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Abaixo-assinado para libertar ativistas de Cabinda

Nelson Sul d'Angola (Benguela)20 de abril de 2015

Ativistas dos direitos humanos e personalidades angolanas pedem a libertação imediata de José Mavungo e Arão Tempo, detidos há mais de um mês. As autoridades justificam a detenção com a situação política no enclave.

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Patrulha policial em Cabinda (foto de janeiro de 2009)Foto: picture-alliance/abaca

O ativista dos direitos humanos José Marcos Mavungo e o advogado Arão Bula Tempo são "presos políticos" e devem ser libertados imediatamente, afirma um grupo de defensores dos direitos humanos e personalidades angolanas num abaixo-assinado.

José Mavungo, de 56 anos, e Arão Tempo, de 52 anos, estão detidos em Cabinda desde 14 de março. Eles são acusados de crimes contra a segurança do Estado, na sequência de uma marcha contra a violação dos direitos humanos na província.

O procurador "relacionou a detenção dos ativistas com o contexto político de Cabinda, logo eles devem ser considerados como 'presos políticos'", afirma José Patrocínio, coordenador da Associação OMUNGA e um dos subscritores do abaixo-assinado.

José Patrocinio Angola
José Patrocínio, um dos subscritores do abaixo-assinadoFoto: DW/N. Sul d'Angola

O documento foi também assinado pelo padre Jacinto Pio Wacussanga, uma conhecida figura da Igreja Católica na região sul de Angola. É preciso devolver a dignidade aos cidadãos de Cabinda, afirma.

"Em qualquer parte do mundo, uma manifestação não é um motivo de prisão quando está constitucionalmente consagrada. Mas, infelizmente, ser de Cabinda e levantar o braço significa, aos olhos da política, ser criminoso."

Outros dos subscritores da carta que exige a libertação imediata dos dois ativistas de Cabinda são a antiga vice-ministra da Educação, Alexandra de Victoria Pereira, o diretor da Open Society, Elias Isaac, o Padre Raúl Tati, a presidente da Associação Justiça Paz e Democracia (AJPD), Maria Lúcia da Silveira, a decana da Faculdade de Direito da Universidade Católica de Angola, Margareth Nanga, e o presidente do partido extra-parlamentar Bloco Democrático, Justino Pinto de Andrade.

Cortar "repressão" pela raiz

Vicente Pinto de Andrade é outra figura que manifestou a sua indignação face à detenção dos dois ativistas no enclave de Cabinda. À DW África, o professor universitário disse que também aderiu à iniciativa por considerar que os atos de repressão do regime poderão acarretar problemas mais graves no futuro se não forem estancados o mais depressa possível.

"Todos os cidadãos devem ter a oportunidade de se manifestar pacificamente." Segundo o docente, a História ensinou que, "quanto mais se reprime, mais se criam condições para que as pessoas possam agir de forma violenta."

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Por seu lado, João Pinto, deputado do Movimento Popular de Libertação de Angola MPLA, desvaloriza a iniciativa. "O limite à democracia é a segurança do Estado", avisa. "Na Alemanha, não se pode evocar Hitler, por exemplo. É proibido."

O quarto vice-presidente da bancada parlamentar do partido no poder em Angola prefere não se pronunciar sobre o facto de as autoridades terem justificado a detenção dos dois ativistas alegando a situação política em Cabinda. "Isso é uma questão preventiva. Não posso comentar. O Ministério Público é autónomo e independente", disse.

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