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AfriLeaks, um portal para fazer denúncias anónimas de abusos

Madalena Sampaio15 de janeiro de 2015

África já tem uma plataforma online onde é possível denunciar, anonimamente, casos de corrupção de políticos e empresários que abusam do poder. Jornalistas de Moçambique e Angola participam na iniciativa.

https://p.dw.com/p/1EKuB
Foto: afrileaks.org

O afriLeaks, lançado oficialmente na terça-feira (13.01), promete proteger a identidade de quem disponibiliza informação confidencial, que assim poderá, de forma segura, ter contacto com jornalistas independentes.

Fazem parte do projeto 19 meios de comunicação social e grupos de ativistas, entre os quais o jornal @Verdade e o semanário Savana, de Moçambique, o site Maka Angola, o Mail & Guardian, da África do Sul, e The Zimbabwean, do Zimbabué. A DW África falou sobre a iniciativa com Luís Nhachote, do jornal @Verdade.

DW África: Como funciona esta nova plataforma?

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Ao contrário do WikiLeaks, os documentos não são diretamente divulgados no site do afriLeaks mas trabalhados por jornalistas independentesFoto: picture-alliance/dpa

Luís Nhachote (LN): Através do afriLeaks qualquer denunciante pode fazer a sua denúncia, entregar os documentos que quiser, por via eletrónica, sem ser identificado em nenhum momento.

DW África: Como vão garantir a segurança destas pessoas?

LN: As pessoas estarão salvaguardadas de várias formas. O mais importante é que em nenhum momento a identidade das pessoas será revelada. Por outro lado, o servidor desta plataforma está num lugar seguro, a que todas as redações estão ligadas. O servidor evita interferências de Governos e outras instituições que procurem estes documentos.

DW África: As pessoas correm riscos de vários tipos. O que é preciso ter em conta antes de divulgarem documentos confidenciais?

LN: As pessoas vão manter o cuidado tradicional de não quererem que os seus nomes apareçam. Os documentos que são enviados para esta plataforma também têm um determinado prazo de vida. Passado esse prazo, a identidade dessas pessoas migra para um arquivo, que nunca estará online.

DW África: Quem envia os documentos e informação também tem a possibilidade de escolher qual das organizações do afriLeaks deve investigar este tema. Já receberam documentos sobre Moçambique, por exemplo?

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LN: Sim, já estamos a trabalhar neles. As denúncias precedem as investigações. Trazem alguns factos, mas depois é preciso um trabalho de fundo para aferir a veracidade destes documentos.

DW África: Este tipo de projeto encoraja uma nova cultura de prestação de contas e de justiça em África. Acha que o afriLeaks terá o impacto esperado no continente? Acha que este projeto vai funcionar?

LN: Penso que sim. O ambiente em que os meios de comunicação social trabalham varia de país para o país. Por exemplo, a África do Sul é um dos países no continente onde esse ambiente é mais aberto, mais amplo. Muitas das coisas que aparecem nos média da África do Sul acarretam também consequências judiciárias, sobretudo no que diz respeito a má governação e corrupção. É provável que, em Moçambique, abra agora uma nova era, na medida em que, na última legislatura, foi aprovada a lei de acesso à informação, que será a principal plataforma para os jornalistas poderem trabalhar.

DW África: Ou seja, pode-se esperar um aumento da transparência em Moçambique e no próprio continente?

LN: Exatamente. Eu penso que a perspetiva é mesmo essa.

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