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Angola pode estar envolvida em corrupção no Brasil

Wellington Carvalho (São Paulo)/Cristiane Teixeira6 de maio de 2015

Responsável pelo marketing da campanha de 2012 do presidente José Eduardo dos Santos é investigado no Brasil. Suspeita-se que a forma como foi feito o pagamento dos serviços configure branqueamento de capitais.

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Foto: DW/R. Krieger

A suspeita é de que o jornalista e especialista em marketing político brasileiro João Santana tenha sido pago por empreiteiras brasileiras que atuam no país africano, numa operação de branqueamento de capitais a fim de beneficiar o Partido dos Trabalhadores (PT), atualmente no poder no Brasil.

Atualmente, Santana é o principal nome do marketing político de seu país. No currículo, o jornalista destaca a participação na eleição de sete presidentes. Entre eles, estão nomes como do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da atual presidente Dilma Rousseff, ambos do Partido dos Trabalhadores (PT).

Reconhecido internacionalmente, João Santana também trabalhou, em 2012, a imagem do chefe de Estado angolano, José Eduardo dos Santos. Pelo trabalho em Angola, o marqueteiro brasileiro recebeu, em 2012, 20 milhões de dólares.

Dinheiro sujo?

Dilma Rousseff bleibt brasilianische Präsidentin
A atual presidente do Brasil, Dilma Roussef, e seu antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva, ambos do PTFoto: Reuters

A transferência do montante para o Brasil, no entanto, despertou a atenção das autoridades locais, que atualmente investigam uma série de irregularidades envolvendo partidos brasileiros, inclusive em relação ao financiamento de campanhas eleitorais, como explica o cientista político Humberto Dantas.

"Partidos arrecadam dinheiro de organizações criminosas, organizações que lidam com tráfico de drogas, armas, pessoas, entorpecentes, remédios, cigarro, contrabando, máfias das mais diferentes, esquemas gigantescos de corrupção dentro do setor público junto a empresas privadas", enumera.

O cientista político explica que "existe uma massa de dinheiro corrompido, que pode chegar a campanhas, mas não pode ser contabilizado".

No caso de João Santana, há suspeita de que o recurso recebido de Angola tenha sido repassado por empresas brasileiras que atuam no país africano e, depois, encaminhado para a campanha do prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT).

Controvérsias

Fernando Haddad Bürgermeister von Sao Paulo
O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), e sua esposa a celebrar a vitória dele nas eleições de 2012Foto: AP

No entanto, o especialista em marketing político nega a acusação de lavagem de dinheiro.

"Tentar criminalizar uma internação de recursos beira o rídiculo. Ainda mais quando ela foi feita via Banco Central e com acompanhamento rigoroso do compliance do Bradesco [um dos maiores bancos do Brasil], pagando todos os impostos. E melhor ainda, todos os recursos trazidos podem ser rastreados. E aí vai ficar comprovado que nada foi entregue ao PT", declarou recentemente Santana.

O PT, partido da atual presidente Dilma Rousseff, suspeito de envolvimento em outras irregularidades, repudia a acusação. Mas o episódio reforçou a desconfiança do principal partido de oposição ao Governo brasileiro, o Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB).

Segundo o deputado Nilson Leitão, do PSDB,"todos os outros países em que João Santana prestou serviço como marqueteiro, coincidentemente, têm uma denúncia paralela, que são os financiamentos secretos do BNDES [Banco Nacional de Desenvolvimento Económico e Social, principal banco de fomento brasileiro]".

"República Dominicana, Venezuela, Panamá, El Salvador e Angola são países que receberam financiamento para obras de forma secreta, que é um outro tema que também está sendo investigado no Brasil", avança o deputado.

Segredo de Justiça

Odebrecht in Benguela Angola
Filial da empreiteira brasileira Odebrecht em Benguela, província ao sul de AngolaFoto: DW/Nelson Sul D'Angola

O caso corre em segredo de Justiça e os nomes das empreiteiras brasileiras que teriam participado do suposto esquema estão sendo mantidos em sigilo.

No entanto, sabe-se que a Odebrecht e a Queiroz Galvão estão presentes há vários anos no país e têm grandes negócios em Angola.

O PSDB quer o aprofundamento das investigações.

"Nós vamos achar forma de ajudar o Ministério Público e a Polícia Federal a investigar e a acelerar este processo", garante o deputado Nilson Leitão.

Já o jornalista e especialista em marketing brasileiro, João Santana, que nega as acusações que pesam contra si, quer a retratação pelos danos causados à sua imagem.

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