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Dhlakama quer ser Presidente do centro e norte de Moçambique

LUSA / jb11 de janeiro de 2015

Segundo notícias da agência Lusa, o líder da RENAMO anunciou a criação de uma república do centro e norte de Moçambique. Apesar da nova república, a RENAMO diz que quer apenas autonomia e não uma divisão do país.

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Afonso Dhlakama (foto de aquivo de outubro de 2014, durante a campanha em Maputo)Foto: picture-alliance/dpa/Antonio Silva

"A RENAMO vai formar os governos provinciais nas seis províncias e eu, Afonso Dhlakama, passarei a ser presidente da república do centro e norte de Moçambique", declarou Afonso Dhlakama, o líder da RENAMO (Resistência Nacional Moçambicana), o maior partido de oposição, num comício perante milhares de pessoas no sábado (10.01) na Beira, província de Sofala. Dhlakama foi largamente aplaudido e disse que considera esta medida como "pacífica e suave" para a atual tensão política do país.

Apesar de nova república no centro e norte, RENAMO diz não querer dividir o país

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O Rio Save visto da Estrada Nacional 1: segundo a proposta de Dhlakama, as províncias a sul do Save seriam governadas pela FRELIMO (o sul fica à esquerda da imagem), e quase todas as províncias a norte do Save pela RENAMOFoto: DW/Johannes Beck

Dhalakama garantiu contudo que, com a formação da república do centro e norte, não quer dividir o país nem dar independência a esta região, mas "autonomia política e económica" das províncias, indicando que não serão necessários passaportes para circular entre a zona sul e o centro e norte de Moçambique.

"Não me venha a FRELIMO dizer que é inconstitucional, porque em nenhuma parte do mundo a Constituição não é emendável. Há democracias no mundo com províncias autónomas", referiu Afonso Dhlakama, exemplificando com a Madeira e os Açores, em Portugal.

Sem adiantar datas, Afonso Dhlakama disse que vai nomear governadores e administradores nas províncias de Sofala, Tete, Zambézia e Manica (centro) e Niassa e Nampula (norte), cedendo a província nortenha de Cabo Delgado, de onde provém o Presidente da República eleito, Filipe Nyusi e as quatro províncias do sul (Inhambane, Gaza, Maputo Província e Maputo Cidade). Nestas cinco províncias, a FRELIMO ganhou as eleições gerais. Portanto, a linha divisória entre o sul governado pela FRELIMO e o centro-norte do país governado pela RENAMO passaria a ser o Rio Save - com a exceção de Cabo Delgado, que fica no extremo norte.

Falhou a proposta do governo de gestão

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Nas cidades do centro e norte, a RENAMO consegue mobilizar mais eleitores do que no sul do país (foto de Nampula)Foto: DW/J. Beck

O líder da RENAMO salientou que a "única política judicialmente funcional" encontrada pelo partido foi a criação da república. Antes da validação dos resultados eleitorais, pelo Conselho Constitucional, a 30 de dezembro, a RENAMO propôs um governo de gestão com a FRELIMO, em resposta a uma alegada fraude eleitoral, e ameaçou criar um executivo próprio caso o partido no poder insistisse na rejeição da ideia.

A FRELIMO rejeitou a proposta de um governo de gestão. Para o Presidente da República cessante e da FRELIMO, Armando Guebuza, aceitar esta exigência seria um desrespeito pelos eleitores e um caminho para a "anarquia".

Moçambique realizou eleições gerais (assembleias provinciais, legislativas e presidenciais) a 15 de outubro, cujos resultados proclamados, e rejeitados pela oposição, dão vitória à FRELIMO e ao seu candidato presidencial Filipe Nyusi, colocando a RENAMO e o seu líder, Afonso Dhlakama em segundo lugar e o MDM (Movimento Democrático de Moçambique) e o seu presidente, Daviz Simango em terceiro.

Dhlakama diz que continua disponível para negociar

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Dhlakama manifestou-se mais uma vez disponível para negociar com o Governo, mas também se classificou como "superior política e militarmente", garantindo que não se irá "ajoelhar perante a FRELIMO" nem recuar e, se for necessário, "governar à força" na república anunciada no sábado.

O líder da RENAMO, que chegou ao comício escoltado por viaturas protocolares da Polícia moçambicana, entre a sua guarda armada, ao largo junto do edifício dos Caminhos de Ferro de Moçambique, avançou que voltará a percorrer as províncias do centro e norte, devendo terminar os encontros com os seus partidários na região sul do país. "O sul não tem culpa, mas é o regime da FRELIMO que tenta fazer da região o seu bastião contra a vontade do povo", sublinhou Afonso Dhlakama.

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Início da campanha da RENAMO para as eleições gerais de 2014 na Gorongosa, Sofala (foto de setembro)Foto: picture-alliance/dpa
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