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A guerra sem fim no leste da República Democrática do Congo

Simone Schlindwein / Cristina Krippahl7 de abril de 2014

A partir do leste do Congo, a FDLR, responsável pelo genocídio no país vizinho, continua a tentar atacar o Ruanda e a atormentar a população local congolesa. Para se defenderem, as aldeias congolesas formam milícias.

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Líder da milícia Raia MutombokiFoto: DW/S. Schlindwein

Há vinte anos que reina a guerra no leste da República Democrática do Congo. Em 1994, milhões de ruandeses procuraram refúgio nas florestas do país vizinho. Entre eles estavam também os autores do genocídio no Ruanda: soldados e oficiais do exército hutu.

Desde então a população no leste do Congo não tem paz. Os campos de refugiados continuam cheios até hoje. Só na província do Kivu Norte há mais de um milhão de deslocados. Há famílias que vivem na mais completa miséria há anos, totalmente dependentes da caridade, porque não podem regressar às suas aldeias para trabalhar as terras.

Os congoleses receiam sobretudo a milícia ruandesa hutu Forças Democráticas para a Libertação do Ruanda (FDLR). Nas tentativas constantes de atacar o Ruanda a partir do Congo, esta milícia comete atrocidades também contra a população local.

"A presença da FDLR leva a conflitos armados constantes. Por causa dela voltaram a desertar soldadosdo de Bosco Ntaganda do exército nacional, o que levou a combates”, afirma Jeremi Hangi, porta-voz dos deslocados no campo de Minova, no leste do Congo.
A FDLR tem cerca de mil combatentes, que até hoje protegem cerca de 20 mil refugiados ruandeses, na sua maioria as mulheres e os filhos dos milicianos. A FDLR arroga-se o estatuto de força de proteção.

No entanto, para alimentar os refugiados, procede à pilhagem de aldeias congolesas, confiscando colheitas e expuslando os habitantes das suas terras.

Jeremi Hangi entende portanto que “chegou a altura do Presidente congolês, Joesph Kabila, e o raundês, Paul Kagame, se juntarem para forçar a FDLR a negociar e a regressar ao seu país. Senão os congoleses aqui nunca mais vão poder viver em paz, pois a FDLR está sempre a provocar a guerra".

Milícias do povo em fúria

Os congoleses começam a defender-se da FDLR. Quase todas as aldeias atingidas formaram milícias, chamadas de Raia Mutomboki ou "povo em fúria". O seu líder, Kikuny, é oriundo de uma pequena aldeia por três vezes destruída pela FDLR, em ataques que custaram a vida a muitas pessoas.
Kikuny guarda ainda consigo as caveiras das vítimas. “Mostramos estes despojos à comunidade internacional para que se saiba a verdade. O Presidente Kagame, do Ruanda, também mostrou a todos os visitates do seu país os restos mortais das vítimas do genocídio. Fazemos o mesmo, porque estamos fartos de conversa."

UN Blauhelme kontrollieren Straße nach Kalembe
Capacetes azuis patrulham uma estrada em Kalembe, leste da RDCFoto: DW/S. Schlindwein
FDLR Kämpfer
Combatentes da milícia hutu FDLRFoto: DW/S. Schlindwein

O líder da milícia congolesa desabafa ainda que a comunidade internacional tem que compreender que tem motivos para se revoltarem. "Caso contrário vão-nos matar a todos", conclui.

Mas os Raia Mutomboki também cometem atrocidades, assassinando as mulheres e crianças dos membros da FDLR. Esta encontra-se em fuga, mas ainda não desistiu dos seus propósitos.

A milícia já tentou, por várias vezes, entrar em negociações com o Governo ruandês, mas em vão. Por seu lado, as Nações Unidas desisitiram de convencer a FDLR a entregar voluntariamente as armas. Os capacetes azuis da ONU preparam uma ofensiva militar com a qual pretendem derrotar de vez a FDLR.

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