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Alemão e dois americanos dividem Nobel de Medicina

7 de outubro de 2013

Comitê dá início às premiações de 2013 laureando trio de cientistas por trabalho que desvendou funcionamento de mecanismo de transporte intracelular. Todos são professores de universidade americanas.

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Foto: Jonathan Nackstrand/AFP/Getty Images

Os americanos James Rothman e Randy Schekman e o alemão Thomas Südhof foram laureados com o Prêmio Nobel de Fisiologia ou Medicina de 2013, como anunciou nesta segunda-feira (07/10) o Instituto Karolinska em Estocolmo.

O trio foi premiado por ter descoberto os princípios que orientam o transporte de moléculas ao redor das células através das vesículas – minúsculas bolhas que trabalham na distribuição molecular – na hora e no local certos. Distúrbios no sistema podem resultar em diabetes, doenças neurológicas ou desordens imunológicas.

Os três laureados são professores em universidades americanas. Rothman, de 62 anos, dirige o departamento de biologia celular da Universidade de Yale. Schekman, de 64, é professor do mesmo setor, só que na Universidade da Califórnia-Berkeley. Já Südhof, de 57, é especialista em fisiologia molecular e celular na Universidade de Stanford. Eles dividirão um prêmio de 8 milhões de coroas suecas (1,2 milhão).

Trabalho em conjunto

Randy Schekman descobriu nos anos 1970 um conjunto de genes essencial para o tráfego vesicular, enquanto James Rothman revelou nos anos 1980 e 1990 que as proteínas aderem às membranas como dois lados de um zíper, o que permite às vesículas realizarem a transferência de substâncias. Já o alemão Thomas Südhof reconheceu os sinais que orientam as vesículas a realizarem a distribuição de forma precisa.

Medizin Nobelpreisträger James E. Rothman
O americano James Rothman, presidente do departamento de Biologia Celular de YaleFoto: picture-alliance/dpa

Segundo o secretário-geral do Comitê Nobel, Goran Hansson, Rothman e Schekman começaram seus trabalhos de forma independente e mais tarde passaram a ser colaboradores, enquanto o trabalho de Südhof é visto como complementar ao dos colegas.

Suas descobertas ajudaram médicos a diagnosticar formas mais graves de epilepsia e doenças imunológicas em crianças. No futuro, diz Hansson, os cientistas esperam que esses estudos possam resultar em medicamentos contra os tipos mais comuns de epilepsia, diabetes e outras deficiências metabólicas.

"Imagine centenas de milhares de pessoas transitando por centenas de quilômetros de ruas. Como poderão encontrar o caminho certo? Onde o ônibus vai parar e abrir suas portas para que os passageiros possam descer?", explica Hansson. Nas células, os problemas são parecidos. A questão, segundo ele, seria "como encontrar o caminho certo entre as diferentes organelas e também para a superfície das células."

Surpresa entre os premiados

Schekman contou ter sido acordado à 1h da madrugada em sua casa na Califórnia pelo presidente do Comitê Nobel, quando ainda sofria com a mudança de fuso-horário após chegar de uma viagem à Alemanha no dia anterior. "Ainda não estava pensando direito. Não tinha nada de elegante a dizer", afirmou o laureado à agência de notícias Associated Press. "Tudo o que consegui dizer foi 'meu Deus!.'"

Ele exaltou a premiação como um brilhante reconhecimento ao trabalho realizado por ele e seus alunos, que, segundo ele, acabou transformando sua vida. "Telefonei ao responsável por meu laboratório e pedi que comprasse algumas garrafas de Champagne para comemorarmos", contou.

James Rothman lembrou que esse trabalho não se desenvolveu da noite pra o dia. "A maior parte foi cumprida e desenvolvida através de muitos anos, ou mesmo décadas", explicou o professor. Ao ser questionado se o Prêmio Nobel vai modificar seu trabalho ou suas fontes de financiamento, ele afirmou não saber. "É uma nova experiência", revelou.

Rothman contou que havia perdido subvenções para o trabalho agora premiado com o Nobel de Medicina, mas afirma que vai tentar recuperá-las, na esperança de que a premiação possa abrir novas possibilidades de financiamento.

O alemão Thomas Südhof atribui o sucesso de seu trabalho aos seus colaboradores
O alemão Thomas Südhof atribui o sucesso de seu trabalho aos seus colaboradoresFoto: picture-alliance/dpa

Já Thomas Südhof estava num congresso de biologia na Espanha quando a premiação foi anunciada. Ele atribui o sucesso de seu estudo a tantos outros pesquisadores que trabalharam com ele através dos anos. "Esse também é um reconhecimento ao trabalho de muitos que colaboraram comigo", afirmou. Ele classificou o telefonema que recebeu do Comitê Nobel como o "mais surpreendente" de sua vida.

Com o prêmio de Medicina, o Comitê Nobel deu início aos anúncios dos laureados de 2013. Os vencedores dos prêmios de física, química, literatura, economia e da paz serão anunciados nas próximas semanas.

A entrega do Prêmio Nobel, criado pelo sueco Alfred Nobel, o inventor da dinamite, é realizada nas cidades de Estocolmo e Oslo, desde 1901. A cerimônia ocorre a cada ano no dia 10 de dezembro, aniversário da morte de Nobel.

RC/ap/dpa