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Alemanha x Gana tem confronto entre irmãos Boateng

Daniel Martínez (fc) 21 de junho de 2014

Filhos do mesmo pai, os meio-irmãos Kevin-Prince e Jérôme se enfrentam pela segunda vez em Mundiais. Irmãos nasceram em Berlim, mas não cresceram juntos e têm trajetórias diferentes no mundo do futebol.

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Jérôme (esq.) e Kevin-Prince são filhos do mesmo paiFoto: picture-alliance/dpa

Desde pequenos, Kevin-Prince Boateng e seu meio-irmão Jérôme, que é dois anos mais novo, estiveram em equipes diferentes, separados não somente por causa da idade, mas também por suas preferências em relação ao clube que pretendiam defender. Enquanto o mais velho jogou no Reinickendorf, o mais novo aprendeu as bases do futebol no time Tennis Borussia, de Berlim.

Os Boateng, apesar de serem meio-irmãos, não cresceram juntos. Ambos são filhos do mesmo pai, Prince Boateng. O imigrante ganês que chegou à Alemanha como estudante teve uma relação com a mãe de Kevin-Prince e que terminou quando este tinha 18 meses. Logo depois, com a mãe de Jérôme, de quem se separou quando Jérôme completou cinco anos.

Ambos cresceram com as respectivas mães, e foi o futebol que os uniu. Nas divisões inferiores do Hertha, de Berlim, eles se reencontraram e estreitaram os laços fraternais. Ali, no clube mais importante da capital alemã, teriam um contato mais próximo. Durante mais de quatro anos, entre 2003 e 2007, estiveram tão próximos como nunca. Depois dessa experiência, eles não voltaram a se reencontrar num mesmo time.

Como profissionais, no início da temporada 2007/2008, ambos deixaram Berlim. Kevin-Prince foi para o futebol inglês, para atuar pelo Tottenham. Já Jérôme, para uma das maiores equipes da Bundesliga: o Hamburgo.

O mais novo se destacava como zagueiro e o mais velho, como meio-campista. A mãe deste havia sido jogadora e afirmam que seu avô era primo de Helmut Rahn, um dos heróis alemães da equipe que foi campeão mundial em 1954.

Os organismos de futebol alemães deram muito apoio aos planos profissionais dos Boateng e viam em ambos peças importantes para o futuro do futebol nacional. Tanto Kevin-Prince como Jérôme foram peças-chave em todas as seleções juvenis da Alemanha. O mais jovem foi campeão do torneio europeu de Sub-21 e, em 2009, um título que poderia ter dividido com o irmão se este não tivesse saído da seleção nacional.

Jerome Boateng & Kevin-Prince Boateng
Os irmãos foram peças-chave em todas as seleções juvenis da AlemanhaFoto: picture-alliance/dpa

"O bom e o mau"

Kevin-Prince optou por vestir o uniforme de Gana, cuja seleção ele defendeu em 12 partidas, muito menos do que aquelas em que vestiu a camisa da seleção alemã de categorias de base (Sub-15 e Sub-21), o que fez 45 vezes.

Jérôme desfruta de uma "boa reputação" e é considerado um jogador disciplinado e tranquilo na esfera privada, pouco amigo das excentricidades, e fora de campo usa óculos como um jovem intelectual. Já Kevin-Prince é considerado um "menino mau", que com frequência protagoniza um ou outro escândalo.

Em seu último ano em Berlim, o mais velho dos irmãos Boateng teve que pagar uma multa altíssima para evitar um processo judicial por suposto vandalismo. No ano seguinte, em 2010, na Inglaterra, cometeu a falta que provocou uma grave lesão no então capitão da seleção alemã, Michael Ballack.

A falta cometida por Kevin-Prince deixou Ballack de fora do Mundial da África do Sul – evento em que, pela primeira vez na história, os irmãos Boateng se enfrentaram numa partida defendendo seleções diferentes. Nesse confronto, a Alemanha venceu Gana por 1 a zero.

Neste ano, no Brasil, o histórico encontro deve acontecer de novo, mas ele não vai mudar a relação afetuosa dos dois irmãos, que não ocultam o fato de estarem diariamente em contato e que consideram cada triunfo do outro como se fosse um próprio.

Além disso, ambos estão mais maduros. Jérôme é um dos zagueiros mais bem sucedidos do mundo e tem conquistado todos os títulos possíveis com o Bayern de Munique. Para ele, falta apenas o de campeão mundial pela Alemanha.

Kevin-Prince, por sua vez, regressou à Bundesliga após quatro anos de ausência para converter-se no líder do Schalke e, internacionalmente, num símbolo de luta contra o racismo, um tema em que trabalha junto com a Fifa e que tem sido reconhecido com elogios por parte da Comissão de Direitos Humanos da ONU.