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Angola - imprensa amordaçada

7 de junho de 2011

Novo relatório sobre a imprensa angolana volta a criticar o seu desempenho. Jornalistas angolanos e estrangeiros, advogados, bem como membros da sociedade civil analisaram a posição dos media angolanos nos últimos anos.

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A liberdade de imprensa é considerada em todo o mundo como um dos melhores barómetros duma democracia (na foto, jornais do Benin).Foto: DW

O relatório "Exercício sobre o Barómetro dos Media" realizado em 2010, conclui que o envolvimento da classe de jornalistas na discussão sobre a regulamentação da lei de imprensa, bem como o surgimento de novos órgãos de comunicação social, são alguns pontos positivos registados nos dois últimos anos em Angola.

O relatório teve o apoio da Fundação alemã Friedrich Ebert, cuja representação em Angola é dirigida por Oliver Dalichau.

Politische Stiftungen - Artikelbild
Na Alemanha há diversas fundações. A Friedrich Ebert é afeta ao Partido social-democrata SPD

Apoio alemão no estudo sobre imprensa em Angola

O referido relatório será conhecido publicamente nos próximos dias, e foi levado a cabo pela organização não governamental Friedrich Ebert. O deputado e jornalista Raul Danda fala da importância deste estudo: "É preciso que haja politicas, quer por parte do ministério da Comunicacao Social, que é o ministério da tutela; quer por parte do patronato; quer por parte dos sindicatos, que justamente concorrem para a formação dos jornalistas e para a superação dos jornalistas que estão no ativo", diz Raul Danda. "Portanto, é muito importante se nós quisermos ter um jornalismo cada vez melhor."

O representante residente em Angola da Friedrich Ebert, Oliver Dalichau, fala daquilo que os levou a realizar o estudo; e faz uma leitura global do estado da comunicação, o barómetro dos média em Angola: "O barómetro é uma auto-avaliação que tem como base 45 indicadores extraídos dos protocolos e declarações africanos sobre a liberdade de expressão em África".

A imprensa crítica é incómoda

O surgimento dos primeiros sinais de tendências de concentração e monopólio nos media; a crescente interferência política sobretudo sobre os órgãos do setor público é outro assunto criticado. Félix Miranda é o director adjunto do "Folha Oito", o jornal com mais processos judiciais por alegada calúnia em Angola: "Tem que ser muito mais regulamentada; e tem que se pôr mesmo balizas, tem de se definir as linhas; porque de contrário aquele que está fóra do retângulo também vai jogar e quando marcar o golo por trás da baliza, vai ser considerado pelo árbitro".

Journalisten im Irak
Em Nadschaf, no Iraque, dois jornalistas levantam os braços para não serem abatidos a tiro.Foto: picture-alliance / dpa/dpaweb

Jornalistas críticos são perseguidos nas ditaduras

O documento fala ainda do assassinato de pelo menos um jornalista e ataques e ameaças contra profissionais da comunicação social. Estas são na visão dos profissionais que trabalharam para o estudo, algumas das coisas negativas que nos últimos dois anos afetaram o setor da comunicação social em Angola, e que constituem motivos de apreensão.

Fragoso Mendes é jornalista da rádio pública, a RNA e diz que o jornalismo tem duas vertentes: "Nós sabemos que o jornalismo em si é uma atividade ingrata; portanto, mal usada poderá fazer mal a nós mesmos".

Autor: Manuel Vieira (Luanda) / Carlos Martins
Revisão: António Rocha