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HistóriaAlemanha

1990: Após 40 anos, eleições livres na Alemanha Oriental

Matthias Schmitz (gh)Publicado 18 de março de 2015Última atualização 18 de março de 2019

No dia 18 de março de 1990, alguns meses após a queda do Muro de Berlim, os alemães-orientais participaram pela primeira vez em 40 anos de uma eleição livre.

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Lothar de Maiziere
Lothar de Maiziere Foto: picture-alliance/dpa/T. Wattenberg

Um misto de esperança e decepção pairou sobre as primeiras eleições livres à Câmara do Povo da Alemanha Oriental. Duas semanas antes do pleito, o Partido Social-Democrata (SPD) oriental ainda era claro favorito. O líder do partido, Ibrahim Böhme, mais tarde desmascarado como colaborador do serviço secreto Stasi, já havia até composto o gabinete para o futuro governo.

Mas o resultado oficial desmentiu as pesquisas de opinião. A conservadora Aliança pela Alemanha, criada seis semanas antes da eleição, obteve uma vitória surpreendente, com 48,1% dos votos. Tratava-se de uma aliança entre agremiações novas, como a União Social Alemã e o Avanço Democrático, com a União Democrata Cristã (CDU) oriental. Apesar de haver apoiado o regime socialista durante quatro décadas, a CDU oriental conseguiu conquistar sozinha 41% dos votos. Já o SPD oriental sentiu a falta de apoio até mesmo da classe trabalhadora, obtendo apenas 22% dos votos. Um resultado decepcionante, como admitiu o presidente do SPD ocidental na época, Hans Jochen Vogel.

Segundo Vogel, o resultado certamente refletiu a esperança de muitos alemães-orientais de que as condições de vida melhorariam mais rapidamente se votassem no partido do governo na Alemanha Ocidental. Grandes expectativas foram geradas, sobretudo, em relação à reunificação alemã. O caminho a ser seguido nesse processo foi o assunto mais polêmico da curta, mas acirrada, campanha eleitoral.

"Unificação rápida via adesão"

Os social-democratas do leste alemão defenderam uma unificação nos termos do artigo 146 da Lei Fundamental alemã-ocidental, ou seja, após a aprovação de uma Constituição única. Esta posição, aliada aos questionamentos justos sobre os custos do processo, deu a muitos alemães-orientais a impressão de que os social-democratas não queriam a unificação a curto prazo.

Já os liberais da Aliança dos Liberal-Democratas e a Aliança pela Alemanha seguiram as determinações claras de suas agremiações-irmãs ocidentais. Diante de um cenário internacional incerto, defenderam uma "unificação rápida via adesão" da República Democrática Alemã à República Federal da Alemanha. Essa promessa e a esperança de uma união monetária a toque de caixa foram decisivas para o surpreendente resultado do pleito, que teve uma participação de 93% do eleitorado.

Enquanto o Partido do Socialismo Democrático (PDS), sucessor do Partido Socialista Unitário (SED), outrora partido único comunista da Alemanha Oriental, obteve 16% dos votos, a Aliança 90 não atingiu sequer 3%. Foi uma derrota amarga justamente para o movimento de defesa dos direitos humanos que, em 1989, iniciara os protestos pela derrubada do Muro de Berlim e preparara o fim do regime socialista.

"Administrador de massa falida"

O novo chefe de governo da RDA, Lothar de Maizière, considerava-se "mais administrador de massa falida do que chefe de governo". Devido à falta de experiência, seus ministros e os 400 deputados da Câmara eram comparados a um "grupo de teatro amador". Uma comparação injusta, pois, em seis meses, aprovaram 164 leis e 93 resoluções, encaminharam a formação dos estados e análise do espólio do Stasi.

Além disso, foi consumada a união monetária e assinado o Tratado 2+4, que garantiu soberania plena à Alemanha unificada. Depois de aprovar toda a legislação relativa à reunificação, a Câmara do Povo se dissolveu a 2 de outubro de 1990. No dia seguinte, nasceu a nova República Federal da Alemanha.