expandir a lista de pessoas cujas contas bancárias estariam bloqueadas na UE e que estariam proibidas de ingressar no bloco.

Três estágios de sanções

A tática da União Europeia é baseada num modelo de três estágios, adotado na cúpula de março. No primeiro estágio, o processo de aproximação com a Rússia foi suspenso. A UE não negocia mais a possível entrada de russos no bloco sem visto. Negociações sobre um acordo comercial foram interrompidas. A Rússia também foi expulsa de diversos organismos internacionais: o G8 voltou a ser G7, e as consultações políticas entre Rússia e Alemanha foram canceladas.

Num segundo estágio, determinadas pessoas na Rússia e na Ucrânia foram proibidas de entrar na UE e tiveram suas contas bancárias nos países do bloco bloqueadas. Atualmente, 95 pessoas estão nessa lista, acusadas de serem corresponsáveis pela desestabilização da Ucrânia. Além disso, mais de 20 empresas e organizações estão impossibilitadas de acessar suas contas bancárias na UE.

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David Cameron exige consequências para a presença de soldados russos na UcrâniaFoto: Reuters

O por muito tempo anunciado terceiro estágio – as sanções econômicas – está, ao menos em parte, em vigor há um mês. A UE dificultou o acesso de bancos russos ao mercado de capitais europeu. Um embargo de armas também está em vigor: equipamentos para uso civil ou militar não podem ser entregues às Forças Armadas russas. Também equipamentos especiais para a extração de petróleo e gás constam da lista. A Rússia reagiu banindo as importações de carnes, frutas, legumes e laticínios da UE.

Efeito incerto

O que essas sanções trouxeram até agora é controverso. "As sanções são importantes, mas precisamos primeiramente ver a influência que elas têm na mudança de comportamento da Rússia", disse o primeiro-ministro holandês, Mark Rutte, no último fim de semana, em Bruxelas.

Muitos países europeus analisam há meses qual a melhor maneira de excluir a economia russa dos mercados ocidentais, sem que isso os afete demasiadamente. A esperança é que, em algum momento, a Rússia não possa mais arcar com os custos da ação militar contra a Ucrânia.

Para atingir essa meta, as sanções econômicas à Rússia poderiam ser expandidas significativamente: instituições financeiras russas, como o Sberbank, o VTB Bank, o Gazprombank, o Vnesheconombank (VEB) ou o Banco Agrícola da Rússia, poderiam ser excluídas das bolsas de valores europeias e de outros mercados europeus.

Da mesma forma, poderia ser proibida a subscrição de ações ou títulos de empresas que atuam nos setores financeiro, de energia e de defesa russos. Se essas empresas não tiverem mais acesso a fontes ocidentais de dinheiro, serão obrigadas a recorrer ao Estado russo, o que teria um impacto comprometedor no orçamento do país.

China pode suprir lacuna

Um documento interno dos líderes da UE parte do princípio de que a Rússia poderia ser isolada do mercado global de tal maneira que seria forçada a mudar seu curso político. "Outros países, como a Suíça, Cingapura, Hong Kong e Japão, poderiam assumir funções de substituição apenas temporariamente. Mas esses Estados não conseguiriam compensar totalmente a perda de investidores da UE e dos Estados Unidos", diz o documento.

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Putin e o presidente Xi Jinping: China pode se beneficiar com a lacuna deixada pelo OcidenteFoto: picture-alliance/dpa

Porém, outros especialistas chegaram a uma conclusão diferente: a China poderia lucrar com o vai e vem de sanções entre a Rússia e o Ocidente. "A China se beneficia do isolamento russo", afirma o analista Moritz Rudolph, do Instituto Merics de Estudos Chineses. A China tem simplesmente menos concorrência internacional e poderia preencher a lacuna deixada pelo Ocidente.

A indústria alemã vem alertando há meses para o fato de que concorrentes chineses estão arrebatando encomendas de clientes russos. Atualmente, 17% dos produtos importados pela Rússia provêm da China. Assim, a China já é a principal fonte de importações russas, exportando para o país tanto quanto a Alemanha e os Estados Unidos juntos. Ou seja, ainda não é possível dizer se as sanções econômicas europeias vão realmente surtir efeito.