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Angola lidera despesas militares na África subsaariana

Guilherme Correia da Silva / Helle Jeppesen14 de abril de 2014

Angola é o país com maiores despesas militares na África subsaariana. Esta é a conclusão de um novo relatório do SIPRI, o Instituto Internacional de Investigação sobre a Paz de Estocolmo.

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Foto: picture-alliance/dpa

Com a ajuda das receitas do petróleo, Angola gasta cada vez mais dinheiro com as Forças Armadas, afirma instituto sueco. Em 2013, Angola aumentou as despesas militares em 36%, em relação ao ano anterior.

Angola é agora o país com maiores gastos com as Forças Armadas na África subsaariana. No ano passado, a fatura militar angolana foi de 6,1 mil milhões de dólares, segundo um relatório do SIPRI divulgado esta segunda-feira (14.04).

Samuel Perlo-Freeman, um dos autores do relatório, diz que a razão para esta aposta militar não é clara, uma vez que “já não há guerra civil. Há uma pequena rebelião em Cabinda, mas que dificilmente explica estes níveis de despesas militares". "No entanto", continua o especialista, "Angola tem muito dinheiro vindo do petróleo e muita corrupção”.

Samuel Perlo-Freeman diz que estes dois fatores podem estar relacionados entre si e com o aumento dos gastos militares, “por exemplo, para o uso das despesas militares como um instrumento de patrocínio, dando posições no exército a certos grupos minoritários. Angola tem também um historial de corrupção na compra de armas, por exemplo o escândalo Angolagate, com a França”.

Samuel Perlo-Freeman SIPRI
Samuel Perlo-Freeman, um dos autores do relatório do SIPRIFoto: SIPRI

Moçambique: navios de guerra e aviões de combate

Em África, só a Argélia tem uma fatura militar mais elevada do que Angola: 10,4 mil milhões de dólares em 2013, segundo o SIPRI. O instituto sueco diz não ter recebido dados recentes sobre Moçambique, que há um ano é palco de conflitos armados entre antigos guerrilheiros da RENAMO e as forças de segurança.

Porém, sabe-se que o país tem adquirido vários equipamentos militares, como refere a agência de notícias Lusa – entre os equipamentos, seis navios de guerra encomendados, no último ano, a uma empresa francesa, através da estatal Empresa Moçambicana de Atum (EMATUM).

A revista alemã “Der Spiegel” noticiou há duas semanas que as autoridades alemãs apreenderam três aviões de combate Mig-21, de fabrico soviético, que se destinavam a Moçambique. Na semana passada, uma comissão do Senado brasileiro deu “luz verde” à doação de três aviões de treino militar T-27 Tucano. O Brasil prometeu também ajuda na compra de outras três aeronaves de ataque.

Fatura militar mundial deve diminuir, diz SIPRI

Em geral, os gastos militares em África aumentaram 8,3% no ano passado, em relação a 2012, mas a tendência mundial é para que as despesas militares diminuam, segundo o SIPRI. No ano passado, os gastos militares em todo o mundo caíram 1,9%. Foi o segundo ano consecutivo em que as despesas diminuíram, principalmente devido aos cortes do país que mais gasta a nível militar, os Estados Unidos da América.

Mas não são só os norte-americanos a poupar. Nos países da NATO da Europa ocidental, as despesas militares também diminuíram face à crise económica – com exceção da Alemanha e da Polónia. Ainda assim, a NATO continua a ser quem paga a maior fatura militar, explica Michael Brzoska, do Instituto para Estudos de Paz e Política de Segurança em Hamburgo: “Somando tudo, os números da NATO em conjunto correspondem a dois terços das despesas militares mundiais.”

Este desequilíbrio pode explicar os planos da Rússia no sector da defesa: segundo Brzoska, pela primeira vez em 15 anos, a percentagem dos gastos militares no Produto Interno Bruto russo foi superior à dos EUA. “Por aí se vê que a Rússia se está a esforçar para voltar a ser forte militarmente", considera.

Mas, segundo o especialista, o país ainda tem de recuperar terreno, depois de, nos anos 90, a indústria de armas russa ter ficado praticamente arruinada. Samuel Perlo-Freeman, do SIPRI explica que “tanto a Rússia, como a China não estavam contentes com o mundo unipolar, em que os Estados Unidos podiam ditar tudo, recorrendo à força militar, se necessário.”

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