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História

1989: É criado o sindicato alemão IG Medien

Bernd Wegmeyer (gh)

Em 15 de abril de 1989, criava-se o poderoso IG Medien, a partir da fusão de vários sindicatos de menor porte. Em abril de 2001, ele se fundiria com outros quatro sindicatos para formar o Verdi.

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Martin Walser
Martin WalserFoto: picture-alliance/dpa/P.Seeger

Na década de 1970, muitos intelectuais alemães sonhavam com uma entidade sindical forte na área da cultura, que fosse capaz de enfrentar o poder das multinacionais das comunicações.

O romancista Martin Walser propôs, durante um congresso de escritores em Stuttgart, em 1970, a criação de um "sindicato da indústria cultural". Dois anos depois, a DGB (Confederação Alemã de Sindicatos) incluiu a ideia em sua estratégia política. A base da nova organização deveria ser formada por trabalhadores da indústria gráfica, associações de artistas, jornalistas e escritores.

A realização desse sonho, porém, foi difícil. Os críticos do projeto temiam que "apenas a locomotiva chegaria ao destino; os vagões se perderiam no caminho". Inicialmente, o chamado Sindicato da Indústria da Mídia, Gráfica, Papel, Publicidade e Arte arrebanhou 180 mil sócios de onze grupos profissionais. Tratava-se da primeira fusão na história da DGB.

Algumas entidades abandonaram o barco ainda na fase de negociações. Foi o caso, por exemplo, da Associação dos Jornalistas Alemães (DJV) – com seus 16 mil associados –, que não chegou a um entendimento com os gráficos. Bem mais espetaculares, porém, foram as discussões entre os escritores, dos quais 1.400 (entre alguns dos mais famosos da literatura alemã) haviam ingressado no sindicato dos gráficos em 1974.

Quanto mais se aproximava a criação do IG Medien, com a apresentação de propostas concretas para o estatuto da entidade, mais a desejada "unidade dos individualistas" dava a impressão de estar sendo forçada por poderosas lideranças sindicais. No outono europeu de 1987, a "ala dos receosos" assumiu a direção da associação dos escritores e complicou as negociações.

Desta forma, os escritores arrancaram o direito de, "a qualquer momento, se posicionarem a respeito de assuntos política e socialmente relevantes, através de manifestos, resoluções e eventos". Insatisfeitos com o alcance dessa ressalva, um grupo de 80 autores liderados por Anna Jonas e Günter Grass abandonou a entidade.

Outros escritores de renome, como Martin Walser, sempre acreditaram no projeto. Na avaliação de Walser, o caminho rumo ao sindicato dos trabalhadores em meios de comunicação foi marcado por desistências e temores. O estardalhaço com que alguns escritores abandonavam sua entidade de classe contrastava com o silêncio do período em que haviam sido sócios.

"Não conheço forma melhor de representar os interesses dos trabalhadores da área da cultura, numa época em que o poder é exercido, sobretudo, por meio da influência. Deveríamos dizer claramente a todos que não estamos interessados na consolidação do poder e, sim, na criação de um antipoder", disse.

O problema da contribuição

Mas antes da consolidação definitiva desse antipoder foi necessário superar outro obstáculo: a controvertida questão da contribuição sindical única. Os 20 mil sindicalizados da área de rádio, TV e cinema – maior grupo dos trabalhadores do campo artístico – repassavam 0,8% do salário bruto à sua entidade de classe. Eles não admitiam um aumento desse índice para 1,2%, que era a taxa paga pelos gráficos. Chegou-se, porém, ao consenso de equiparar gradativamente os dois índices.

Os últimos detalhes da nova organização sindical foram negociados no centro de convenções de Hamburgo, em abril de 1989. O sindicato dos gráficos se autodissolveu sem problemas, enquanto os representantes dos trabalhadores de rádio, televisão e cinema ainda tiveram longas discussões sobre seu futuro sindical. Eles temiam, principalmente, ser esmagados pelos gráficos.

Finalmente, em 15 de abril de 1989 foi criado o IG Medien – a primeira união de sindicatos independentes no âmbito da DBG. Doze anos mais tarde, o IG Medien deixou de existir, formando juntamente com outras quatro entidades a maior organização sindical do mundo – o Verdi (abreviatura do nome em alemão Sindicato Unificado do Setor de Serviços).

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