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Alemanha debate envio de mísseis à fronteira turco-síria

19 de novembro de 2012

Turquia deve pedir ajuda à Otan para defender sua fronteira com a Síria, o que poderia levar a Alemanha a contribuir com soldados e sistemas de defesa aérea.

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Foto: DW/A.Noll

A Turquia pretende pedir oficialmente à Otan que forneça sistemas de defesa aérea do tipo Patriot para proteger o território do país de ataques oriundos da Síria, afirma o jornal Süddeutsche Zeitung na sua edição desta segunda-feira (19/11). Na Otan, apenas Estados Unidos, Holanda e Alemanha dispõe de sistemas de mísseis Patriot PAC-3, os mais modernos, capazes de derrubar aviões e foguetes inimigos.

"Vamos analisar tal solicitação de forma solidária e daremos uma resposta rápida", afirmou o ministro alemão da Defesa, Thomas de Maizière, à margem de um encontro de ministros da União Europeia (UE), em Bruxelas. "A Alemanha foi por 45 anos o principal beneficiário da solidariedade da aliança. Se agora um aliado nos fizer tal pedido, é claro que vamos encará-lo de forma franca e solidária", acrescentou o político, observando que se trataria de uma ação preventiva e defensiva, rigorosamente dentro do território da Otan.

O porta-voz do governo alemão, Steffen Seibert, ressaltou que a medida exige uma consulta ao Bundestag (câmara baixa do Parlamento alemão). Mas ele não especificou se essa participação se dará por votação ou apenas por meio de um debate parlamentar.

O Partido Liberal Democrático (FDP), que integra a coalizão de governo, quer que haja uma votação, seja qual for o caso. "Mesmo se não for legalmente necessário, deveríamos, na condição de Parlamento alemão, enviar um sinal forte aos nossos aliados", afirmou o secretário-geral do partido, Patrick Döring.

Oposição faz ressalvas

Os social-democratas alertam para decisões precipitadas e exigem que os parlamentares recebam informações detalhadas. "A Turquia tem direito à ajuda, como aliado na Otan, se seu território e seu povo forem atacados e estiverem em sério risco", disse o líder da bancada do SPD, Frank-Walter Steinmeier. Ele ponderou, entretanto, que não deve haver uma decisão apressada devido à atual situação no Oriente Médio. "Apenas o Parlamento pode decidir responsavelmente", afirmou.

Treffen Außen- und Verteidigungsminister der EU
Maizière diz que o pedido turco será analisado com cuidadoFoto: picture-alliance/dpa

"Temos também que receber informações que confirmem que a Turquia está sendo concretamente ameaçada por aeronaves ou mísseis da Síria", disse o deputado Thomas Oppermann, também do SPD.

O Partido Verde também expôs ressalvas. "A Alemanha não pode executar uma operação militar sobre o território da Síria sem um mandato da ONU", destacou o líder parlamentar do partido, Jürgen Trittin. O porta-voz para questões de Defesa, Omid Nouripour, alertou "para uma intromissão militar no conflito na Síria sem observância do direito internacional", afirmando que a presença de centenas de soldados alemães e de mísseis Patriot pode desembocar numa missão militar na Síria.

"Não haverá missão fora da Otan"

O Ministério da Defesa da Alemanha rebateu, afirmando que seria uma missão não fora, mas dentro do território da Otan, como afirmou o porta-voz Andreas Peschke. Ele frisou que o objetivo é proteger o território de um aliado contra ameaças externas. No caso de uma missão fora da área da Otan, ele lembrou que seria necessário um mandato da ONU, o que seria o caso se a Turquia quisesse impor uma zona de exclusão aérea no norte da Síria.

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Steinmeier exige participação do Parlamento na decisãoFoto: picture-alliance/dpa

O presidente do FDP no Parlamento Europeu, Alexander Graf Lambsdorff, rejeitou as acusações de que a missão militar venha a exacerbar ainda mais o conflito na Síria. "É um mistério para mim como a simples construção de um sistema militar defensivo na região de fronteira turca poderia alimentar o conflito na Síria", comentou.

O sistema de defesa aérea Patriot, da empresa bélica norte-americana Raytheon, pode abater aviões, mísseis balísticos táticos e mísseis de cruzeiro. Além da Alemanha, somente Estados Unidos e Holanda dispõem, dentro da Otan, de unidades da última fase de desenvolvimento do sistema.

A Otan já instalou em 2003 baterias de mísseis Patriot na Turquia, devido às tensões crescentes na fronteira causadas pela guerra no Iraque. Naquela época, a Alemanha contribuiu apenas com os armamentos, os soldados vieram da Holanda.

O vice-porta-voz do Ministério da Defesa da Alemanha, Christian Dienst, disse não ser possível afirmar quantos soldados seriam necessários. Ele afirmou que o contingente mínimo por unidade é de 85, mais alguns soldados para suporte periférico.

Autor: Kay-Alexander Scholz (md)
Revisão: Alexandre Schossler