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História

1991: EUA e URSS assinam acordo histórico para reduzir armas

Robert Burdy (ef)

Em 31 de julho de 1991, as superpotências União Soviética e Estados Unidos assinavam um acordo histórico sobre a redução de armas estratégicas, conhecido como Start.

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Dois homens de paletó e gravata, sentados, usando óculos, sorriem um para o outro
George Bush sênior e Mikhail Gorbachov Foto: Getty Images/AFP/M. Fisher

Era um dia ensolarado de verão em Moscou e o otimismo estava no ar. Milhares de jornalistas procedentes do mundo inteiro encontravam-se na capital russa para fazer a cobertura do encontro de cúpula das duas superpotências. Distensão, democratização, cooperação e desarmamento eram manchetes da imprensa internacional naquele tempo, quando se falava com otimismo sobre uma nova ordem mundial.

No entusiasmo que reinava após a queda da Cortina de Ferro, parecia fazer quase parte do cotidiano a distensão entre as superpotências outrora antagônicas – Estados Unidos e União Soviética. A situação permitia que se festejasse uma abertura histórica.

No dia 31 de julho de 1991, o então chefe de Estado e de Partido da União Soviética, Mikhail Gorbatchov, e o presidente dos Estados na época, Unidos George Bush sênior, assinaram, no Kremlin, o acordo de desarmamento que ficou conhecido como Start, abreviatura em inglês de Strategic Arms Reduction Talks. A palavra-chave era redução, porque até então só se falava em limitação da corrida armamentista. O Start era um sucesso diplomático, que parecia prenunciar o fim da confrontação atômica.

Ogivas nucleares

Pela primeira vez, a espiral do armamentismo se inverteria. Pela primeira vez, haveria redução de armas nucleares. EUA e União Soviética reduziriam o número de suas ogivas nucleares em um terço cada um. Holger Mey, do Instituto de Análises sobre Defesa, de Bonn, se lembra:

"Ao contrário dos acordos anteriores, que previam apenas a limitação dos arsenais estratégicos, o novo estabelecia uma redução de fato e por isso era importante. Os dois lados concordaram em eliminar parte de suas armas porque eram de opinião que possuíam mais que o suficiente e aumentariam a sua segurança se concordassem em reduzir o excedente de sua capacidade para um teto comum".

Mas, de certa forma, o Start ficou superado antes que o acordo fosse ratificado. Seis meses mais tarde, o Departamento de Defesa americano e seu congênere russo já discutiam sobre um acordo subsequente, o Start 2.

Dividendos da paz

Depois do colapso da União Soviética, em dezembro de 1991, a Rússia restou como a única potência nuclear na área do antigo Pacto de Varsóvia. Nessa condição, russos e americanos tinham pressa em embolsar os chamados "dividendos da paz". Acreditava-se na época que os dois lados iriam poupar somas gigantescas de dinheiro se encerrassem a corrida armamentista. O perito em desarmamento Mey opina:

"Havia realmente distensão, o relacionamento era de fato muito cooperativo. De forma que se podia, tranquilamente, negociar a redução de armas e também ter esperança de poder poupar custos, porque se partia do pressuposto de que os termos do Start já correspondiam aos fatos, à realidade política".

Quimera geoestratégica

Foi nesse ponto histórico, no mais tardar, que o Start passou da condição de sucesso diplomático para quimera geoestratégica. Na realidade, não se concretizou a boa vontade expressa no texto do acordo. O controle das medidas de desarmamento tornou-se muito difícil e houve retardamentos.

Grandes acordos de desarmamento, a aplicação do Start, a ratificação do Start 2 e a adaptação do Tratado sobre Mísseis Antibalísticos (ABM) foram usados, de forma crescente, como instrumento de barganha nas negociações para fazer prevalecer outras metas.

Ameaça da Duma

No início de 2001, a câmara baixa do Legislativo russo, a Duma, ameaçou não ratificar o Start 2, caso os Estados Unidos se retirassem do ABM. A ameaça foi vista por peritos como uma farsa, uma vez que a Rússia retardou durante anos a implementação do Start, apesar da ajuda financeira maciça de Washington. E, nessa data, muitos peritos em defesa já consideravam o Start um projeto fracassado há muito tempo.

Em meados de dezembro de 2001, o presidente americano George W. Bush informou oficialmente ao governo russo a saída dos EUA do Tratado sobre Mísseis Antibalísticos, que Washington e Moscou haviam assinado em 1972. Os atentados do 11 de Setembro, em Nova York e Washington, teriam tornado mais urgente a meta dos EUA de construir um novo sistema nacional de defesa antimísseis, o que não seria permitido pelo ABM.

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